São Paulo, Sábado, 11 de Setembro de 1999
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SEGURANÇA PÚBLICA
Comandantes se reunirão em Brasília na semana que vem para discutir a situação das tropas
PMs se mobilizam para obter reajuste

da Agência Folha

Policiais militares iniciam mobilizações para assegurar aumentos salariais. Em 1997, soldados, cabos e oficiais de dez Estados entraram em greve para conseguir suas reivindicações.
"Os Estados que continuarem sucateando as suas polícias e incentivando essa falta de salário compatível vão pagar caro por isso, com movimentos reivindicatórios e com o desespero das polícias", avalia o coronel Luiz Fernando de Lara, presidente do Conselho Nacional dos Comandantes de Polícias Militares e Corpos de Bombeiros e comandante-geral da PM do Paraná.
O coronel Lara considera que a situação dos salários da PM é ruim na maioria dos Estados do Nordeste e do Centro-Oeste. Na próxima semana, comandantes das regiões do país vão se reunir em Brasília para discutir a situação das tropas.

Paraíba
Na Paraíba, a PM entra hoje em seu quarto dia de greve por reajuste salarial que varia de 57% a 62,8% sobre o salário-base. Segundo os grevistas, 60% dos 7.500 integrantes da corporação estão paralisados.
O governo estadual não apresentou até o momento nenhuma contraproposta aos grevistas. Diz que não tem condições de atender às reivindicações e que os que aderiram ao movimento serão punidos de acordo com a lei, que prevê prisões de 30 dias a quatro anos.
Uma das formas de protesto é o acampamento de manifestantes diante da sede do governo estadual, na praça João Pessoa. Um grupo de 350 policiais faz vigília no local por 24 horas.
Ontem, fizeram passeata nas ruas centrais de João Pessoa com um caixão preto simbolizando um soldado morto.
O ministro da Justiça, José Carlos Dias, que estava na cidade para participar do encontro nacional de secretários da Justiça, disse que "não dá para compreender uma greve na Polícia Militar".

Minas Gerais
Em Minas Gerais, soldados, cabos e sargentos já gritam contra a possibilidade de o governo Itamar Franco oferecer reajuste maior para os oficiais da PM. Em 1997, a concessão de aumento diferenciado para o oficialato foi o estopim para o movimento grevista dos subordinados.
Se o comando das tropas for beneficiado novamente, "os policiais não terão vontade para sair às ruas para trabalhar", afirma Waldevino Braga, da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares.
O comandante-geral da PM mineira, Mauro Lúcio Gontijo, tem em mãos um documento que aponta distorções salariais na corporação. Elaborado pelo Clube dos Oficiais, o texto afirma que há, no momento, subtenentes com ganhos superiores ao de um capitão. Defende que os reajustes variem de 18%, para os soldados, a 33%, para os oficiais.
O vice-governador de Minas Gerais, Newton Cardoso (PMDB), acha que a falta de caixa do Estado dificulta qualquer discussão sobre aumento salarial.
Os servidores públicos mineiros ainda não receberam o 13º salário do ano passado.

"Trégua"
O presidente da Associação dos Cabos e Soldados do Rio Grande do Sul, Jerry Lara Gruhn, disse que os policiais gaúchos decidiram oferecer uma "trégua" à administração do petista Olívio Dutra até dezembro. "Estamos dando um prazo para que o governo equilibre sua situação", disse Gruhn, em referência às dificuldades de caixa do Estado.


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