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REFORMA MINISTERIAL
Outros seis ministros, três deles petistas, também podem sair; Lula começa a detalhar reformulações
Benedita e Adauto devem deixar ministério
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
É tido como certo hoje no Palácio do Planalto que Benedita da
Silva (Assistência Social) e Anderson Adauto (Transportes) vão
deixar seus ministérios na reforma que o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva começa a discutir em
detalhes a partir desta semana.
Uma reformulação da Casa Civil, chefiada pelo ministro José
Dirceu, está na agenda. Mas isso
não deverá resultar na perda de
poder de Dirceu: ele deve mexer
na própria equipe. O secretário-executivo, Swendenberger Barbosa, e o subchefe de Coordenação
da Ação Governamental da Casa
Civil, Luiz Alberto dos Santos, podem ser substituídos.
Seis outros ministros, três deles
petistas, podem sair. Os petistas
são Olívio Dutra (Cidades), Guido
Mantega (Planejamento) e José
Graziano (Segurança Alimentar e
Combate à Fome). Os outros três:
Roberto Amaral, membro do PSB
e ministro da Ciência e Tecnologia; Miro Teixeira, do PDT e chefe
das Comunicações, e Agnelo
Queiroz, do PC do B, titular do
Ministério do Esporte.
Até agora, Lula tem resistido a
discutir reforma ministerial com
auxiliares pela dificuldade de tirar
do posto alguns de seus antigos
amigos e também militantes do
PT que prestaram serviço ao partido. Lula analisa a abrangência
da reforma. O "núcleo duro", formado por ministros e auxiliares
petistas mais ligados a ele, defende enxugamento do primeiro escalão, hoje com 35 ministros.
Benedita
Segundo um integrante da comitiva de Lula na África, a ministra Benedita só integrou o grupo
como uma última concessão do
presidente. Ele não queria levá-la.
As razões para a saída de Benedita são a unificação dos programas sociais, que tirou sentido de
sua pasta, e a viagem dela à Argentina em setembro para participar de um evento religioso. Benedita desgastou o governo ao demorar a reconhecer o erro e a devolver o dinheiro das passagens.
Adauto deve sair dos Transportes porque o presidente avalia que
seu desempenho administrativo é
fraco. O próprio partido de Adauto, o PL, já fala em indicar o prefeito de Manaus, Alfredo Nascimento, para a vaga.
O ministro da Segurança Alimentar e Combate à Fome, José
Graziano, pode ficar no cargo, se
Lula optar por reforma mais tímida, ou retornar à assessoria direta
do presidente como gestor do
programa "Fome Zero".
Graziano voltou a ganhar a confiança da cúpula do governo. Avalia-se que o programa Fome Zero
engrenou e que ele superou os
tropeços do início do governo.
Amaral
Roberto Amaral (Ciência e Tecnologia) é um caso curioso. Lula e
a cúpula do governo não gostam
de seu desempenho, mas seu partido, o PSB, é tido como um fiel
aliado do governo. Seu destino está mais ligado ao próprio PSB.
Uma possibilidade é ser substituído pelo atual líder do PSB na
Câmara, Eduardo Campos (PE),
ou por Miro Teixeira, se este deixar o PDT pelo PSB. Nessa hipótese, Miro sairia das Comunicações,
para dar a a pasta ao PMDB.
Na viagem à África, ministros
voltaram a comentar a possibilidade de Guido Mantega deixar o
Planejamento. Mantega resistiu a
uma primeira investida dos defensores da ida de Ciro Gomes
(Integração Nacional) para a pasta. Mas Lula voltou a pensar em
trocá-lo depois de ele ter dito, no
anúncio da unificação dos programas sociais, que não garantiria
a verba para o Bolsa-Família.
A permanência de Olívio Dutra
no Ministério das Cidades dependerá de Lula perder a dificuldade
para tirar do posto um antigo
amigo. É um nome de confiança
do presidente, que pode sair para
dar lugar ao PMDB.
A saída de Benedita dificultará a
permanência de Queiroz no ministério. Ele também cometeu infração ética ao receber diárias de
viagem que não usou. Descoberto, devolveu parte. Ele tem dado
postos do ministério ao seu partido, o PC do B, para tentar se segurar via cota partidária.
Os peemedebistas mais cotados
para o ministério continuam a ser
o líder do partido na Câmara, Eunício Oliveira (CE), e o senador
Garibaldi Alves (RN). Como são
do Nordeste, a subida de cotação
de um diminui a do outro.
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