São Paulo, terça, 10 de novembro de 1998 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice A CAMINHO DA EXTINÇÃO Madalena Fidelis, 71, faz viagem de 12 horas no trem há 35 anos Baixa procura ameaça última linha de longo percurso de SP
da Reportagem Local Com 176 poltronas vagas para escolher, Madalena Fidelis, 71, acomodou-se junto à janela, do lado que dá para a plataforma, no segundo dos três vagões. Ficou ali, sem vizinhos na fileira de três poltronas, olhando o trem partir, no horário, às 9h35. "Vou a passeio, visitar a minha filha que mora em Iperó (125 km a oeste de São Paulo)", disse Madalena, num tom sem entusiasmo de quem faz a mesma viagem há 35 anos. Madalena, junto com os outros 16 passageiros que tomaram na última sexta-feira o trem São Paulo-Presidente Prudente da antiga Fepasa, fazem parte de um grupo em extinção. É gente que ainda se anima a usar um meio de transporte que está disponível uma vez por dia e resulta numa viagem duas vezes mais demorada que a de ônibus. Na década de 70, a Fepasa chegou a ter 39 trens de passageiros diários cobrindo todos os eixos geográficos de São Paulo e cidades de Estados vizinhos. O trem São Paulo-Presidente Prudente é o que sobrou. Oferece 192 lugares, um carro-restaurante e faz a viagem completa em 15 horas. A passagem custa R$ 29,50, um pouco menos que a da viagem de ônibus: R$ 37,64 para sete horas na estrada. Dificilmente o trem São Paulo-Presidente Prudente será mantido depois da privatização da Malha Paulista. O ministro Eliseu Padilha avisa: "O que for viável economicamente será mantido." Com menos de 10% de ocupação de assentos em média por dia, parece não ser o caso do último trem paulista de passageiros de longo percurso. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice |
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