São Paulo, terça-feira, 11 de setembro de 2001

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INVESTIGAÇÃO

Defesa de ex-prefeito comemora decisão de vereadores em SP

Em CPI, Maluf passa de testemunha a investigado

DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-prefeito Paulo Maluf depôs ontem, como investigado, na CPI da Dívida Pública da Câmara Municipal de São Paulo. Até então, o ex-prefeito figurava apenas como testemunha nos trabalhos que investigam o crescimento de 114% da dívida da prefeitura durante a sua gestão (93-96), segundo os dados da comissão.
Uma manobra da defesa de Maluf fez com que os integrantes da comissão não tivessem outra opção exceto considerar o ex-prefeito paulistano como investigado.
Ao entrar em plenário, Maluf leu um texto em que disse recusar o que chamou de "falsa condição de testemunha". Sua defesa sustentou que o ex-prefeito havia sido intimado como testemunha, mas que, em ofício à Justiça, a comissão o tratava como investigado. Após bate-boca entre os vereadores, a comissão votou informalmente por considerar Maluf como investigado.
A decisão da CPI foi comemorada pelos advogados do ex-prefeito. "O investigado tem um privilégio. Decide o que pode falar e o que não pode", afirmou o advogado Arnaldo Malheiros Filho.
Como investigado, Maluf não é obrigado a produzir provas contra ele mesmo. Isso significa que, se ele não disser a verdade durante o depoimento, não estará cometendo falso testemunho.
A vereadora Ana Martins, que preside a CPI, trabalha com a hipótese de que o desvio de recursos que pode ter causado o aumento da dívida do município abasteceu a conta mantida pelo ex-prefeito na ilha de Jersey. A conta foi revelada pela Folha, em junho.
O fato de ter virado investigado deu a Maluf a possibilidade de se esquivar das perguntas sobre Jersey. Por mais de 17 vezes, o ex-prefeito respondeu: "Isso não faz parte do objeto da CPI".
Em apenas uma das respostas, Maluf fez questão de complementar. A pergunta se referia à matéria publicada em jornal suíço que afirma que Maluf possui US$ 300 milhões em Jersey. O ex-prefeito respondeu que, conversando com um jornalista, chegou à conclusão que o fato de um jornal de Genebra fazer acusações contra ele seria obra de "um gigolô internacional muito ligado ao PT".
Ontem, Maluf entrou com uma notícia-crime contra Ana Martins, em que a acusa de abuso de autoridade e de violação do sigilo de comunicações telefônicas.



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