|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/PÉ NO FREIO
Palácio do Planalto dizia ontem ter obtido apoios necessários para evitar que as investigações se estendam até abril de 2006
Governo e oposição duelam por prazo de CPI
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
CHICO DE GOIS
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
No início da noite de ontem, o
governo dizia ter até 27 assinaturas a mais do que o necessário para barrar o requerimento de prorrogação do prazo de funcionamento da CPI dos Correios. A
idéia era apresentar a lista apenas
à meia-noite, hora limite para retirar nomes do documento.
No mesmo horário, a oposição
apresentaria também nomes extras de apoio à extensão do período para a investigação.
Os dois lados pareciam estar
usando um misto de informação
real e blefe -até porque ninguém
se prontificava a mostrar a lista
completa de apoios que dizia ter.
Na parte da manhã, com um dia
de atraso, havia sido finalmente lido numa sessão do Congresso o
pedido de prorrogação do prazo
da CPI dos Correios.
A investigação termina regimentalmente no dia 11 de dezembro, mas a oposição quer 120 dias
a mais, levando o caso até 11 de
abril -já em meio ao processo
eleitoral de 2006.
Por ser uma investigação mista,
a CPI dos Correios só pode ser
prorrogada com o apoio de um
terço da Câmara (171 deputados
de um total de 513) e de um terço
do Senado (27 de 81 senadores).
Quando o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL),
leu ontem o requerimento da
oposição solicitando a prorrogação, 217 deputados e 32 senadores
assinavam o documento. Renan
havia manobrado no dia anterior
ao adiar a leitura do requerimento. Ajudou o governo, que teve
mais tempo para trabalhar a retirada de nomes.
A prorrogação da CPI só vale a
partir da publicação no "Diário
Oficial" do Congresso, o que deve
ocorrer hoje. Mas o prazo final
para entrada ou retirada de nomes ia até a meia-noite de ontem.
Além de Renan Calheiros, o Palácio do Planalto também contou
com a ajuda do presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP).
Aldo estendeu o máximo que pôde os trabalhos dos deputados anteontem, impedindo uma sessão
do Congresso no final do dia.
No início da noite de ontem, de
acordo com número preliminares
apurados pela Folha, as defecções
na oposição eram maiores entre
os peemedebistas. O partido contava 23 desistências de apoio à
prorrogação da CPI por volta das
19h. No PP, o Planalto contabilizava 13 retiradas de nomes. No
PTB, o número era de seis.
"Nós somos a favor de prorrogar a CPI, mas achamos que esse
prazo até abril é um exagero. Poderíamos prorrogar, por exemplo, até janeiro", diz José Múcio.
A Folha ouviu no Congresso
Nacional opiniões de que seria
uma grande humilhação para o
governo se saísse derrotado numa
simples disputa por um requerimento de prorrogação de CPI.
Se o Planalto constatasse que
não tinha nomes suficientes para
barrar a prorrogação da CPI até a
meia-noite de ontem, não apresentaria as assinaturas dos deputados que haviam se apresentado
para ajudar -pois esses congressistas se desgastariam à toa.
Apesar das ações concretas a favor do governo, Renan Calheiros
negou que estivesse ajudando o
Palácio do Planalto. "Eu tive
apoio do PT para me eleger presidente do Senado, mas também
contei com o PSDB e com o PFL, e
isso só aumenta minha responsabilidade", afirmou o senador.
Texto Anterior: A hora de Dirceu: Pela 3ª vez, Dirceu tenta suspender processo no STF Próximo Texto: Caixa dois: PT pede ao TSE auditoria nas contas do PSDB Índice
|