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São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 2003

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REFORMA MINISTERIAL

Outros seis ministros, três deles petistas, também podem sair; Lula começa a detalhar reformulações

Benedita e Adauto devem deixar ministério

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

É tido como certo hoje no Palácio do Planalto que Benedita da Silva (Assistência Social) e Anderson Adauto (Transportes) vão deixar seus ministérios na reforma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva começa a discutir em detalhes a partir desta semana.
Uma reformulação da Casa Civil, chefiada pelo ministro José Dirceu, está na agenda. Mas isso não deverá resultar na perda de poder de Dirceu: ele deve mexer na própria equipe. O secretário-executivo, Swendenberger Barbosa, e o subchefe de Coordenação da Ação Governamental da Casa Civil, Luiz Alberto dos Santos, podem ser substituídos.
Seis outros ministros, três deles petistas, podem sair. Os petistas são Olívio Dutra (Cidades), Guido Mantega (Planejamento) e José Graziano (Segurança Alimentar e Combate à Fome). Os outros três: Roberto Amaral, membro do PSB e ministro da Ciência e Tecnologia; Miro Teixeira, do PDT e chefe das Comunicações, e Agnelo Queiroz, do PC do B, titular do Ministério do Esporte.
Até agora, Lula tem resistido a discutir reforma ministerial com auxiliares pela dificuldade de tirar do posto alguns de seus antigos amigos e também militantes do PT que prestaram serviço ao partido. Lula analisa a abrangência da reforma. O "núcleo duro", formado por ministros e auxiliares petistas mais ligados a ele, defende enxugamento do primeiro escalão, hoje com 35 ministros.

Benedita
Segundo um integrante da comitiva de Lula na África, a ministra Benedita só integrou o grupo como uma última concessão do presidente. Ele não queria levá-la.
As razões para a saída de Benedita são a unificação dos programas sociais, que tirou sentido de sua pasta, e a viagem dela à Argentina em setembro para participar de um evento religioso. Benedita desgastou o governo ao demorar a reconhecer o erro e a devolver o dinheiro das passagens.
Adauto deve sair dos Transportes porque o presidente avalia que seu desempenho administrativo é fraco. O próprio partido de Adauto, o PL, já fala em indicar o prefeito de Manaus, Alfredo Nascimento, para a vaga.
O ministro da Segurança Alimentar e Combate à Fome, José Graziano, pode ficar no cargo, se Lula optar por reforma mais tímida, ou retornar à assessoria direta do presidente como gestor do programa "Fome Zero".
Graziano voltou a ganhar a confiança da cúpula do governo. Avalia-se que o programa Fome Zero engrenou e que ele superou os tropeços do início do governo.

Amaral
Roberto Amaral (Ciência e Tecnologia) é um caso curioso. Lula e a cúpula do governo não gostam de seu desempenho, mas seu partido, o PSB, é tido como um fiel aliado do governo. Seu destino está mais ligado ao próprio PSB.
Uma possibilidade é ser substituído pelo atual líder do PSB na Câmara, Eduardo Campos (PE), ou por Miro Teixeira, se este deixar o PDT pelo PSB. Nessa hipótese, Miro sairia das Comunicações, para dar a a pasta ao PMDB.
Na viagem à África, ministros voltaram a comentar a possibilidade de Guido Mantega deixar o Planejamento. Mantega resistiu a uma primeira investida dos defensores da ida de Ciro Gomes (Integração Nacional) para a pasta. Mas Lula voltou a pensar em trocá-lo depois de ele ter dito, no anúncio da unificação dos programas sociais, que não garantiria a verba para o Bolsa-Família.
A permanência de Olívio Dutra no Ministério das Cidades dependerá de Lula perder a dificuldade para tirar do posto um antigo amigo. É um nome de confiança do presidente, que pode sair para dar lugar ao PMDB.
A saída de Benedita dificultará a permanência de Queiroz no ministério. Ele também cometeu infração ética ao receber diárias de viagem que não usou. Descoberto, devolveu parte. Ele tem dado postos do ministério ao seu partido, o PC do B, para tentar se segurar via cota partidária.
Os peemedebistas mais cotados para o ministério continuam a ser o líder do partido na Câmara, Eunício Oliveira (CE), e o senador Garibaldi Alves (RN). Como são do Nordeste, a subida de cotação de um diminui a do outro.


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