São Paulo, quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

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JANIO DE FREITAS

O mau silêncio

Falta de clareza de programas de ação de Aldo e Chinaglia denuncia a convivência com o que a opinião pública repele

A PROPOSTA DOS deputados defensores de uma candidatura alternativa à presidência da Câmara, no sentido de que os já lançados candidatos Aldo Rebelo e Arlindo Chinaglia debatam com um terceiro os respectivos programas de ação, hoje em dia não é mais uma questão apenas parlamentar. Tem relação direta com a opinião pública exaltada pela degradação da moralidade e do papel institucional da Câmara e, por extensão, do Poder Legislativo. Está muito distante o tempo em que a disputa da presidência era questão apenas política, entre bancadas, e de menor ou maior oposição aos governos.
Arlindo Chinaglia e Aldo Rebelo não se deram ao trabalho mínimo de expor, nem mesmo para os deputados em geral, que ações e preocupações caracterizariam sua presidência. A sensibilidade da maioria para alguns assuntos, como a elevação dos vencimentos, e do governo, para a tolerância com a enxurrada de medidas provisórias, explicam a fuga de Rebelo e Chinaglia a definições que implicam menos ou mais apoios. Mas a falta de clareza já denuncia a convivência com o que a opinião pública repele.
O grupo da candidatura alternativa espera ter hoje um nome a apresentar como terceiro candidato. Ainda que não o tenha, e eventualmente se faça representar por um debatedor não-candidato, insistir no debate é dificultar artimanhas contra a opinião pública e a continuada degradação do Congresso.

Perfurações
A estatização dos setores de energia anunciada por Hugo Chávez levou o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, a uma resposta esquisita sobre o futuro da empresa na Venezuela: "Não existe petróleo em lugar calmo no mundo". Como o governo Lula alardeia até a (inverdadeira) auto-suficiência brasileira em petróleo, o petista e citado futuro ministro Gabrielli falou também do Brasil. Se movido por informações ou previsões, eis a questão.
Em termos históricos, poderia até dizer que "não existe calma onde há petróleo". A história das descobertas e explorações petrolíferas, em torno do planeta, é uma triste história de guerras, de intervenções golpistas e de crimes a granel.
Surpreendente foi a reação do governo dos Estados Unidos. Não só por transparecer aceitação conformada da atitude do adversário Chávez, senão também como se adotasse o óbvio apenas para dizer alguma coisa. É claro que os acionistas americanos esperam "ver-se indenizados" pelo que seja estatizado.
Por quanto tempo, não se pre- vê. Mas já se pode dizer que o governo Bush teve um momento de civilidade.

Enrolados
Se der em nada, terá apenas cumprido a regra. Faz muito sentido, porém, o propósito do PSOL de requerer que o Conselho de Ética examine os casos dos eleitos e reeleitos, para a Câmara, ainda pendurados em processos dos escândalos recentes.


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