São Paulo, domingo, 11 de abril de 1999

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MISTÉRIO EM ALAGOAS
Em 14 dias, duas pessoas ligadas a PC Farias foram mortas; sargento foi assassinado na Semana Santa
Polícia apura morte de segurança de PC

da Agência Folha, em Maceió


Em 14 dias, duas pessoas ligadas às mortes do empresário Paulo César Farias, o PC, e de sua namorada Suzana Marcolino foram assassinadas em Alagoas. O terceiro sargento da Polícia Militar de Alagoas, Rinaldo da Silva Lima, que trabalhava como segurança de PC na madrugada em que ocorreu o crime, em 96, foi assassinado no último dia 2.
O fazendeiro José Dantas Rodrigues, pai de Cláudia Dantas, suposta última paixão de PC, já havia sido assassinado em uma emboscada no dia 19 de março, em Jaramataia (AL).
A morte do sargento ocorreu depois do anúncio da retomada da apuração do caso PC, após a publicação de reportagem da Folha que derrubou o laudo preparado pelo legista Fortunato Badan Palhares, para quem PC foi morto pela namorada, que, em seguida, teria se suicidado.
A reportagem mostrou que Suzana era menor que PC, ao contrário do que afirmou Badan em seu laudo. A informação inviabiliza os cálculos da trajetória da bala que matou Suzana e que sustentaram a tese de suicídio.
O secretário da Segurança de Alagoas, Edmilson Miranda, afirmou ontem que a polícia do Estado investiga uma possível ligação entre o assassinato do sargento da PM e as mortes de PC e Suzana.
"Estamos levantando todas a vertentes do crime envolvendo o sargento Lima, pois é curioso o fato de ele ter sido assassinado dias antes de prestar um novo depoimento sobre o caso PC", afirmou o secretário da Segurança.
A polícia alagoana trabalha com a hipótese de que Lima possa ter sido morto para não revelar detalhes até agora desconhecidos sobre a morte de PC.
Para o promotor Luiz Vanconcelos, que, no início da semana passada, determinou novas investigações sobre as mortes de PC e de Suzana, o assassinato do sargento prejudica as investigações.
Lima era irmão de outro PM, Reinaldo Correia de Lima Filho, homem da equipe de segurança em quem PC depositava mais confiança. Reinaldo -que ainda trabalha com a família e é responsável pela segurança de Ingrid e Paulo Farias, filhos do empresário- também estava de plantão na noite do crime.
Reinaldo Lima afirmou que a morte de seu irmão foi provocada por um ato de "violência urbana".
Segundo ele, seu irmão era convocado para trabalhar na segurança de PC apenas quando os filhos do empresário retornavam da Suíça, onde estudavam.
"A morte do meu irmão não tem nada a ver com o assassinato do doutor Paulo. Estão querendo encontrar chifre na cabeça de galinha. Meu irmão saiu de casa com o cunhado dele para beber e se desentendeu com uns maloqueiros, que acabaram matando-o. Meu irmão não estava na casa no dia do crime. Nem passou por lá", declarou Reinaldo.
Rinaldo Lima foi morto com três tiros nas costas na tarde da última Sexta-Feira Santa, quando se deslocava, a pé, com o cunhado Nilton Souza, para a casa de uma irmã.
Segundo a polícia, na calçada da rua Nova Esperança, no Conjunto Joaquim Leão, na periferia de Maceió (AL), Lima e o cunhado teriam se desentendido com um grupo de cinco homens que bebiam em uma esquina.
O sargento Rinaldo Lima acompanhava Paulo Farias, filho de PC, na noite do dia 22 de junho de 96, noite do crime, em um forró de festa junina. A Promotoria de Alagoas já detectou várias ligações feitas a partir do celular que era usado pelo sargento para a casa de praia onde os corpos de PC e Marcolino foram encontrados.
Durante a nova fase de investigações, serão reinterrogados todos os seguranças e moradores da casa de praia de PC, assim como, o irmão do empresário, o deputado Federal Augusto Farias (PPB).
O secretário da Segurança afirmou que designará um novo delegado para o caso. Ele pensa na possibilidade de colocar dois delegados para reforçar as investigações. A definição só sai amanhã.



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