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Crime pode ter sido encomendado, diz Funai
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Mércio
Pereira Gomes, não descartou a
possibilidade de o assassinato do
sertanista Apoena Meireles ter sido encomendado por pessoas
descontentes com as restrições
impostas ao garimpo na região da
reserva Roosevelt, em Rondônia.
"A principal suspeita é o latrocínio [assalto seguido de morte],
em razão das circunstâncias. Mas
temos de aguardar as investigações. Não descarto nenhuma hipótese", afirmou Gomes.
"Ele era um dos maiores sertanistas em atividade. Tinha uma
relação muito boa com os índios
da região, os cintas-largas", disse.
Apoena já havia se aposentado
na Funai, mas voltou em 2003 a
pedido de Gomes para coordenar
o centro de documentação da entidade e ficar responsável pelo
acompanhamento de questões
envolvendo a região Nordeste.
Desde a morte dos garimpeiros
na reserva Roosevelt, Apoena era
o responsável pelo contato com
os índios. Coordenava força-tarefa para tentar resolver o conflito
entre índios e garimpeiros.
Segundo Gomes, Apoena não
recebeu ameaças, mas seu trabalho despertava insatisfação de alguns setores. A proibição do garimpo desagradou a empresários
e a políticos da região.
Informados do assassinato ontem, o ministro da Justiça, Márcio
Thomaz Bastos, e o diretor da Polícia Federal, Paulo Lacerda, disseram que acompanhariam as investigações, segundo Gomes.
Procurado pela Folha, o Ministério da Justiça disse que deveria
se pronunciar hoje sobre o caso.
Presidente da Coica (Coordenadoria das Organizações Indígenas
da Bacia Amazônica), o índio brasileiro Sebastião Haji Manchineri,
34, lamentou a morte de Apoena e
afirmou que as autoridades sempre buscam desvincular esse tipo
de crime de atos premeditados.
"As autoridades brasileiras
sempre justificam isso como assalto, vingança ou briga. Tentam
sempre logo desvincular de atos
premeditados. Infelizmente, não
sabemos em quem acreditar. A
impunidade é muito grande."
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