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TODA MÍDIA
Os EUA e o Brasil
NELSON DE SÁ
Depois de soltar palavrão
na MTV, Caetano Veloso
viajou aos EUA, onde fez show
ontem em Miami. Antes, falou
ao "Miami Herald" sobre a
América e o Brasil.
Seu álbum com canções dos
EUA, destacou o jornal, sai no
instante em que "o sentimento
antiamericano" explodiu. E é,
inusitadamente, "um tributo
brasileiro à América", no título
da reportagem.
O músico gostou da imagem e
disse que foi melhor ter feito o
CD agora, quando o momento
"é mais complexo".
Para Caetano, aqui "tudo teve
influência do pop americano,
não só música, mas jornalismo,
cinema e outras coisas":
- Eu tinha que fazer alguma
coisa com isso.
No caso, fez com "ironia"
-sublinhando o que existe de
"fake", de cópias falsas ou quase,
nas pontes culturais erguidas
entre os dois países.
Não é só Caetano que se acha
obcecado pela América.
Pela web brasileira, o que não
falta é opinião polarizada, aqui
tanto quanto lá, sobre a eleição
americana. Por exemplo, Luiz
Carlos Bresser Pereira escreveu
em seu site:
- É bem possível que Bush
seja melhor para o Brasil, pois é
menos protecionista, mas Kerry
é melhor para a humanidade.
Até os seguidos debates vêm
recebendo cobertura dos blogs
locais. Opinião de Marcelo Tas,
no mais recente:
- Sem sombra de dúvida, um
passeio do Kerry. Arrebentou
com o Bush.
Mas também para ele o mais
importante é o que vale tirar da
democracia americana:
- Marta e Serra deviam ver
para aprender a diferença entre
ironia e sarcasmo.
Ou ainda:
- As TVs brasileiras também
têm a aprender: condução leve
mas opinativa, autoridade com
flexibilidade. Estão 30 anos à
nossa frente.
Na TV, certamente. Mas o
Brasil, ao que parece, não tem
muito o que copiar da América,
quanto à votação.
O "Washington Post" trouxe a
melhor reportagem de domingo
nos grandes jornais, sobre "as
batalhas que estão recebendo
menos atenção, mas que são
igualmente polarizadas e talvez
decidam a eleição".
Segundo o "WP", a votação na
Flórida, há quatro anos, deixou
claro o poder que os secretários
de Estado, que são indicações
dos governadores, têm sobre o
processo.
E assim Bush e Kerry criaram
exércitos de advogados que se
têm acusado mutuamente do
Novo México a Iowa, falando
em manipulação para tirar de
cena os eleitores.
Em comparação, o conflito
paulistano em torno do feriado
soa cômico.
FORA DO AR
Foi nos distantes protestos de
Seattle, há cinco anos, que nasceu
o Indymedia, que aos poucos se
propagou pelo mundo cobrindo
atos antiglobalização e outros.
Pois o final da semana viu a rede
cair em 20 países, inclusive Brasil,
por conta de uma ordem de
apreensão de seus servidores feita
nos EUA ao provedor Rackspace.
Os servidores foram entregues ao FBI. Até ontem, não se
sabiam os motivos, mas alguns sites, como o do Brasil, já
haviam retornado por outros provedores.
Segundo nota do Indymedia, que só ecoou em outros
sites engajados, como o Adital, "a medida faz parte de
um ataque sistemático aos meios independentes".
Sem parar
Ontem, no dizer da Jovem
Pan, que resume tudo:
- Marta Suplicy caminha e
José Serra descansa.
Depois da pesquisa Datafolha,
o tucano foi dar um tempo.
Já a petista foi a uma feira de
artesanato na República, andou
pelo comércio no Grajaú e na
Capela do Socorro -e encerrou
o dia no Anhembi, em evento de
corretores de seguros.
Birra
Para o blog de Ricardo Noblat,
que não pode ser descrito como
antilulista, "Marta só se reelege
por milagre, São Paulo pegou
birra por ela, pronto".
Sob bala
Nos sites dos principais jornais
americanos, um despacho da
agência AP mostrava ontem que
as coisas vão de mal a pior, no
Haiti de Lula:
- Um tiroteio forte irrompeu
em Port-au-Prince quando 150
soldados brasileiros em veículos
militares entraram na favela de
Bel Air, onde grupos de jovens
em barricadas de carros virados
pediam a volta [do deposto
Jean-Bertrand Aristide].
Um brasileiro levou um tiro
no pé, na "primeira baixa das
tropas de paz".
Na seqüência, também um
soldado argentino, em outro
confronto na capital, "levou um
tiro no braço".
NOVA ONDA Inventaram mais um "movimento" literário no Brasil, apelidado pelo prestigioso Portal Literal como "geração 00". "Eles começaram sua literatura em blogs, trocaram críticas via e-mail, criaram revista virtual" -e agora, prêmio dos prêmios, são "impressos em papel"
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