São Paulo, domingo, 11 de abril de 1999

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CHOQUE ENTRE PODERES
Tuma, cotado para presidir comissão, recebeu R$ 832 mil
Mercado financeiro doou R$ 1,3 mi a membros da CPI

O senador Romeu Tuma (PFL-SP), cotado para ser o presidente da CPI LUCIO VAZ
da Sucursal de Brasília


Instituições financeiras fizeram doações no valor total de R$ 1,33 milhão a quatro senadores que integram a CPI dos Bancos. O senador Romeu Tuma (PFL-SP), que está cotado para ser o presidente da comissão, recebeu o equivalente a R$ 832 mil na eleição de 1994.
O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que inicialmente resistiu à criação da CPI, teve toda a sua campanha eleitoral custeada por instituições financeiras em 1994.
ACM recebeu doações equivalentes a R$ 355 mil dos bancos, sendo R$ 132 mil do Econômico, R$ 98 mil do Real e R$ 94 mil do Itaú. Recebeu mais R$ 31 mil da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. O senador acabou assinando o requerimento que criou a CPI.
O senador Jader Barbalho (PMDB-PA), que propôs a criação da CPI, recebeu o equivalente a R$ 232 mil do grupo BMC (banco, seguradora, distribuidora, promotora de negócios e leasing) na eleição de 1994.
Nas eleições para o governo do Pará, no ano passado, não recebeu doações de bancos. Ele declarou contribuições no valor de R$ 512 mil, sendo R$ 400 mil da Companhia Vale do Rio Doce.
A CPI será instalada na próxima quarta-feira. O PMDB e o PFL estão tendo dificuldades para indicar os cargos a que têm direito, relator e presidente, respectivamente.
Os senadores do PMDB indicados para a CPI resistem em aceitar a função de relator. O PFL ofereceu o cargo de presidente para o PSDB, que o recusou.
Barbalho propôs a criação da CPI, mas rejeitou a ampliação da investigação no Congresso, com a formação de uma CPI mista de deputados e senadores.
O senador Fernando Bezerra (PMDB-RN), um dos membros da CPI, recebeu R$ 250 mil de instituições financeiras nas eleições do ano passado. Isso representa 25% do total das suas doações. Foram R$ 200 mil do Itaú e R$ 50 mil do Unibanco.
Nas eleições de 1994, o senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE) recebeu o equivalente a R$ 260 mil, sendo R$ 104 mil do Itaú, R$ 78 mil do Econômico e R$ 47 mil do Unibanco. As doações dos bancos cobriram 12% da sua campanha.
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Tuma No caso de Tuma, as doações de instituições financeiras cobriram 27,7% dos custos da sua campanha. O maior doador foi o Itaú, com R$ 479 mil, seguido da Bradesco Seguros, com R$ 69 mil. As doações das eleições de 1994 foram atualizadas pelo valor da Ufir.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) declarou doações no valor de apenas R$ 25 mil. A Bolsa de Valores de São Paulo doou R$ 10 mil, e a Bolsa de Mercadorias & Futuros ajudou com mais R$ 10 mil.
A Bolsa de Mercadorias & Futuros, cujas operações serão investigadas, também contribuiu com R$ 25 mil para a campanha de Tuma. A Bolsa de Valores de São Paulo deu mais R$ 25 mil para o senador paulista.
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Pequenas doações Os outros sete membros da CPI dos Bancos não receberam doações de instituições financeiras. O comitê do senador Eduardo Siqueira Campos (PFL-TO) e dos demais candidatos do PFL de Tocantins recebeu doações no valor de R$ 7,39 milhões. Desse total, R$ 7,38 milhões foram doados por empreiteiras. A maior doadora foi a Andrade Gutierrez, com R$ 3,42 milhões, seguida da Norberto Odebrecht, com R$ 2,42 milhões.
O senador José Alencar (PMDB-MG) recebeu doações no valor de R$ 3,91 milhões, sendo que R$ 3,86 milhões foram doados por ele mesmo. Recebeu mais R$ 50 mil da Companhia Brasileira de Metal e Mineração.
As doações para o senador Gilberto Mestrinho (PMDB-AM) partiram principalmente de empresas que têm interesses na Zona Franca de Manaus, como a Brastemp da Amazônia (R$ 40 mil), a Gradiente (R$ 60 mil) e a Semp Toshiba (R$ 20 mil).
O senador Bello Parga (PFL-MA) era suplente do candidato ao Senado Alexandre Costa (PFL-MA) na eleição de 1994. Costa recebeu doações equivalentes a R$ 385 mil. Não recebeu ajuda de bancos.



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