São Paulo, terça-feira, 11 de outubro de 2005

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

EUA, Europa, Brasil

Começou com um artigo de Rob Portman, o representante comercial dos EUA, o novo "sub do sub do sub", ontem no "Financial Times".
O artigo ecoou de imediato nas edições, também de ontem, mas de outros horários, do "New York Times" ao "Le Monde" e ao "Valor".
Portman propôs cortar 60% nos subsídios agrícolas que "distorcem o comércio internacional", ao longo de cinco anos, desde que União Européia e Japão façam o mesmo:
- Os Estados Unidos estão dispostos a tomar duras decisões na agricultura, mas não podemos fazê-lo sozinhos.
Para começar, diz o texto em tom eloqüente que se baseia na "visão grandiosa" de George W. Bush para o livre comércio, seria preciso cortar tarifas "usando a fórmula desenvolvida por Brasil e outros do grupo de 20 países em desenvolvimento".
 
O chanceler Celso Amorim deveria comemorar, ele que criou e comanda o G20, mas insistiu na pressão. Dele, para o site da BBC Brasil:
- A movimentação dos Estados Unidos é positiva, mas não é ainda o que queremos.
Segundo o "Valor", "o G20, grupo liderado pelo Brasil, calcula que só uma redução de 70% nos subsídios domésticos americanos terá efeito real".
 
No vaivém de percentuais, os EUA pediram corte de 83% nos subsídios europeus e o G20 não aceita menos que 80%.
Mas a primeira reação da União Européia, à "movimentação" dos EUA, foi "propor cortes menores em seus subsídios" -e "criticar a relutância americana em reformar programas de apoio agrícola polêmicos".
A UE, segundo reportagem adiantada ontem no site do "FT", gasta três vezes mais do que os EUA em subsídios e quer, em vez dos 83% pedidos por Rob Portman, só 70%. Sem prazo para implantação.
 
De volta ao chanceler brasileiro, agora para o "Valor", ele diz que "os países estão se aproximando dos pontos sensíveis e cabe aos EUA e à União Européia liderar o processo":
- Eles vão ter que mostrar o que são capazes de fazer.
 
Enquanto pelo globo avançavam as negociações comerciais, o Brasil era só má notícia. Na Globo, Fátima Bernardes:
- Fazendas de cinco cidades de Mato Grosso do Sul foram interditadas pelo Ministério da Agricultura, depois de confirmado um foco de febre aftosa. O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina.
Na Jovem Pan, um consultor disse que o foco de aftosa "desnorteou o mercado de pecuária". E de bate-pronto, no enunciado da Folha Online, "ruralistas pressionam por liberação de verba para conter aftosa".
Os sites das agências RIA Novosti e Itar-Tass noticiavam desde cedo que as autoridades russas já estudam vetar a importação de carne brasileira.
 
E tome mais má notícia, com Fátima Bernardes:
- A Colômbia anunciou que encontrou o vírus da gripe do frango numa granja a 200 quilômetros da capital, Bogotá.

MANO BROWN DIZ "SIM"

André Caramante
Mano Brown em show na madrugada de sábado, em Mauá

O "rapper" Mano Brown falou. Depois de anos, deu longa entrevista a André Caramante, ontem no "Agora" (agora.com.br), e defendeu o "sim" no referendo:
- O que eu penso é que muitos amigos meus poderiam estar vivos hoje, se não fosse a arma.
Foi após um show em Mauá, Grande São Paulo, em que a maioria dos jovens se pronunciou pelas armas, quando o músico perguntou. Brown, depois:
- O bagulho está louco, mano, o pessoal quer arma.
E quer arma porque "o rico" e a polícia têm:
- Então, eu sou a favor de desarmar todo mundo.
 
Brown também falou, aqui e ali, de Lula:
- Os anos estão passando, um governo de esquerda já assumiu e era esperança. As coisas estão muito lentas e a periferia é urgente, precisa das coisas para ontem e as coisas não estão acontecendo, está muito nebuloso.
Mais à frente, voltou ao assunto:
- O pobre não quer ficar desarmado porque sabe que do outro lado vai haver muitas armas contra ele. Então, virou quase uma guerra, né? O Brasil está à beira de um... o barril está para explodir mesmo, hein, meu. Se o Lula não conseguir dar um passo, se esse governo agora que vai entrar no último ano não fizer alguma coisa que seja visível aos olhos dos mais humildes, uma coisa que faça diferença dentro da casa das pessoas, a tendência é o Brasil voltar a ter um governo de direita, morô, meu, de pessoas que pregam a arma, a repressão, e a periferia continuar alienada. Agora, vai se alienar por outras coisas.

@ - nelsondesa@folhasp.com.br


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