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São Paulo, quinta-feira, 11 de setembro de 2003

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GOVERNO

Presidente inaugura site e redação da assessoria de imprensa do Planalto

Lula afirma esperar "notícias boas"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou ontem a "redação" e o site da Secretaria de Imprensa do Palácio do Planalto afirmando esperar que, "daqui para a frente, comece a sair notícia boa sobre o presidente da República e sobre o governo".
O presidente afirmou esperar também "que nenhum ministro seja pego de surpresa com críticas que são notícia, mas que a gente não gosta que sejam publicadas".
Num discurso informal, feito de improviso, o presidente da República fez várias considerações a respeito da profissão de jornalista e da função da imprensa.
"O jornalista só vai descobrir o quanto sua função é importante e responsável no dia em que cada um tiver que fazer uma entrevista consigo mesmo. Fazer uma reportagem sobre si mesmo. Deveria ser uma coisa fantástica, porque vocês iriam perceber o que todos nós sentimos quando temos que conversar com vocês", disse o presidente.

Todo mundo reclama
Segundo o presidente, "o jornalista é uma coisa importante, porque todo mundo reclama, mas ninguém vive [sem ele]". Alguns membros do governo federal, afirmou o presidente, falam até o que não deveriam falar, e no dia seguinte uma informação sigilosa aparece estampada nas páginas dos jornais.
Em seguida, Lula admitiu: "Notícia de verdade é aquilo que a gente não quer falar. Aquilo que a gente está doidinho para falar não é notícia, é publicidade. E me parece que todos vocês aprenderam isso com muita rapidez".
"Mas, por mais que a gente reclame, por mais que a gente se queixe, por mais que a gente fale mal, nós não seríamos o que somos sem a imprensa brasileira", disse Lula. O endereço do site é www.info.planalto.gov.br

Condecoração
O presidente também recebeu ontem em seu gabinete no Planalto a comenda da Ordem do Mérito Judiciário Militar, entregue pelo presidente do STM (Superior Tribunal Militar), almirante Carlos Eduardo Cezar de Andrade.
Condenado a três anos e meio de prisão pela Justiça Militar de São Paulo e absolvido em 1980 pelo Superior Tribunal Militar, Lula disse que recebia com orgulho a homenagem do tribunal, que de certa forma tinha uma ligação com sua trajetória política.
Ao receber a comenda, Lula lembrou que em 1978, ao eclodir uma greve dos trabalhadores da Scania, no ABC paulista, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) pediu ao então comandante do 2º Exército, general Dilermando Monteiro, uma ação das tropas militares contra o movimento paredista.
Em vez de se "esconder", Lula disse que pediu uma audiência ao general, com quem passou três horas e obteve a garantia de não-intervenção do Exército. Tempos depois, Dilermando Monteiro, que na ocasião era juiz do STM, contribuiu com seu voto para a absolvição de Lula no processo movimento pela Justiça Militar.
Lula deveria ter recebido a condecoração em solenidade no dia 1º de abril, mas o Planalto enviou um fax ao STM afirmando que o presidente aceitava a condecoração, mas que não poderia comparecer à cerimônia naquela data. Por essa razão a medalha foi entregue numa cerimônia específica no próprio Palácio do Planalto.


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