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Processos da Condor vão continuar, diz procurador
Capaldo afirma que julgamento será feito à revelia
DA REDAÇÃO
O procurador italiano Giancarlo Capaldo é responsável pelo pedido de extradição de 139
pessoas acusadas de envolvimento com a Operação Condor
às vésperas do Natal passado.
Uma declaração dada ontem
mostra que ele não está muito
convicto de que o pedido será
aceito pelos países.
Ele afirmou que o processo
pode continuar mesmo que Argentina, Bolívia, Brasil, Chile,
Paraguai e Uruguai não entreguem as autoridades que teriam se envolvido com a iniciativa. A Condor uniu ditaduras
do Cone Sul a partir de meados
da década de 70 para perseguir
e eliminar opositores. A Itália
permite condenação à revelia.
"As famílias das vítimas que
não obtiveram justiça tiveram
de vir até nós porque em seus
países não houve processo para
apurar esses fatos", disse Capaldo. "Mesmo depois de tantos anos, há necessidade de se
fazer justiça."
Entraves legais impedem
que Uruguai, Argentina, Paraguai, Peru e Chile, além do Brasil, enviem os acusados ao país
europeu pelos mais diversos
motivos: os crimes não podem
mais ser levados a julgamento
ou não é permitida a extradição
de cidadãos a outro país.
Em compensação, há precedente para a assertiva de ontem
do procurador. Em março do
ano passado, a Justiça italiana
condenou à revelia cinco militares argentinos. Eles foram
declarados culpados por crimes
contra a humanidade cometidos contra italianos que foram
vistos pela última vez na Esma
(Escola de Mecânica da Marinha), maior centro ilegal de detenção na Argentina durante a
ditadura no país (1976-1983).
O Brasil tem 11 pessoas na lista da Justiça italiana, quatro já
mortas. Eles são acusados pelos
desaparecimentos dos ítalo-argentinos Horacio Domingo
Campiglia e Lorenzo Ismael Viñas em 1980.
Capaldo afirma que tem
mantido contatos informais
com juízes do Cone Sul e de outros países da Europa que procuraram processar os envolvidos com a Condor. "Eu espero
que haja colaboração, porque
isso ajudará a opinião pública
mundial a entender o que aconteceu naqueles anos", afirmou
o procurador.
Entre os dispostos a colaborar está o juiz espanhol Baltasar Garzón. Ele investiga a Operação Condor há alguns anos,
obteve provas novas e confissões de militares sobre a ação e
tornou-se conhecido internacionalmente no processo aberto contra o ditador chileno Augusto Pinochet.
Com agências internacionais
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