São Paulo, quinta-feira, 11 de outubro de 2001

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BIOGRAFIA

Economista sempre defendeu a participação do capital estrangeiro

Campos moldou economia pós-64

DA REDAÇÃO

Roberto de Oliveira Campos exerceu uma influência duradoura na história do Brasil. Como ministro de Castello Branco, definiu as linhas mestras da política econômica do regime militar. Fora do governo, foi um dos mais influentes publicistas do país, difundindo o pensamento neoliberal nos anos 80 e 90.
No Ministério do Planejamento (64-67), introduziu inovações cujos efeitos são sentidos até hoje: a criação do Banco Central, do Sistema Financeiro da Habitação, do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. Seu Plano de Ação Econômica do Governo, fortemente recessivo, reduziu a dívida pública a 1,1% do PIB e a inflação a 34,5% ao ano em 65.
Conjugou a defesa do livre mercado com uma forte intervenção do Estado na economia. Várias estatais foram criadas em sua gestão: BNH, Serpro, Embratel, Embratur, Açominas, Ultrafértil, Celma, Lloydbrás.
Nessa época, já era um economista famoso. Diplomata desde 1939, foi designado adido comercial na Embaixada nos EUA em 1942. Fez economia na Universidade George Washington e doutorou-se na Universidade de Columbia. Em 1951, integrou a Comissão Mista Brasil-Estados Unidos para o Desenvolvimento Econômico, propondo a criação do BNDE (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, atual BNDES), do qual virou diretor em 1952. Afastou-se em 1953, regressando aos EUA.
Voltou em 1956 e colaborou na política econômica de Juscelino Kubitschek, sugerindo a adoção de taxas de câmbio flutuantes. Indicado presidente do BNDE em 1958, ajudou a elaborar o Plano de Estabilização Monetária. Em 1959, JK rompeu com o FMI, e Campos deixou o BNDE. Apoiou Jânio Quadros à Presidência em 1960, mas dele se afastou por rejeitar a abertura aos países comunistas. Nomeado embaixador nos EUA em 1961, voltou ao Brasil em 1964. Defendeu o Movimento Militar.
Em 1968, tornou-se presidente do Invest Banco, depois convertido em Banco União Comercial. Deixou o banco em março de 1974, quando a instituição já estava praticamente quebrada. O BC articulou seu salvamento, vendendo o BUC ao Itaú.
Em 1982, foi eleito senador pelo PDS de Mato Grosso. Apoiou a frustrada candidatura de Paulo Maluf à Presidência em 1985.
Eleito deputado federal pelo Rio em 1990, apoiou as privatizações de Fernando Collor, que em 1992 o convidou para o ministério. Recusou e, mesmo doente, votou a favor do processo de impeachment. Reeleito em 1994, tornou-se colunista da Folha a partir de dezembro. Tentou o Senado em 1998, mas perdeu para Saturnino Braga (PSB). Em 1999, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras.


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