|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ROLO TRIBUTÁRIO
Acerto que favorece Aécio e Alckmin passa por 370 votos a 44
Governo fecha acordo e
aprova "emenda tucana"
GUSTAVO PATÚ
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo chegou ontem um
acordo com o PSDB -e, mais
particularmente, com os governadores Geraldo Alckmin (SP) e Aécio Neves (MG)- para a conclusão da votação da reforma tributária em primeiro turno na Câmara dos Deputados. Pelo acordo foram feitas quatro mudanças na
reforma por meio de uma emenda aglutinativa aprovada às 22h55
por 370 a 44 e uma abstenção.
Pelo acerto, que exibiu as diferenças entre tucanos e pefelistas,
foram negociadas regras mais favoráveis a São Paulo e Minas; em
troca, o PSDB, mesmo mantendo
a oposição ao projeto, se comprometeu a não dificultar a votação
com manobras regimentais.
Os tucanos ainda poderão faturar politicamente uma alteração
na reforma que pode beneficiar as
micro e pequenas empresas: a autorização para que seja criada
uma espécie de imposto único nacional sobre o setor, a ser definido
em lei complementar, chamado
de "Super Simples". "Nossa oposição será sempre diferente da
praticada pelo PFL", disse Walter
Feldman (PSDB-SP), o principal
representante de Alckmin nas negociações. A diferença começa
pelos oito governadores tucanos,
interessados nas reformas tributária e da Previdência.
O PFL conta com três governadores, dos quais apenas um, Paulo Souto (BA), de um Estado de
maior peso político e econômico.
Eram justamente os pefelistas
baianos que ainda tentavam um
entendimento com o governo,
preocupados com o impacto da
reforma na receita proveniente da
venda dos carros da fábrica da
Ford instalada no Estado.
Ontem, além da emenda que fez
parte do acordo com o PSDB, o
governo conseguiu derrubar dois
destaques. Por 346 votos a 97 foi
mantida a mudança da cobrança
gradual do ICMS, e por 334 a 82
foi mantida a prorrogação da
CPMF até 2007. A pedido do plenário a sessão foi encerrada à 0h15
sem que todos os destaques tenham sido votados. O governo
pode perder uma semana na tramitação se não conseguir quórum
hoje para concluir a votação.
ICMS no destino
O acordo favorece São Paulo e
Minas de três maneiras ligadas às
novas regras para o ICMS, principal fonte de receita estadual.
Primeiro, foi elevado de três para quatro anos o período de carência que, pelo projeto, antecederá a nova forma de cobrança do
imposto destinada a favorecer os
Estados de destino das mercadorias. Nesse período, a distribuição
das receitas ficará exatamente como hoje, privilegiando os Estados
onde os bens são produzidos.
Pelo sistema atual, quando um
produto é vendido de São Paulo
para o Rio, o primeiro Estado fica
com os recursos referentes à aplicação da alíquota interestadual,
de 12%. Supondo que o ICMS sobre o produto seja de 18%, cabe ao
Estado de destino a receita referente a uma alíquota de 6%.
O texto básico da reforma aprovado pela Câmara na semana passada estabelece uma redução gradual das alíquotas interestaduais,
de forma que, dentro de 11 anos,
haja uma alíquota única de, "no
máximo", 4% -o que beneficia
Estados mais pobres. No acerto
com o PSDB, a nova redação do
projeto eliminará a expressão "no
máximo", garantindo aos Estados
produtores que não haverá alíquota interestadual inferior a 4%.
A terceira vantagem para São
Paulo e Minas foi uma nova regra
para a distribuição entre os Estados dos R$ 8 bilhões que serão repassados anualmente pela União
com o objetivo de cobrir perdas
decorrentes do fim do ICMS sobre as exportações. A partilha
passará a levar em conta não apenas o saldo comercial e o volume
de exportações do Estado, mas
também as perdas com a desoneração de máquinas. A alteração
desagradou a outros governadores tucanos, como Simão Jatene
(PA) e Marconi Perillo (GO).
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Visando 2004, PSDB quer se livrar de reformas para ampliar ataques ao PT Índice
|