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São Paulo, quarta-feira, 11 de junho de 2003

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OPERAÇÃO ABAFA

Ministro da Casa Civil desautoriza decisão tomada pela bancada

PT aprova ida de deputados a protesto, mas Dirceu veta

Lula Marques/Folha Imagem
Barracas armadas em frente ao Congresso Nacional à espera da manifestação marcada para hoje contra a reforma da Previdência


DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O protesto dos servidores públicos contra a reforma da Previdência, marcado para hoje em Brasília, gerou um conflito entre a bancada do PT na Câmara dos Deputados e o Palácio do Planalto.
Em reunião pela manhã, os deputados decidiram que iriam ao ato público e que o líder do partido na Casa, Nelson Pellegrino (BA), falaria em nome dos 93 parlamentares petistas. A decisão foi desautorizada pelo ministro José Dirceu (Casa Civil), que a considerou uma afronta ao governo.
Pellegrino participou apenas do começo da reunião porque tinha um encontro com Dirceu no Palácio do Planalto. Ao sair do encontro, porém, ele disse que a proposta já tinha sido feita, na noite anterior, em reunião da coordenação política da bancada na Casa.
Pellegrino disse que não se opunha à idéia, mas a submeteria a Dirceu: "Eu vou falar [na manifestação] que a bancada apóia a reforma da Previdência proposta pelo governo, mas que está tentando aperfeiçoá-la na Câmara".
Quando a reunião terminou, os deputados saíram dizendo que a decisão já tinha sido tomada e que o partido recomendava a participação no protesto, porque seria uma forma de diálogo com os servidores. O deputado Professor Luizinho (PT-SP), vice-líder do governo, presente ao encontro, embasou essas declarações.
O problema é que essa intenção caiu por terra no início da tarde: Pellegrino e Luizinho foram recebidos aos gritos por Dirceu na Casa Civil, que já cobrava explicações sobre a notícia que lia nos sites de notícias, segundo relato de deputados. Ao voltar da reunião com Dirceu, no meio da tarde, Pellegrino disse que a decisão sobre sua participação no ato só sairia à noite, mas já sinalizava que não compareceria à manifestação.
O deputado Professor Luizinho, que também esteve no Planalto, procurou dar outra conotação às declarações feitas pela manhã: "Em momento nenhum o Pellegrino participaria da manifestação. Ele apenas receberia, na porta do Congresso, as propostas de emenda da CUT [Central Única dos Trabalhadores] à reforma".
O suposto discurso de Pellegrino já estava até gerando controvérsias na ala mais à esquerda do partido. "Se eu aprovasse a reforma não estaria propondo emendas", disse o deputado Walter Pinheiro (BA), da tendência de esquerda Democracia Socialista. Pellegrino é da Força Socialista, uma tendência de esquerda minoritária dentro da bancada.
Além dos chamados "radicais", deputados petistas que divulgaram o manifesto "Tomar o Rumo do Crescimento, Já!", criticando as reformas e a política econômica do governo, vão ao ato público e farão discursos, independentemente da decisão da bancada. A senadora Heloísa Helena (PL-AL) também é aguardada no protesto.
Estão sendo esperadas 20 mil pessoas, que se concentrarão às 9h em frente à catedral. A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação promete levar uma caravana com 10 mil pessoas. Os manifestantes sairão às 11h em caminhada até o Congresso. No percurso, parlamentares poderão falar no carro de som.
No Congresso, a CUT deve entregar propostas de emendas à reforma. A comissão organizadora da manifestação será recebida no Planalto pelos ministros José Dirceu, Luiz Dulci (Secretaria Geral) e Ricardo Berzoini (Previdência).


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