São Paulo, Sábado, 11 de Setembro de 1999
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CONTAS PÚBLICAS
Análise da Câmara faz previsões arriscadas para 2000
Governo inclui receitas incertas no Orçamento

da Sucursal de Brasília

Análise preliminar do projeto de Orçamento para 2000, feita pela assessoria da Câmara, aponta como incerto o recolhimento de um volume de dinheiro correspondente a 38% da meta de superávit primário (resultado das contas públicas que exclui o pagamento de juros) da União, de R$ 28,4 bilhões.
Além da manutenção de alíquotas mais altas do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre Lucro Líquido, que ainda dependem de aprovação pelo Congresso e já contabilizadas como incertas, o estudo considera arriscada a previsão do Orçamento de arrecadar outros R$ 6 bilhões.
Estaria sob risco a estimativa do governo de recolher R$ 3,4 bilhões mediante a diferença de preços internos e externos dos combustíveis, a chamada conta-petróleo. Para chegar a essa conta, o governo teria apenas três opções: 1) os preços do petróleo no mercado internacional se estabilizarem ou até caírem; 2) o mesmo acontecer com as cotações do dólar; 3) o governo promover novos aumentos de preços dos combustíveis no país.
Essa última alternativa esbarra em uma das metas traçadas pelo governo para o comportamento da economia no próximo ano: uma inflação de 6%. Técnicos da assessoria parlamentar consideram mais realista a possibilidade de o governo conseguir R$ 1,6 bilhão com a conta-petróleo.
Também é considerado arriscado o recolhimento de R$ 3,3 bilhões da contribuição previdenciária de servidores públicos e inativos da União, cuja cobrança é contestada judicialmente.
Informalmente, o governo já considera a possibilidade de perder pelo menos uma parte desse dinheiro (leia texto abaixo).
Como a conta-petróleo e a contribuição da Previdência não foram consideradas incertas pelo governo, não há nenhuma despesa do Orçamento condicionada ao seu recolhimento, como acontece com a manutenção das alíquotas de 27,5% do Imposto de Renda e de 12% da Contribuição Social sobre Lucro Líquido.
Nesses dois últimos casos, se o Congresso não aprovar as propostas do governo, parte das despesas previstas no Orçamento será automaticamente cortada. Até ontem, a assessoria parlamentar ainda não havia identificado que despesas foram classificadas como ""condicionadas" às duas taxas. (MARTA SALOMON)


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