São Paulo, segunda-feira, 11 de outubro de 2004

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TODA MÍDIA

Os EUA e o Brasil

NELSON DE SÁ

Depois de soltar palavrão na MTV, Caetano Veloso viajou aos EUA, onde fez show ontem em Miami. Antes, falou ao "Miami Herald" sobre a América e o Brasil.
Seu álbum com canções dos EUA, destacou o jornal, sai no instante em que "o sentimento antiamericano" explodiu. E é, inusitadamente, "um tributo brasileiro à América", no título da reportagem.
O músico gostou da imagem e disse que foi melhor ter feito o CD agora, quando o momento "é mais complexo".
Para Caetano, aqui "tudo teve influência do pop americano, não só música, mas jornalismo, cinema e outras coisas":
- Eu tinha que fazer alguma coisa com isso.
No caso, fez com "ironia" -sublinhando o que existe de "fake", de cópias falsas ou quase, nas pontes culturais erguidas entre os dois países.
 
Não é só Caetano que se acha obcecado pela América.
Pela web brasileira, o que não falta é opinião polarizada, aqui tanto quanto lá, sobre a eleição americana. Por exemplo, Luiz Carlos Bresser Pereira escreveu em seu site:
- É bem possível que Bush seja melhor para o Brasil, pois é menos protecionista, mas Kerry é melhor para a humanidade.
Até os seguidos debates vêm recebendo cobertura dos blogs locais. Opinião de Marcelo Tas, no mais recente:
- Sem sombra de dúvida, um passeio do Kerry. Arrebentou com o Bush.
Mas também para ele o mais importante é o que vale tirar da democracia americana:
- Marta e Serra deviam ver para aprender a diferença entre ironia e sarcasmo.
Ou ainda:
- As TVs brasileiras também têm a aprender: condução leve mas opinativa, autoridade com flexibilidade. Estão 30 anos à nossa frente.
 
Na TV, certamente. Mas o Brasil, ao que parece, não tem muito o que copiar da América, quanto à votação.
O "Washington Post" trouxe a melhor reportagem de domingo nos grandes jornais, sobre "as batalhas que estão recebendo menos atenção, mas que são igualmente polarizadas e talvez decidam a eleição".
Segundo o "WP", a votação na Flórida, há quatro anos, deixou claro o poder que os secretários de Estado, que são indicações dos governadores, têm sobre o processo.
E assim Bush e Kerry criaram exércitos de advogados que se têm acusado mutuamente do Novo México a Iowa, falando em manipulação para tirar de cena os eleitores.
Em comparação, o conflito paulistano em torno do feriado soa cômico.

FORA DO AR
Foi nos distantes protestos de Seattle, há cinco anos, que nasceu o Indymedia, que aos poucos se propagou pelo mundo cobrindo atos antiglobalização e outros. Pois o final da semana viu a rede cair em 20 países, inclusive Brasil, por conta de uma ordem de apreensão de seus servidores feita nos EUA ao provedor Rackspace. Os servidores foram entregues ao FBI. Até ontem, não se sabiam os motivos, mas alguns sites, como o do Brasil, já haviam retornado por outros provedores.
Segundo nota do Indymedia, que só ecoou em outros sites engajados, como o Adital, "a medida faz parte de um ataque sistemático aos meios independentes".

Sem parar
Ontem, no dizer da Jovem Pan, que resume tudo:
- Marta Suplicy caminha e José Serra descansa.
Depois da pesquisa Datafolha, o tucano foi dar um tempo.
Já a petista foi a uma feira de artesanato na República, andou pelo comércio no Grajaú e na Capela do Socorro -e encerrou o dia no Anhembi, em evento de corretores de seguros.

Birra
Para o blog de Ricardo Noblat, que não pode ser descrito como antilulista, "Marta só se reelege por milagre, São Paulo pegou birra por ela, pronto".

Sob bala
Nos sites dos principais jornais americanos, um despacho da agência AP mostrava ontem que as coisas vão de mal a pior, no Haiti de Lula:
- Um tiroteio forte irrompeu em Port-au-Prince quando 150 soldados brasileiros em veículos militares entraram na favela de Bel Air, onde grupos de jovens em barricadas de carros virados pediam a volta [do deposto Jean-Bertrand Aristide].
Um brasileiro levou um tiro no pé, na "primeira baixa das tropas de paz".
Na seqüência, também um soldado argentino, em outro confronto na capital, "levou um tiro no braço".

NOVA ONDA Inventaram mais um "movimento" literário no Brasil, apelidado pelo prestigioso Portal Literal como "geração 00". "Eles começaram sua literatura em blogs, trocaram críticas via e-mail, criaram revista virtual" -e agora, prêmio dos prêmios, são "impressos em papel"

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