São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 2002

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Após dia de reviravoltas, tribunal maranhense anula votos de Ricardo Murad, o que dá a José Reinaldo Tavares a vitória já no primeiro turno, mas Jackson Lago, o segundo colocado, deve recorrer ao TSE

TRE reelege pefelista e cria confusão no Maranhão

Rafael Bavaresco/"O Imparcial'
Manifestantes entram em confronto com policiais na porta do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão, em São Luís


ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

O Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão decidiu ontem, por quatro votos a dois, anular a votação obtida pelo candidato do PSB ao governo, Ricardo Murad. Com isso, está praticamente assegurada a reeleição, no primeiro turno, de José Reinaldo Tavares (PFL), apoiado pela família Sarney.
Centenas de militantes do PDT protestaram contra a decisão em frente ao TRE. Quando a votação foi concluída houve protestos de militantes também no auditório.
O candidato da Frente Trabalhista, Jackson Lago (PDT), afirmou que vai recorrer da decisão ao Tribunal Superior Eleitoral.
O prazo para recurso, segundo a assessoria do TRE, é de três dias, contados a partir da leitura do resultado, prevista para amanhã.
Com a anulação dos votos obtidos por Murad, Tavares passa de 48,4% para 51,05% dos votos válidos, o que significa vitória no 1º turno. O resultado, no entanto, só será oficializado pelo TRE depois de esgotado o prazo de contestação e do julgamento dos recursos.
O rumo da eleição passou por reviravoltas no correr do dia. Pela manhã, a comissão responsável pela totalização dos votos da eleição -formada pela desembargadora Dulce Clementino, pela juíza federal Rosemary Gonçalves e pelo juiz estadual Ribamar Castro- recomendou a validação dos votos de Murad. A desembargadora votou contra, mas foi vencida.
A proposta da comissão foi submetida ao plenário, em uma das reuniões mais tensas já realizadas naquele tribunal. O Ministério Público Federal seguiu o parecer de validação dos votos, mas a tese foi derrubada no plenário.
Murad perdeu os votos por ser cunhado de Roseana Sarney, que vem de dois mandatos no governo. Como ela não poderia se reeleger e se desincompatibilizou a menos de seis meses da eleição, ele ficou impedido de concorrer.
A confusão que explodiu ontem começou por causa do próprio TRE. Em agosto, o procurador regional eleitoral, Nicolao Dino Costa Neto, pediu a impugnação da candidatura de Murad, mas o tribunal decidiu que ela era válida, por ser o candidato adversário da família Sarney.
O procurador, então, recorreu ao TSE. Faltando 11 para a eleição, o tribunal decidiu, por unanimidade, impugnar a candidatura.
Na antevéspera da eleição, o advogado de Murad, deputado José Antônio Almeida, entrou com recurso no TSE para manter a candidatura até pronunciamento do Supremo Tribunal Federal.
No sábado, quando soube que o Ibope iria divulgar uma pesquisa de intenção de voto que não o incluía, Murad pediu a confirmação de sua candidatura ao TRE, que expediu uma certidão.
Na apuração, viu-se que Tavares venceria em primeiro turno se os votos de Murad fossem anulados. Na segunda-feira, em entrevista coletiva, Tavares afirmou que já havia negociação para Murad retirar o recurso no TSE. No dia seguinte, o advogado dele formalizou a desistência.
Ao examinar o pedido de desistência, o TSE constatou que ele era dispensável, pois no recurso impetrado na sexta-feira faltava uma procuração assinada pelo candidato, o que o invalidava.
O TRE disse que confirmou a candidatura de Murad no sábado porque só ontem recebeu o comunicado oficial do TSE sobre a impugnação da candidatura.


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