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CPI DOS COMBUSTÍVEIS
Delegado não investigará envolvimento de políticos com o caso
PF deixa apuração para o Congresso
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
ANDREA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O delegado da Polícia Federal
Cláudio Nogueira, responsável
pelo inquérito da ""máfia dos
combustíveis", afirmou ontem
que não investigará o envolvimento de políticos com quadrilhas de adulteração e sonegação
de impostos no setor para não
complicar o inquérito.
Uma das 44 pessoas presas pela
PF na segunda-feira, o empresário Renan de Macedo Leite, trabalha na Assembléia Legislativa do
Estado do Rio como assessor parlamentar do deputado estadual
Domingos Brazão (PMDB). Pelo
menos dois sócios de Macedo Leite em postos de gasolina fizeram
doações para as campanhas do
deputado federal André Luiz
(PMDB-RJ) e da mulher dele, a
deputada estadual Eliana Ribeiro,
também do PMDB.
O delegado disse que, se fosse
investigar as ramificações políticas, o inquérito teria de ser transferido para o STJ (Superior Tribunal de Justiça). ""Não entendam
minhas palavras como crítica ao
STJ, mas ele está abarrotado com
milhares de processos que não
andam. Prefiro trabalhar com juízes da primeira instância, que estão mais próximos do nosso corpo-a-corpo", disse o delegado.
Grampo telefônico
Durante investigação da PF sobre corrupção de funcionários
públicos federais, em 2003, a escuta telefônica capturou informações sobre suposto envolvimento
de autoridades com a máfia.
Foi quebrado o sigilo telefônico
de um advogado do Rio que representou distribuidoras e postos
de gasolina que obtiveram liminares judiciais para comprar
combustível da Petrobras sem recolhimento antecipado de impostos. Também foram capturados
diálogos em que o lobista do setor
de combustíveis, Amadeu Moreira Carvalho, orientava o deputado federal André Luiz (PMDB-RJ) a fazer perguntas para pressionar o diretor-geral da ANP, Sebastião do Rego Barros, em sessão
da CPI dos Combustíveis na Câmara. A CPI foi marcada por acusações de corrupção e terminou,
em setembro do ano passado,
sem apontar os fraudadores.
Como deputados, desembargadores e governadores, por força
da Constituição e da Lei da Magistratura, só podem ser investigados pelo STJ, o delegado Cláudio
Nogueira desmembrou o inquérito, no ano passado, e enviou os
autos que continham referências
às autoridades para o STJ, que
abriu o inquérito sigiloso 000424,
cujo relator é o ministro José Arnaldo da Fonseca.
O delegado afirmou que deixará
para o Congresso Nacional e para
a Assembléia Legislativa do Rio
de Janeiro a tarefa de apurar os indícios de envolvimento de políticos com integrantes da máfia dos
combustíveis.
O delegado confirmou que o lobista Amadeu Carvalho é sócio do
empresário Macedo Leite em postos de gasolina, mas disse que não
é alvo da PF porque já está sob inquérito do STJ.
Outro Lado
O deputado estadual Domingos
Brazão (PMDB) disse em discurso na Assembléia Legislativa que é
amigo há 20 anos do empresário
Renan Macedo Leite e que não irá
demiti-lo do cargo de assessor
parlamentar porque nada estaria
provado contra ele.
O deputado federal André Luiz
(PMDB-RJ), segundo sua assessoria, está internado em hospital, vítima de acidente de automóvel.
Amadeu Ribeiro de Carvalho não
foi localizado pela reportagem.
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