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RUMO ÀS ELEIÇÕES
O objetivo é evitar falas e ações do pré-candidato, considerado impulsivo, que possam prejudicar a campanha
PSB tenta enquadrar ações de Garotinho
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
Líderes do PSB e estrategistas da
campanha do presidenciável Anthony Garotinho tentam convencê-lo a limitar sua fala à apresentação de propostas para o país.
Eles acham que Garotinho é muito impulsivo e centralizador, o
que o faz ter atitudes prejudiciais
à candidatura. O desgaste provocado com a renúncia do vice, Paulo Costa Leite, é um exemplo.
Escolhido por Garotinho, sem
consulta ao partido, Costa Leite
deveria trazer uma imagem de
credibilidade à chapa em função
de sua atuação como presidente
do STJ (Superior Tribunal de Justiça). A indicação acabou provocando um efeito contrário, após a
divulgação de que ele foi funcionário do SNI (Serviço Nacional de
Informações) no regime militar.
"Ele [Garotinho" disse que não
sabia [do envolvimento de Costa
Leite com os militares", mas, de
qualquer maneira, o fato de não
ter consultado as instâncias partidárias antes de indicar Costa Leite
deixou-o vulnerável", disse a deputada Luiza Erundina (SP).
Assessores de Garotinho consideram, porém, que o fato de Costa Leite ter saído do PSB sem atirar no candidato e antes da convenção de junho favorece o pré-candidato. Avaliam que em agosto, quando começa a campanha
no rádio e na TV, ninguém mais
se lembrará de Costa Leite.
Os estrategistas minimizam a
repercussão eleitoral do uso ilegal
de material da prestação de contas do governo na campanha. Eles
reconhecem o equívoco, mas
acreditam que, até agosto, isso
também estará esquecido.
Para eles, o caso da aposentadoria especial de R$ 9.600, concedida a Garotinho no último dia de
seu governo, é pior do que tudo
isso junto. Atinge o eleitorado do
Rio, de onde, segundo o Ibope, ele
saiu com 88% de aprovação e 41%
de intenções de voto. A má repercussão do caso o fez voltar atrás.
A partir deste fim de semana,
segundo orientação de assessores,
Garotinho não mais se envolverá
em discussões com o PT. Caberá
ao PSB e à candidata do partido
ao governo estadual, Rosângela
Matheus (mulher de Garotinho),
responder aos ataques petistas.
A nova estratégia já foi usada
pela direção estadual do PSB, que
publicou ontem no "Jornal do
Commercio" extrato das contas
do último dia do governo Garotinho, na qual mostra um saldo de
R$ 736 milhões. O PT acusa Garotinho de ter deixado um déficit orçamentário de R$ 1 bilhão.
"Não queremos mais bater boca
com o PT, até porque esperamos
estar unidos no segundo turno",
afirma o cientista político Roberto Amaral, responsável pelo programa de governo do PSB.
Há deputados do partido que
acham que Garotinho deveria ter
assessores para responder a assuntos mais políticos, a exemplo
de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O problema é a ausência de quadros políticos e técnicos no PSB.
"Lula tem experiência e um programa já construído, ao contrário
de nós, que estamos na primeira
eleição e ainda não terminamos
nossas propostas", diz Amaral.
A falta de programa e a impulsividade de Garotinho o deixa, para
assessores, sem linha de campanha definida e o leva a lançar factóides, como a criação do Ministério da Casa Própria e do Proar,
plano de ajuda às empresas aéreas
nos moldes do Proer (Programa
de Reestruturação dos Bancos).
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