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DANÇA DOS MINISTROS
Situação do ministro, que só sairia em abril, piorou por problemas internos; PL articula substitutos
Presidente apressará demissão de Adauto
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro dos Transportes,
Anderson Adauto, vai sair do
posto antes do início de abril
-prazo-limite para quem ocupa
cargo executivo deixar a função a
fim de disputar a eleição municipal de outubro deste ano.
A Folha apurou que o vice-presidente da República, José Alencar, padrinho de Adauto, já articula o nome de um substituto
com o PL, partido de ambos e ao
qual coube a pasta dos Transportes na divisão entre os aliados.
Hoje, o mais cotado é o prefeito
de Manaus, Alfredo Nascimento,
visto no governo e na cúpula do
PL como executivo experiente.
Nascimento esteve em Brasília
ontem. O deputado federal Sandro Mabel (GO) está no páreo.
Um terceiro nome pode surgir.
Segundo interlocutores de
Alencar, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva já acertou com ele
trocar o ministro o mais rápido
possível. Adauto quase caiu na reforma ministerial. Ficou por pura
deferência de Lula a Alencar, que
disse que o ministro sairia como
incompetente ou suspeito de irregularidades se deixasse o ministério na reforma.
O plano era que Adauto viesse a
sair poucos dias antes do prazo de
desincompatibilização, argumentando que seria candidato a prefeito de Uberaba (MG). A operação foi combinada a ponto de o
ministro da Casa Civil, José Dirceu, dizer publicamente que nenhum ministro seria candidato
nas eleições municipais.
Era encenação para tirar a pressão sobre Adauto até a data de sua
"demissão a pedido" e uma espécie de saída honrosa para o ministro, o vice e o PL.
Mas escaramuças recentes entre
Adauto e membros do próprio
ministério o desgastaram. O secretário-executivo da pasta, Keiji
Kanashiro, e o diretor-geral do
Dnit (Departamento Nacional de
Infra-Estrutura de Transportes),
José Antonio da Silva Coutinho,
estão em guerra contra Adauto.
Nos bastidores, bombardeiam o
ministro. Independentemente
disso, a cúpula do governo considera Adauto um executivo fraco.
Essa avaliação, que vem desde o
balanço de cem dias de governo,
melhorou, mas Lula crê que
Adauto perdeu condição política
de permanecer ministro.
Ou seja, além do desempenho
fraco, o embate com Coutinho e
Kanashiro tem paralisado o ministério. Como fez uma reforma
para tentar melhorar o gerenciamento do governo, Lula avalia
que precisa trocar o ministro.
Adauto tem procurado correligionários em Uberaba para organizar uma última visita à cidade
como ministro. A idéia é que Lula
participe da visita como gesto final de "prestígio".
Partidários de Adauto dizem, de
brincadeira, que ele fará o caminho inverso do ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho. Na
transição de governo, Lula foi a
Ribeirão Preto (SP) pedir à população que liberasse Palocci, então
prefeito da cidade, a virar ministro. Palocci registrara documento
em cartório se comprometendo a
não sair da prefeitura até 2004,
mas teve de quebrar a palavra.
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