São Paulo, quarta, 11 de fevereiro de 1998

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Governo teme repercussão nas eleições

FERNANDO GODINHO
da Sucursal de Brasília

O governo está preocupado com a má qualidade dos serviços públicos prestados por empresas privatizadas porque teme uma repercussão negativa nas eleições marcadas para outubro.
Na avaliação de parlamentares e de técnicos que trabalham nos ministérios responsáveis pela infra-estrutura do país, o eleitor não votará nos candidatos governistas se concluir que a privatização piorou a qualidade desses serviços.
O próprio presidente Fernando Henrique Cardoso, que tentará sua reeleição, poderá ser prejudicado, pois a privatização é uma das bandeiras do seu governo.
Os governistas temem que a oposição utilize a má qualidade dos serviços públicos privatizados para criticar os resultados do programa de privatização.
"Os eleitores podem se sentir prejudicados pela privatização e reagir contra o governo. O importante é prestar bons serviços ao consumidor", avalia o deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), ligado ao senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e especialista em temas de infra-estrutura.
"O governo só vai evitar esse problema se explicar ao eleitor as vantagens da privatização", afirma o deputado Lima Netto (PFL-RJ), que presidiu a Companhia Siderúrgica Nacional antes e após a sua privatização. "Para a oposição, a má qualidade dos serviços vai ser um prato cheio", diz José Aníbal (PSDB-SP).
A preocupação do governo se intensificou a partir dos problemas verificados na Light e na Cerj, concessionárias do setor elétrico vendidas ao setor privado em 1996 e que atuam no Rio de Janeiro.
Até então, as privatizações ocorridas nos setores siderúrgico e petroquímico não repercutiram no dia-a-dia dos consumidores. A privatização no setor elétrico, avalia o governo, tem um impacto maior no cotidiano dos eleitores.
Essa preocupação foi externada pelo ministro Sérgio Motta (Comunicações), que criticou a qualidade dos serviços da Cerj e da Light.
As críticas de Motta geraram um atrito com o ministro Raimundo Brito (Minas e Energia), que não gostou das opiniões do colega sobre sua área.
Superada a polêmica, os aliados governistas querem evitar a repetição desses problemas, pois a privatização do sistema Telebrás está marcado para acontecer ainda no primeiro semestre deste ano.



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