São Paulo, sexta-feira, 11 de maio de 2007

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A visita do papa/análise

Breve, ato inter-religioso frustra religiosos

Participantes destacam, porém, que o encontro foi positivo por evidenciar a importância do "diálogo entre religiões"

Bento 16 cumprimentou um a um os 12 líderes presentes ao evento no mosteiro de São Bento e fez saudação que durou quatro minutos


LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL

O maior e mais representativo encontro do pontificado de Bento 16 com líderes brasileiros e latino-americanos das três grandes religiões monoteístas do mundo durou 25 minutos. Às 12h30, ele falou com cristãos de várias correntes, judeus e muçulmanos.
O encontro, fechado para a imprensa, frustrou os participantes de outras denominações. Diplomaticamente, ninguém reclamou oficialmente à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). "Foi muito positivo. No tocante ao conteúdo, a nossa intenção era diferente", disse o presidente do Conic (Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil), Carlos Möller, pastor luterano.
Walter Altmann, pastor luterano e presidente do CMI (Conselho Mundial de Igrejas), órgão que reúne 350 igrejas ortodoxas, protestantes, evangélicas e, em menor grau, pentecostais, também participou do evento. Segundo ele, "obviamente não houve tempo para discussões mais profundas, mas [o encontro] deu visibilidade à importância do diálogo".
Apesar da representatividade mundial do evento, ele não traduz a realidade brasileira. Judeus, muçulmanos e protestantes históricos representam pouco menos de 10% dos brasileiros. Segundo o Datafolha, 17% se declaram pentecostais.
O papa cumprimentou cada um dos 12 religiosos presentes.
Depois, fez uma saudação de cerca de quatro minutos onde, segundo relato de presentes, destacou a importância do trabalho conjunto das religiões em prol da causa de Deus.
Também estiveram presentes dom Oneris Marchiori, bispo de Lajes, e o padre Marcial Maçaneiro; os cristãos Metropolita Tarassios, da cristã Igreja Ortodoxa Grega; o arcebispo Damaskinos Mansour, da Igreja Ortodoxa Antioquina; o arcebispo Datez Karibian, da Igreja Armênia Apostólica; o bispo Maurício Andrade, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil; o reverendo Manuel de Souza Miranda, da Igreja Presbiteriana Unida; o leigo Antonio Bonzoi, da Igreja Cristã Reformada; o rabino Henry Sobel, da Comunidade Judaica; e o xeque Armando Hussein Saleh, da Comunidade Islâmica.
Segundo Henry Sobel, quando o papa o benzeu, ele pediu para invocar uma bênção judaica. "Ele [Bento 16] deu o sinal da bênção católica, e eu invoquei a bênção dos sacerdotes contida na Torá [livro sagrado do judaísmo]", afirmou.


Colaborou IGOR GIELOW, em São Paulo

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