São Paulo, sábado, 11 de maio de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

O objetivo é evitar falas e ações do pré-candidato, considerado impulsivo, que possam prejudicar a campanha

PSB tenta enquadrar ações de Garotinho

MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

Líderes do PSB e estrategistas da campanha do presidenciável Anthony Garotinho tentam convencê-lo a limitar sua fala à apresentação de propostas para o país. Eles acham que Garotinho é muito impulsivo e centralizador, o que o faz ter atitudes prejudiciais à candidatura. O desgaste provocado com a renúncia do vice, Paulo Costa Leite, é um exemplo.
Escolhido por Garotinho, sem consulta ao partido, Costa Leite deveria trazer uma imagem de credibilidade à chapa em função de sua atuação como presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça). A indicação acabou provocando um efeito contrário, após a divulgação de que ele foi funcionário do SNI (Serviço Nacional de Informações) no regime militar.
"Ele [Garotinho" disse que não sabia [do envolvimento de Costa Leite com os militares", mas, de qualquer maneira, o fato de não ter consultado as instâncias partidárias antes de indicar Costa Leite deixou-o vulnerável", disse a deputada Luiza Erundina (SP).
Assessores de Garotinho consideram, porém, que o fato de Costa Leite ter saído do PSB sem atirar no candidato e antes da convenção de junho favorece o pré-candidato. Avaliam que em agosto, quando começa a campanha no rádio e na TV, ninguém mais se lembrará de Costa Leite.
Os estrategistas minimizam a repercussão eleitoral do uso ilegal de material da prestação de contas do governo na campanha. Eles reconhecem o equívoco, mas acreditam que, até agosto, isso também estará esquecido.
Para eles, o caso da aposentadoria especial de R$ 9.600, concedida a Garotinho no último dia de seu governo, é pior do que tudo isso junto. Atinge o eleitorado do Rio, de onde, segundo o Ibope, ele saiu com 88% de aprovação e 41% de intenções de voto. A má repercussão do caso o fez voltar atrás.
A partir deste fim de semana, segundo orientação de assessores, Garotinho não mais se envolverá em discussões com o PT. Caberá ao PSB e à candidata do partido ao governo estadual, Rosângela Matheus (mulher de Garotinho), responder aos ataques petistas.
A nova estratégia já foi usada pela direção estadual do PSB, que publicou ontem no "Jornal do Commercio" extrato das contas do último dia do governo Garotinho, na qual mostra um saldo de R$ 736 milhões. O PT acusa Garotinho de ter deixado um déficit orçamentário de R$ 1 bilhão.
"Não queremos mais bater boca com o PT, até porque esperamos estar unidos no segundo turno", afirma o cientista político Roberto Amaral, responsável pelo programa de governo do PSB.
Há deputados do partido que acham que Garotinho deveria ter assessores para responder a assuntos mais políticos, a exemplo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O problema é a ausência de quadros políticos e técnicos no PSB.
"Lula tem experiência e um programa já construído, ao contrário de nós, que estamos na primeira eleição e ainda não terminamos nossas propostas", diz Amaral.
A falta de programa e a impulsividade de Garotinho o deixa, para assessores, sem linha de campanha definida e o leva a lançar factóides, como a criação do Ministério da Casa Própria e do Proar, plano de ajuda às empresas aéreas nos moldes do Proer (Programa de Reestruturação dos Bancos).



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