São Paulo, domingo, 11 de abril de 1999

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Vice da BM&F nega favorecimento

VANESSA ADACHI
da Reportagem Local

O vice-presidente do conselho da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), Ney Castro Alves, nega que tenha havido qualquer interferência sua ou em seu favor para que o Banco Central socorresse o Banco Marka. A corretora Marka era cliente da Theca Corretora, da qual Castro Alves é proprietário e presidente.
De acordo com Alves, em nenhum momento durante a crise cambial de janeiro ele tomou conhecimento da carta que a BM&F enviou ao BC alertando para os riscos de inadimplência de algumas instituições e de uma crise sistêmica no mercado financeiro.
A Theca fazia a compensação das operações da Marka na Bolsa, ou seja, era ela a responsável pelo acerto financeiro.
Ao socorrer o Marka, consequentemente, o BC também evitou que a Theca corresse o risco de ter de honrar dívidas deixadas pelo banco e sua corretora na Bolsa.
"Eu, e mesmo o Manuel (Manuel Felix Cintra Neto, presidente da BM&F), só soubemos da existência da carta depois, quando isso começou a ser mencionado na imprensa", diz.
Segundo Alves, ele não estava no Brasil durante a desvalorização e os dias que se seguiram. "Estava nos Estados Unidos de 9 a 25 de janeiro, e de lá não falei com a Bolsa", declara. O vice-presidente do conselho da Bolsa também descarta a possibilidade de outros sócios ou funcionários da Theca terem agido em seu nome enquanto estava fora.
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Área técnica Alves afirma que apenas a área técnica da Bolsa, que fica a cargo da superintendência geral, tem acesso às informações das posições dos clientes e das corretoras. "O conselho não tem acesso, nem mesmo o presidente."
O conselho da Bolsa é formado por representantes de corretoras, que são eleitos para os cargos.
"Como membros do mercado, não podemos saber dessas coisas. Imagine, se nós soubéssemos da posição das outras corretoras, seria informação privilegiada", afirma Alves.
Coube à área técnica também, segundo ele, o entendimento com o Banco Central durante a crise.
"Achar que o BC tomaria a decisão para salvar a Theca é um exagero fantástico. As razões eram muito mais profundas. Mas eu compreendo que sempre há uma visão política das coisas. Se eu não tivesse sido reeleito para o cargo de vice-presidente no ano passado, não haveria esse problema agora."
Alves declara que, perante a Theca, a corretora Marka nunca esteve inadimplente.
"Onde ela obteve os recursos é algo que escapa da nossa atividade. Só vim a saber do risco de inadimplência a posteriori."



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