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MÍDIA
Editorial contra CPI do Judiciário desagradou a senador
ACM classifica de "molecagem'
posição de jornal brasiliense
da Sucursal de Brasília
O presidente do Senado, Antonio
Carlos Magalhães (PFL-BA), classificou como "molecagem" a posição do jornal "Correio Braziliense", divulgada em editorial, contra
a CPI do Judiciário.
"Não faça molecagem comigo!
Eu sei reagir. Sei que você está com
o Judiciário porque recebeu uma
indenização milionária", escreveu
ACM em fax enviado ao empresário Paulo Cabral, presidente do
grupo Diários Associados e do jornal "Correio Braziliense". Cabral
preside também a ANJ (Associação Nacional de Jornais).
Em editorial ontem, intitulado
"Vocação Autoritária", o "Correio
Braziliense" atribui a ação de ACM
também ao fato de ter publicado
reportagem sobre 11 parentes do
senador que ocupam cargos públicos na Bahia.
A informação foi revelada pela
Folha na edição de quinta-feira
passada. No dia seguinte, o "Correio" a reproduziu, com as explicações do senador.
O jornal publicou o fax de ACM e
a resposta de sua direção na primeira página da edição de ontem.
"O respeito à instituição que
Vossa Excelência preside, a uma
velha amizade e à educação que recebi de meus pais não permite que
eu responda, nos mesmos termos,
a sua mensagem grosseira, ameaçadora e ofensiva. O comportamento do "Correio Braziliense' não
vai mudar: o jornal continuará a
divulgar, amplamente, tudo sobre
o assunto", respondeu Cabral ao
senador.
Por duas vezes o jornal publicou
editoriais contrários à instalação
da CPI do Judiciário.
A Folha não conseguiu localizar
até o fechamento desta edição o senador Antonio Carlos Magalhães
para que comentasse o episódio.
Leviandade
O editorial de ontem do "Correio
Braziliense" classifica a referência
do presidente do Congresso sobre
a "indenização milionária"
como "leviandade".
Em setembro de 97, o Diários Associados ganhou na Justiça indenização de R$ 220,8 milhões pelo fechamento de uma emissora de TV
em Pernambuco, em 1980, por decisão do então presidente João Batista Figueiredo.
A ação do senador pefelista provocou preocupações sobre o rumo
das investigações da CPI do Judiciário.
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) chegou a divulgar ontem uma
carta aberta: "Não bastasse esse arriscado passo em direção ao imponderável, que vai exigir do Senado Federal o sangue frio e o autocontrole naturais de um exímio
equilibrista, temos agora um novo
salto nessa marcha temerária".
"O senador Antonio Carlos Magalhães não pode e não deve, do alto de sua autoridade, confundir
ressentimentos pessoais com responsabilidades institucionais",
concluiu.
O relator da CPI do Judiciário,
senador Paulo Souto (PFL-BA),
afilhado político de ACM, não quis
comentar o comportamento do
presidente do Senado.
"Não tenho conhecimento e não
sei o que ensejou isso", disse Paulo
Souto.
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