São Paulo, quarta-feira, 11 de fevereiro de 2004

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DANÇA DOS MINISTROS

Situação do ministro, que só sairia em abril, piorou por problemas internos; PL articula substitutos

Presidente apressará demissão de Adauto

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro dos Transportes, Anderson Adauto, vai sair do posto antes do início de abril -prazo-limite para quem ocupa cargo executivo deixar a função a fim de disputar a eleição municipal de outubro deste ano.
A Folha apurou que o vice-presidente da República, José Alencar, padrinho de Adauto, já articula o nome de um substituto com o PL, partido de ambos e ao qual coube a pasta dos Transportes na divisão entre os aliados.
Hoje, o mais cotado é o prefeito de Manaus, Alfredo Nascimento, visto no governo e na cúpula do PL como executivo experiente. Nascimento esteve em Brasília ontem. O deputado federal Sandro Mabel (GO) está no páreo. Um terceiro nome pode surgir.
Segundo interlocutores de Alencar, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já acertou com ele trocar o ministro o mais rápido possível. Adauto quase caiu na reforma ministerial. Ficou por pura deferência de Lula a Alencar, que disse que o ministro sairia como incompetente ou suspeito de irregularidades se deixasse o ministério na reforma.
O plano era que Adauto viesse a sair poucos dias antes do prazo de desincompatibilização, argumentando que seria candidato a prefeito de Uberaba (MG). A operação foi combinada a ponto de o ministro da Casa Civil, José Dirceu, dizer publicamente que nenhum ministro seria candidato nas eleições municipais.
Era encenação para tirar a pressão sobre Adauto até a data de sua "demissão a pedido" e uma espécie de saída honrosa para o ministro, o vice e o PL.
Mas escaramuças recentes entre Adauto e membros do próprio ministério o desgastaram. O secretário-executivo da pasta, Keiji Kanashiro, e o diretor-geral do Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes), José Antonio da Silva Coutinho, estão em guerra contra Adauto.
Nos bastidores, bombardeiam o ministro. Independentemente disso, a cúpula do governo considera Adauto um executivo fraco. Essa avaliação, que vem desde o balanço de cem dias de governo, melhorou, mas Lula crê que Adauto perdeu condição política de permanecer ministro.
Ou seja, além do desempenho fraco, o embate com Coutinho e Kanashiro tem paralisado o ministério. Como fez uma reforma para tentar melhorar o gerenciamento do governo, Lula avalia que precisa trocar o ministro.
Adauto tem procurado correligionários em Uberaba para organizar uma última visita à cidade como ministro. A idéia é que Lula participe da visita como gesto final de "prestígio".
Partidários de Adauto dizem, de brincadeira, que ele fará o caminho inverso do ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho. Na transição de governo, Lula foi a Ribeirão Preto (SP) pedir à população que liberasse Palocci, então prefeito da cidade, a virar ministro. Palocci registrara documento em cartório se comprometendo a não sair da prefeitura até 2004, mas teve de quebrar a palavra.


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