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INVESTIGAÇÃO
Defesa de ex-prefeito comemora decisão de vereadores em SP
Em CPI, Maluf passa de
testemunha a investigado
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-prefeito Paulo Maluf depôs ontem, como investigado, na
CPI da Dívida Pública da Câmara
Municipal de São Paulo. Até então, o ex-prefeito figurava apenas
como testemunha nos trabalhos
que investigam o crescimento de
114% da dívida da prefeitura durante a sua gestão (93-96), segundo os dados da comissão.
Uma manobra da defesa de Maluf fez com que os integrantes da
comissão não tivessem outra opção exceto considerar o ex-prefeito paulistano como investigado.
Ao entrar em plenário, Maluf
leu um texto em que disse recusar
o que chamou de "falsa condição
de testemunha". Sua defesa sustentou que o ex-prefeito havia sido intimado como testemunha,
mas que, em ofício à Justiça, a comissão o tratava como investigado. Após bate-boca entre os vereadores, a comissão votou informalmente por considerar Maluf
como investigado.
A decisão da CPI foi comemorada pelos advogados do ex-prefeito. "O investigado tem um privilégio. Decide o que pode falar e o
que não pode", afirmou o advogado Arnaldo Malheiros Filho.
Como investigado, Maluf não é
obrigado a produzir provas contra ele mesmo. Isso significa que,
se ele não disser a verdade durante o depoimento, não estará cometendo falso testemunho.
A vereadora Ana Martins, que
preside a CPI, trabalha com a hipótese de que o desvio de recursos
que pode ter causado o aumento
da dívida do município abasteceu
a conta mantida pelo ex-prefeito
na ilha de Jersey. A conta foi revelada pela Folha, em junho.
O fato de ter virado investigado
deu a Maluf a possibilidade de se
esquivar das perguntas sobre Jersey. Por mais de 17 vezes, o ex-prefeito respondeu: "Isso não faz
parte do objeto da CPI".
Em apenas uma das respostas,
Maluf fez questão de complementar. A pergunta se referia à matéria publicada em jornal suíço que
afirma que Maluf possui US$ 300
milhões em Jersey. O ex-prefeito
respondeu que, conversando com
um jornalista, chegou à conclusão
que o fato de um jornal de Genebra fazer acusações contra ele seria obra de "um gigolô internacional muito ligado ao PT".
Ontem, Maluf entrou com uma
notícia-crime contra Ana Martins, em que a acusa de abuso de
autoridade e de violação do sigilo
de comunicações telefônicas.
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