São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 2002

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NO AR

Tudo, menos anjo

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Bastou Ciro anunciar apoio "irrestrito" a Lula -e Garotinho colocou de lado as exigências para dar apoio sem "condicionantes".
E disse que, como o problema eram os petistas do Rio, vai montar um palanque do PSB só para fazer a campanha de Lula. Dele, na Globo:
- Nós organizaremos nossos comícios.
Não foi assim que começou o dia, para o PSB. A Globo dizia de manhã que, "ao contrário de Ciro Gomes, Garotinho impõe condições". E que "emissários" de José Serra já conversavam com ele.
Ao que parece, aos poucos a coisa mudou também porque socialistas como Ronaldo Lessa, de Alagoas, saíram em apoio ao petista.
No fim do dia, o presidente do PSB, Miguel Arraes, irritado, prometia "não fazer barganha nenhuma".
O âncora Boris Casoy, diante dos movimentos de Lula e José Serra por apoio, comentou, em relação aos cortejados que criam dificuldades para vender facilidades:
- Em política tem de tudo, menos anjo.
Dos dois lados. Como notou a Globo, o tucano passou o dia cercando aqueles que o apóiam com dificuldade:
- Se no primeiro turno o PSDB tolerou que alguns fossem discretos, o jogo agora é outro. Aécio e Tasso Jereissati terão que ser enfáticos.
Tasso bem que vem tentando. Mas Aécio Neves dizia ontem que fará no segundo o que fez no primeiro turno -apoiar Serra. Não comentou a pouca ênfase do apoio.
Pelo contrário, saiu dizendo, entre outras coisas, como é bom ter dois candidatos "inatacáveis do ponto de vista moral". Quer dizer, elogiou Lula.
No PMDB foi bem pior. Michel Temer, o governista presidente do partido, tratava abertamente dos dissidentes na televisão -casos de Roberto Requião no Paraná e de Roberto Paulino na Paraíba.
Declarou aos telejornais que vai falar com todos e propor "neutralidade". Do catarinense Luiz Henrique, não vai pedir nem isso.
Num momento de revelação dos "anjos", o PFL não poderia ficar de fora.
Marco Maciel arrancou uma recomendação de apoio a Serra, respeitadas as "peculiaridades estaduais", mas a cobertura só parecia trazer "peculiaridades", mais e mais.
O pefelista Clésio Andrade, eleito vice de Aécio, anunciou voto em Lula. Roseana Sarney reafirmou o seu. O presidente do partido, Jorge Bornhausen, se negou a dizer em quem deverá votar. Só queria saber de "voltar a Santa Catarina".
Para o tucano, no PFL como no PPB, restou pouco a somar. Até pelo contrário. O presidente do PT já se aproveitava ontem, na Globo:
- José Serra é o candidato do continuísmo. O apoio do PFL só reforça isso.


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