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JANIO DE FREITAS
O mau silêncio
Falta de clareza de programas de ação de Aldo e Chinaglia denuncia a convivência com o que a opinião pública repele
A PROPOSTA DOS deputados defensores de uma candidatura
alternativa à presidência da
Câmara, no sentido de que os já lançados candidatos Aldo Rebelo e Arlindo Chinaglia debatam com um
terceiro os respectivos programas
de ação, hoje em dia não é mais uma
questão apenas parlamentar. Tem
relação direta com a opinião pública
exaltada pela degradação da moralidade e do papel institucional da Câmara e, por extensão, do Poder Legislativo. Está muito distante o tempo em que a disputa da presidência
era questão apenas política, entre
bancadas, e de menor ou maior oposição aos governos.
Arlindo Chinaglia e Aldo Rebelo
não se deram ao trabalho mínimo de
expor, nem mesmo para os deputados em geral, que ações e preocupações caracterizariam sua presidência. A sensibilidade da maioria para
alguns assuntos, como a elevação
dos vencimentos, e do governo, para
a tolerância com a enxurrada de medidas provisórias, explicam a fuga de
Rebelo e Chinaglia a definições que
implicam menos ou mais apoios.
Mas a falta de clareza já denuncia a
convivência com o que a opinião pública repele.
O grupo da candidatura alternativa espera ter hoje um nome a apresentar como terceiro candidato.
Ainda que não o tenha, e eventualmente se faça representar por um
debatedor não-candidato, insistir
no debate é dificultar artimanhas
contra a opinião pública e a continuada degradação do Congresso.
Perfurações
A estatização dos setores de
energia anunciada por Hugo Chávez levou o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, a uma
resposta esquisita sobre o futuro da
empresa na Venezuela: "Não existe
petróleo em lugar calmo no mundo". Como o governo Lula alardeia
até a (inverdadeira) auto-suficiência brasileira em petróleo, o petista
e citado futuro ministro Gabrielli
falou também do Brasil. Se movido
por informações ou previsões, eis a
questão.
Em termos históricos, poderia
até dizer que "não existe calma
onde há petróleo". A história
das descobertas e explorações
petrolíferas, em torno do planeta,
é uma triste história de guerras, de
intervenções golpistas e de crimes
a granel.
Surpreendente foi a reação do
governo dos Estados Unidos. Não
só por transparecer aceitação
conformada da atitude do adversário Chávez, senão também como
se adotasse o óbvio apenas para
dizer alguma coisa. É claro que os
acionistas americanos esperam
"ver-se indenizados" pelo que seja
estatizado.
Por quanto tempo, não se pre-
vê. Mas já se pode dizer que o
governo Bush teve um momento
de civilidade.
Enrolados
Se der em nada, terá apenas cumprido a regra. Faz muito sentido,
porém, o propósito do PSOL de requerer que o Conselho de Ética
examine os casos dos eleitos e reeleitos, para a Câmara, ainda pendurados em processos dos escândalos
recentes.
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