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A visita do papa/análise
Breve, ato inter-religioso frustra religiosos
Participantes destacam, porém, que o encontro foi positivo por evidenciar a importância do "diálogo entre religiões"
Bento 16 cumprimentou um a um os 12 líderes presentes ao evento no mosteiro de São Bento e fez saudação que durou quatro minutos
LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL
O maior e mais representativo encontro do pontificado de
Bento 16 com líderes brasileiros e latino-americanos das
três grandes religiões monoteístas do mundo durou 25 minutos. Às 12h30, ele falou com
cristãos de várias correntes, judeus e muçulmanos.
O encontro, fechado para a
imprensa, frustrou os participantes de outras denominações. Diplomaticamente, ninguém reclamou oficialmente à
CNBB (Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil). "Foi muito positivo. No tocante ao conteúdo, a nossa intenção era diferente", disse o presidente do
Conic (Conselho Nacional das
Igrejas Cristãs do Brasil), Carlos Möller, pastor luterano.
Walter Altmann, pastor luterano e presidente do CMI
(Conselho Mundial de Igrejas),
órgão que reúne 350 igrejas ortodoxas, protestantes, evangélicas e, em menor grau, pentecostais, também participou do
evento. Segundo ele, "obviamente não houve tempo para
discussões mais profundas,
mas [o encontro] deu visibilidade à importância do diálogo".
Apesar da representatividade mundial do evento, ele não
traduz a realidade brasileira.
Judeus, muçulmanos e protestantes históricos representam
pouco menos de 10% dos brasileiros. Segundo o Datafolha,
17% se declaram pentecostais.
O papa cumprimentou cada
um dos 12 religiosos presentes.
Depois, fez uma saudação de
cerca de quatro minutos onde,
segundo relato de presentes,
destacou a importância do trabalho conjunto das religiões
em prol da causa de Deus.
Também estiveram presentes dom Oneris Marchiori, bispo de Lajes, e o padre Marcial
Maçaneiro; os cristãos Metropolita Tarassios, da cristã Igreja Ortodoxa Grega; o arcebispo
Damaskinos Mansour, da Igreja Ortodoxa Antioquina; o arcebispo Datez Karibian, da Igreja
Armênia Apostólica; o bispo
Maurício Andrade, da Igreja
Episcopal Anglicana do Brasil;
o reverendo Manuel de Souza
Miranda, da Igreja Presbiteriana Unida; o leigo Antonio Bonzoi, da Igreja Cristã Reformada;
o rabino Henry Sobel, da Comunidade Judaica; e o xeque
Armando Hussein Saleh, da
Comunidade Islâmica.
Segundo Henry Sobel, quando o papa o benzeu, ele pediu
para invocar uma bênção judaica. "Ele [Bento 16] deu o sinal
da bênção católica, e eu invoquei a bênção dos sacerdotes
contida na Torá [livro sagrado
do judaísmo]", afirmou.
Colaborou IGOR GIELOW, em São Paulo
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