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RORAIMA
Ex-governador, que se afastou do PT, foi punido por uso da máquina na eleição; Ottomar Pinto, 2º colocado em 2002, ficará no cargo
Justiça cassa Flamarion; adversário assume
JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA
Desde a noite de ontem, Roraima tem um novo governador. Ottomar Pinto (PTB), 72, conseguiu
na Justiça Eleitoral o direito de assumir o governo no lugar do cassado Flamarion Portela, 48, há
quase um ano afastado do PT.
Depois de uma intensa disputa
judicial, iniciada logo após a eleição de 2002, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decidiu anteontem, em definitivo, cassar o mandato de Flamarion, considerado
culpado por crimes eleitorais de
abuso do poder econômico e político. No acórdão do tribunal também ficou explicitado que quem
deveria assumir o cargo de governador era o segundo colocado nas
eleições, Ottomar Pinto.
Advogados de Flamarion preparam novo recurso, agora no Supremo Tribunal Federal, para tentar reconquistar o mandato, possibilidade remota, segundo advogados. Pinto, que é brigadeiro reformado da Aeronáutica, foi governador de Roraima (1991-1995)
e prefeito de Boa Vista (1997-2000). No regime militar, foi governador nomeado do então Território de Roraima (1979-1983).
Na ação que tramitou na Justiça
por quase dois anos e que culminou com a cassação de Flamarion,
foram anexadas provas materiais
de que houve uso da máquina pública em benefício da campanha
de reeleição do então governador,
que assumiu o cargo em 2000, no
lugar de Neudo Campos (PP).
Cassado em agosto, Flamarion
se manteve no cargo porque impetrou vários recursos tentando
derrubar a decisão. Todos foram
negados. "O TSE determinou que
o acórdão tinha de ser cumprido
de imediato e assim foi feito. Os
ministros entenderam que a situação tinha de ser resolvida logo
para não dar margem a novos recursos", disse o presidente do
TRE do Estado, Mauro Campello.
Das 3h (no horário de Brasília)
de segunda até as 18h de ontem, o
governo foi exercido interinamente pelo presidente da Assembléia Legislativa, Mecias de Jesus
(PL). Pinto estava em Brasília e
não pôde assumir imediatamente. A diplomação e a posse do petebista, previstas para ontem à
noite, não haviam ocorrido até o
fechamento desta edição.
A situação de Flamarion, a partir de agora, se complica. Cassado,
ele perde o foro privilegiado e poderá ter de responder na Justiça
comum por um outro crime que é
acusado. A Procuradoria afirma
que o ex-governador participou
de uma quadrilha que desviou R$
230 milhões dos cofres do Estado
no "escândalo dos gafanhotos".
Em dezembro de 2003, devido
às acusações, Flamarion, que
sempre negou envolvimento no
caso, entrou em acordo com o PT
e se afastou da sigla. Desde então,
o partido protela decisão de manter ou tirar o político, que começou no PSL, de seus quadros.
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