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Governo teme
repercussão
nas eleições
FERNANDO GODINHO
da Sucursal de Brasília
O governo está preocupado com
a má qualidade dos serviços públicos prestados por empresas privatizadas porque teme uma repercussão negativa nas eleições marcadas para outubro.
Na avaliação de parlamentares e
de técnicos que trabalham nos ministérios responsáveis pela infra-estrutura do país, o eleitor não
votará nos candidatos governistas
se concluir que a privatização piorou a qualidade desses serviços.
O próprio presidente Fernando
Henrique Cardoso, que tentará
sua reeleição, poderá ser prejudicado, pois a privatização é uma
das bandeiras do seu governo.
Os governistas temem que a
oposição utilize a má qualidade
dos serviços públicos privatizados
para criticar os resultados do programa de privatização.
"Os eleitores podem se sentir
prejudicados pela privatização e
reagir contra o governo. O importante é prestar bons serviços ao
consumidor", avalia o deputado
José Carlos Aleluia (PFL-BA), ligado ao senador Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA) e especialista
em temas de infra-estrutura.
"O governo só vai evitar esse
problema se explicar ao eleitor as
vantagens da privatização", afirma o deputado Lima Netto
(PFL-RJ), que presidiu a Companhia Siderúrgica Nacional antes e
após a sua privatização. "Para a
oposição, a má qualidade dos serviços vai ser um prato cheio", diz
José Aníbal (PSDB-SP).
A preocupação do governo se intensificou a partir dos problemas
verificados na Light e na Cerj, concessionárias do setor elétrico vendidas ao setor privado em 1996 e
que atuam no Rio de Janeiro.
Até então, as privatizações ocorridas nos setores siderúrgico e petroquímico não repercutiram no
dia-a-dia dos consumidores. A
privatização no setor elétrico, avalia o governo, tem um impacto
maior no cotidiano dos eleitores.
Essa preocupação foi externada
pelo ministro Sérgio Motta (Comunicações), que criticou a qualidade dos serviços da Cerj e da
Light.
As críticas de Motta geraram um
atrito com o ministro Raimundo
Brito (Minas e Energia), que não
gostou das opiniões do colega sobre sua área.
Superada a polêmica, os aliados
governistas querem evitar a repetição desses problemas, pois a privatização do sistema Telebrás está
marcado para acontecer ainda no
primeiro semestre deste ano.
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