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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CONEXÃO TUCANA
Publicitário diz que não se recorda dos telefonemas, que ocorreram durante a campanha presidencial e totalizaram 58 minutos de conversa
Sócio de Valério ligou para comitê de Serra
RUBENS VALENTE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A quebra do sigilo telefônico das
empresas e pessoas sob investigação na CPI dos Correios revelou
troca de chamadas entre um celular registrado em nome do Comitê Financeiro Nacional da Campanha José Serra, em Belo Horizonte (MG), e um telefone celular
de Cristiano Paz, ex-sócio do publicitário mineiro Marcos Valério
Fernandes de Souza.
A informação, divulgada ontem
em reportagem de "O Estado de S.
Paulo", integra a base de dados
elaborada pela CPI. As chamadas
ocorreram entre setembro e outubro de 2002, quando Serra participava da campanha presidencial
como candidato do PSDB.
Ocorreram 18 ligações do telefone de Paz para o celular 0/xx/31/
9951-0850, registrado em nome
do comitê mineiro de Serra, e 19
ligações no sentido contrário. Ao
todo, foram 58 minutos de conversas. Ontem, as chamadas feitas
ao número caíam em uma caixa
postal sem identificação.
A assessoria do empresário
Cristiano Paz informou que ele
não conhece e nunca esteve com o
prefeito de São Paulo, José Serra
(PSDB). Paz, segundo a assessoria, não se recorda exatamente
com quem falou no comitê, mas
"pode ter sido" com Pimenta da
Veiga, ministro das Comunicações no governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e um
dos coordenadores da campanha
de Serra em 2002. Paz informou
que é amigo de Veiga. O ex-ministro negou ter falado com o empresário.
A assessoria de Paz disse que ele
tem "contatos freqüentes" com
diversos publicitários de Belo Horizonte e com jornalistas que trabalharam na campanha são conhecidos de Paz, pessoas com as
quais ele sempre manteve contatos, o que também poderia explicar as chamadas. A assessoria não
quis divulgar nomes, para "não
envolver gente que não tem nada
a ver com a história"
Marcos Valério era sócio de Paz
até dois meses atrás, quando deixou a agência de publicidade
SMPB Comunicação, em meio ao
escândalo do "mensalão". A assessoria de Valério informou que
ele também "não conhece" e
"nunca falou" com José Serra.
Outros tucanos
A CPI já havia detectado telefonemas de Valério para o comitê
de campanha do governador de
Minas, Aécio Neves, e para o celular do senador Eduardo Azeredo,
ambos do PSDB mineiro.
A assessoria de Aécio informou,
na época, que as chamadas provavelmente foram dadas ou recebidas por funcionários da campanha que usavam telefones celulares registrados em nome do comitê. Os nomes dos portadores desses telefones, até ontem, não haviam sido divulgados.
A CPI localizou 53 chamadas do
telefone celular de Marcos Valério
para o celular de Azeredo e mais
duas no sentido inverso entre
2001 e 2002. Azeredo afirmou, na
época da divulgação dos telefonemas, que conversava com Valério
"sobre política".
Em 1998, Valério contraiu empréstimo bancário de R$ 8,3 milhões e o repassou para candidatos do PSDB por meio de caixa
dois. Em discurso no dia 2 de
agosto último, Azeredo negou,
mas Valério, ao contrário, afirmou duas vezes à CPI do Mensalão que Azeredo tinha conhecimento do empréstimo que beneficiou os tucanos.
Colaborou PAULO PEIXOTO,
da Agência Folha, em Belo Horizonte
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