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TODA MÍDIA
Nelson de Sá
EUA, Europa, Brasil
Começou com um artigo de
Rob Portman, o representante comercial dos EUA, o novo "sub do sub do sub", ontem
no "Financial Times".
O artigo ecoou de imediato
nas edições, também de ontem,
mas de outros horários, do
"New York Times" ao "Le Monde" e ao "Valor".
Portman propôs cortar 60%
nos subsídios agrícolas que "distorcem o comércio internacional", ao longo de cinco anos,
desde que União Européia e Japão façam o mesmo:
- Os Estados Unidos estão
dispostos a tomar duras decisões na agricultura, mas não podemos fazê-lo sozinhos.
Para começar, diz o texto em
tom eloqüente que se baseia na
"visão grandiosa" de George W.
Bush para o livre comércio, seria
preciso cortar tarifas "usando a
fórmula desenvolvida por Brasil
e outros do grupo de 20 países
em desenvolvimento".
O chanceler Celso Amorim
deveria comemorar, ele que
criou e comanda o G20, mas insistiu na pressão. Dele, para o site da BBC Brasil:
- A movimentação dos Estados Unidos é positiva, mas não é
ainda o que queremos.
Segundo o "Valor", "o G20,
grupo liderado pelo Brasil, calcula que só uma redução de 70%
nos subsídios domésticos americanos terá efeito real".
No vaivém de percentuais, os
EUA pediram corte de 83% nos
subsídios europeus e o G20 não
aceita menos que 80%.
Mas a primeira reação da
União Européia, à "movimentação" dos EUA, foi "propor cortes menores em seus subsídios"
-e "criticar a relutância americana em reformar programas de
apoio agrícola polêmicos".
A UE, segundo reportagem
adiantada ontem no site do
"FT", gasta três vezes mais do
que os EUA em subsídios e quer,
em vez dos 83% pedidos por
Rob Portman, só 70%. Sem prazo para implantação.
De volta ao chanceler brasileiro, agora para o "Valor", ele diz
que "os países estão se aproximando dos pontos sensíveis e
cabe aos EUA e à União Européia liderar o processo":
- Eles vão ter que mostrar o
que são capazes de fazer.
Enquanto pelo globo avançavam as negociações comerciais,
o Brasil era só má notícia. Na
Globo, Fátima Bernardes:
- Fazendas de cinco cidades
de Mato Grosso do Sul foram interditadas pelo Ministério da
Agricultura, depois de confirmado um foco de febre aftosa. O
Brasil é o maior exportador
mundial de carne bovina.
Na Jovem Pan, um consultor
disse que o foco de aftosa "desnorteou o mercado de pecuária". E de bate-pronto, no enunciado da Folha Online, "ruralistas pressionam por liberação de
verba para conter aftosa".
Os sites das agências RIA Novosti e Itar-Tass noticiavam desde cedo que as autoridades russas já estudam vetar a importação de carne brasileira.
E tome mais má notícia, com
Fátima Bernardes:
- A Colômbia anunciou que
encontrou o vírus da gripe do
frango numa granja a 200 quilômetros da capital, Bogotá.
MANO BROWN DIZ "SIM"
André Caramante
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Mano Brown em show na madrugada de sábado, em Mauá |
O "rapper" Mano Brown falou. Depois de anos, deu
longa entrevista a André Caramante, ontem no "Agora"
(agora.com.br), e defendeu o "sim" no referendo:
- O que eu penso é que muitos amigos meus poderiam estar vivos hoje, se não fosse a arma.
Foi após um show em Mauá, Grande São Paulo, em
que a maioria dos jovens se pronunciou pelas armas,
quando o músico perguntou. Brown, depois:
- O bagulho está louco, mano, o pessoal quer arma.
E quer arma porque "o rico" e a polícia têm:
- Então, eu sou a favor de desarmar todo mundo.
Brown também falou, aqui e ali, de Lula:
- Os anos estão passando, um governo de esquerda já
assumiu e era esperança. As coisas estão muito lentas e a
periferia é urgente, precisa das coisas para ontem e as
coisas não estão acontecendo, está muito nebuloso.
Mais à frente, voltou ao assunto:
- O pobre não quer ficar desarmado porque sabe que
do outro lado vai haver muitas armas contra ele. Então,
virou quase uma guerra, né? O Brasil está à beira de um...
o barril está para explodir mesmo, hein, meu. Se o Lula
não conseguir dar um passo, se esse governo agora que
vai entrar no último ano não fizer alguma coisa que seja
visível aos olhos dos mais humildes, uma coisa que faça
diferença dentro da casa das pessoas, a tendência é o Brasil voltar a ter um governo de direita, morô, meu, de pessoas que pregam a arma, a repressão, e a periferia continuar alienada. Agora, vai se alienar por outras coisas.
@ - nelsondesa@folhasp.com.br
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