São Paulo, Domingo, 11 de Julho de 1999
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Entenda as mudanças no índice

da Reportagem Local

A reformulação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) neste ano afetou o cálculo do índice de renda, medido pelo Produto Interno Bruto (PIB) por habitante. O Brasil foi um dos países mais atingidos.
Pela metodologia antiga, depois que o PIB per capita de um país ultrapassava a média mundial (US$ 5,990,00 em 1995), seu crescimento tinha pouco efeito no índice de renda. Porém, até atingir esse limite, qualquer ganho significava um grande avanço. Foi o que ocorreu com o Brasil em 1995.
O PIB per capita do país chegou a US$ 5.928,00 (apenas US$ 62,00 menos do que o limite), e o seu índice de renda saltou de 0,87 para 0,94 -alavancando o IDH.
No novo método, a mudança é menos abrupta. Mesmo países cujo PIB per capita ultrapassam a média mundial (de US$ 6.332,00 em 1997) vêem seu índice de renda crescer -embora em uma proporção decrescente.
Essa fórmula se baseia no princípio econômico de que, por exemplo, se a renda per capita de Serra Leoa (US$ 410,00) dobrar, seu efeito sobre o bem-estar da população será muito maior do que se o mesmo ocorrer com a de Luxemburgo (US$ 30.863,00).
No caso brasileiro, a mudança metodológica diminuiu o valor do índice de renda de 0,94 para 0,70. Como resultado, o valor do IDH (depois de computados os índices de renda e saúde) ficou menor do que no método antigo.
A mudança no cálculo do IDH não afetou apenas a classificação dos países no ranking deste ano, mas também as do passado.
O Pnud refez a série histórica para permitir comparações desde 1975. Assim, percebe-se que o final da década de 70 foi quando o IDH do Brasil conseguiu crescer mais rapidamente, a uma média de 1,01% ao ano.
Desse modo, o Índice de Desenvolvimento Humano do país saltou de 0,639 para 0,672 entre 1975 e 1980. No quinquênio seguinte, porém, a taxa de crescimento foi a menor dos últimos 25 anos: 0,44% ao ano.
Entre 1985 e 1990, a evolução foi um pouco mais rápida (0,6% ao ano), mas, mesmo assim, a média anual de crescimento do IDH brasileiro durante a chamada "década perdida" foi de apenas 0,52%.
O desempenho do Brasil nos anos 90 tem sido melhor: o desenvolvimento humano cresceu ao ritmo de 0,61% ao ano no país. E está acelerando. De 1995 a 1997, a média anual foi de 0,75%, contra 0,56% entre 1990 e 1995.
Com a nova metodologia, eventuais avanços de renda que forem obtidos pelo país terão mais impacto sobre o IDH do que teriam com o método antigo -pois não fará diferença se o PIB per capita do país ultrapassar o PIB per capita mundial. (JRT)

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