São Paulo, domingo, 11 de abril de 1999

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MÍDIA
Editorial contra CPI do Judiciário desagradou a senador
ACM classifica de "molecagem' posição de jornal brasiliense

da Sucursal de Brasília

O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), classificou como "molecagem" a posição do jornal "Correio Braziliense", divulgada em editorial, contra a CPI do Judiciário.
"Não faça molecagem comigo! Eu sei reagir. Sei que você está com o Judiciário porque recebeu uma indenização milionária", escreveu ACM em fax enviado ao empresário Paulo Cabral, presidente do grupo Diários Associados e do jornal "Correio Braziliense". Cabral preside também a ANJ (Associação Nacional de Jornais).
Em editorial ontem, intitulado "Vocação Autoritária", o "Correio Braziliense" atribui a ação de ACM também ao fato de ter publicado reportagem sobre 11 parentes do senador que ocupam cargos públicos na Bahia.
A informação foi revelada pela Folha na edição de quinta-feira passada. No dia seguinte, o "Correio" a reproduziu, com as explicações do senador.
O jornal publicou o fax de ACM e a resposta de sua direção na primeira página da edição de ontem.
"O respeito à instituição que Vossa Excelência preside, a uma velha amizade e à educação que recebi de meus pais não permite que eu responda, nos mesmos termos, a sua mensagem grosseira, ameaçadora e ofensiva. O comportamento do "Correio Braziliense' não vai mudar: o jornal continuará a divulgar, amplamente, tudo sobre o assunto", respondeu Cabral ao senador.
Por duas vezes o jornal publicou editoriais contrários à instalação da CPI do Judiciário.
A Folha não conseguiu localizar até o fechamento desta edição o senador Antonio Carlos Magalhães para que comentasse o episódio.

Leviandade
O editorial de ontem do "Correio Braziliense" classifica a referência do presidente do Congresso sobre a "indenização milionária"
como "leviandade".
Em setembro de 97, o Diários Associados ganhou na Justiça indenização de R$ 220,8 milhões pelo fechamento de uma emissora de TV em Pernambuco, em 1980, por decisão do então presidente João Batista Figueiredo.
A ação do senador pefelista provocou preocupações sobre o rumo das investigações da CPI do Judiciário.
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) chegou a divulgar ontem uma carta aberta: "Não bastasse esse arriscado passo em direção ao imponderável, que vai exigir do Senado Federal o sangue frio e o autocontrole naturais de um exímio equilibrista, temos agora um novo salto nessa marcha temerária".
"O senador Antonio Carlos Magalhães não pode e não deve, do alto de sua autoridade, confundir ressentimentos pessoais com responsabilidades institucionais", concluiu.
O relator da CPI do Judiciário, senador Paulo Souto (PFL-BA), afilhado político de ACM, não quis comentar o comportamento do presidente do Senado.
"Não tenho conhecimento e não sei o que ensejou isso", disse Paulo Souto.




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