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Vice da BM&F nega favorecimento
VANESSA ADACHI
da Reportagem Local
O vice-presidente do conselho da
BM&F (Bolsa de Mercadorias &
Futuros), Ney Castro Alves, nega
que tenha havido qualquer interferência sua ou em seu favor para
que o Banco Central socorresse o
Banco Marka. A corretora Marka
era cliente da Theca Corretora, da
qual Castro Alves é proprietário e
presidente.
De acordo com Alves, em nenhum momento durante a crise
cambial de janeiro ele tomou conhecimento da carta que a BM&F
enviou ao BC alertando para os riscos de inadimplência de algumas
instituições e de uma crise sistêmica no mercado financeiro.
A Theca fazia a compensação das
operações da Marka na Bolsa, ou
seja, era ela a responsável pelo
acerto financeiro.
Ao socorrer o Marka, consequentemente, o BC também evitou
que a Theca corresse o risco de ter
de honrar dívidas deixadas pelo
banco e sua corretora na Bolsa.
"Eu, e mesmo o Manuel (Manuel
Felix Cintra Neto, presidente da
BM&F), só soubemos da existência da carta depois, quando isso
começou a ser mencionado na imprensa", diz.
Segundo Alves, ele não estava no
Brasil durante a desvalorização e
os dias que se seguiram. "Estava
nos Estados Unidos de 9 a 25 de janeiro, e de lá não falei com a Bolsa", declara. O vice-presidente do
conselho da Bolsa também descarta a possibilidade de outros sócios
ou funcionários da Theca terem
agido em seu nome enquanto estava fora.
²
Área técnica
Alves afirma que apenas a área
técnica da Bolsa, que fica a cargo
da superintendência geral, tem
acesso às informações das posições dos clientes e das corretoras.
"O conselho não tem acesso, nem
mesmo o presidente."
O conselho da Bolsa é formado
por representantes de corretoras,
que são eleitos para os cargos.
"Como membros do mercado,
não podemos saber dessas coisas.
Imagine, se nós soubéssemos da
posição das outras corretoras, seria informação privilegiada", afirma Alves.
Coube à área técnica também, segundo ele, o entendimento com o
Banco Central durante a crise.
"Achar que o BC tomaria a decisão para salvar a Theca é um exagero fantástico. As razões eram
muito mais profundas. Mas eu
compreendo que sempre há uma
visão política das coisas. Se eu não
tivesse sido reeleito para o cargo de
vice-presidente no ano passado,
não haveria esse problema agora."
Alves declara que, perante a Theca, a corretora Marka nunca esteve
inadimplente.
"Onde ela obteve os recursos é algo que escapa da nossa atividade.
Só vim a saber do risco de inadimplência a posteriori."
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