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CONTRA-REFORMA
Informado da decisão, Dirceu diz que iniciativa não prospera
Emendas petistas propõem alterar "pilares" da reforma
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A bancada de deputados federais do PT decidiu ontem preparar propostas de emendas à reforma da Previdência em pelo menos sete pontos centrais do texto
que tramita no Congresso desde o
final de abril. Informado da decisão -que alteraria significativamente a proposta em caso de
aprovação-, o ministro chefe da
Casa Civil, José Dirceu, coordenador da articulação política do governo, disse a deputados do partido que não há a mínima possibilidade de a idéia prosperar.
Segundo presentes ao encontro
com Dirceu, o ministro afirmou
que seria um erro primário do governo modificar uma proposta
cuidadosamente acordada com
os governadores exclusivamente
baseado em propostas do PT.
O ministro teria dito que é falsa
a idéia de que o governo vai mudar o texto da reforma. O que seria aceito são mudanças residuais,
com a possibilidade de uma ou
outra concessão ao grupo governista do PT, como uma possível
alteração na questão do aumento
da idade mínima para a aposentadoria dos funcionários públicos.
Como a Folha antecipou ontem, Dirceu e Lula estão tentando
dar um basta às manifestações de
oposição ao governo que partem
de petistas na Câmara. No almoço
de ontem -do qual participaram
os deputados José Pimentel (CE),
Maurício Rands (PE), Paulo Pimenta (RS), Paulo Rocha (PA) e
Professor Luizinho (SP)-, Dirceu teria reafirmado a posição.
Durante à noite, ele se reuniria
com os 23 coordenadores da bancada federal do partido para expor a insatisfação do governo.
Sete pontos
A decisão sobre as sete alterações que devem ser propostas à
reforma ocorreu em reunião da
bancada petista ontem de manhã.
As cerca de 160 propostas de
emenda formuladas pelos petistas
foram reunidas em sete blocos e
serão transformadas em emendas, de cinco a 12, de acordo com
o deputado Arlindo Chinaglia
(SP), que coordena o grupo criado para filtrar as emendas.
Os temas da reforma que os petistas querem alterar são: a cobrança de contribuição previdenciária do servidor inativo; o aumento de sete anos na idade mínima para aposentadoria; a forma
de cálculo do benefício; a redução
das pensões para 70% do salário
do servidor; os fundos de Previdência complementar; o teto e os
subtetos salariais; e a Previdência
de categorias especiais. Além disso, há outros pontos que podem
virar emenda.
As emendas petistas têm ainda
que ser aprovadas pela bancada.
"Acho que avançamos no debate.
Vamos enxugar tudo e trazer em
bloco para o debate na bancada",
disse o deputado Durval Orlato
(PT-SP), integrante da comissão.
Apesar da oposição de alguns
petistas, a idéia é obter uma avaliação do governo sobre as sugestões antes de encaminhá-las para
a votação na bancada. "Consultar
o governo antes é ruim, temos
que fazer uma coisa institucional", defendeu o deputado Paulo
Bernardo (PT-PR).
A Folha apurou que a reunião
de ontem simbolizou as divisões
internas da legenda na atuação
Legislativa. O grupo mais à esquerda defendeu a apresentação
de emendas com alterações profundas, enquanto os deputados
mais afinados com o governo defenderam a apresentação do mínimo possível de sugestões. Segundo eles, isso sinalizaria que o
partido melhorou a proposta,
mas está fechado com a condução
política do governo.
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