São Paulo, Sábado, 11 de Dezembro de 1999 |
|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRIME ORGANIZADO Deputados defendem cassação de irmão de PC Farias Para CPI, documentos comprometem Augusto
ARI CIPOLA da Agência Folha, em Maceió MÁRIO MAGALHÃES enviado especial a Maceió Os quatro deputados da CPI do Narcotráfico que encerraram ontem diligências em Maceió acham que documentos apreendidos numa empresa de segurança abrem o caminho para a cassação do deputado Augusto Farias (PPB-AL) por quebra de decoro parlamentar. Guardada em 20 pastas, a documentação recolhida numa operação de busca e apreensão na noite de anteontem indica que a empresa Tigre Vigilância Patrimonial de Alagoas Ltda. está registrada no nome de um suposto testa-de-ferro de Augusto Farias. Os donos oficiais da Tigre são Marcos André Tenório Maia, assessor de Augusto, e Luiza Antonieta Taques. Só que o escritório da empresa guardava, fundamentalmente, papéis referentes a movimentações financeiras, sentenças judiciais, carros e propriedades do irmão de Paulo César Farias. O telefone de Augusto Farias publicado no catálogo telefônico de 1999 (à pág. 62) está instalado na Tigre Vigilância. "A empresa é de Augusto Farias, que não a declara como sua", disse o deputado Éber Silva (PDT-RJ). "Além disso, ele foi indiciado no inquérito policial como co-autor de duas mortes (PC e Suzana Marcolino, em 1996) e é alvo de várias denúncias." "Com os indícios, Augusto Farias não escapará da cassação por falta de decoro. Um homem público não pode ser responsável por mortes e ter firmas no nome de outras pessoas. A cassação é irreversível." As 20 pastas e os dois computadores apreendidos serão entregues à Corregedoria da Câmara na segunda-feira. A operação de busca teve autorização judicial. A CPI vai checar a declaração de bens de Augusto Farias entregue à Câmara e suas declarações à Receita para saber se o deputado assumiu ser o dono real da empresa em nome de um assessor. Na Tigre foram encontrados, entre outros itens em nome do deputado, segundo a Polícia Federal: faturas de cartões de crédito, extratos bancários, seguros de carros Alfa Romeo, Tempra e Blazer, registro de uma casa e outros imóveis, inclusive no Rio, comprovantes de pagamentos de funcionários da casa de PC conhecida como "a mansão" e fotos de campanha eleitoral. Mais: cópia da sentença que deu a tutela dos filhos de PC a Augusto, documentos de quatro fazendas em nome de um tio do deputado, controle de venda de bois, pagamento de pró-labore a Eleuza e Ana Farias, irmãs de Augusto, e contratos da Agrovale, usina no sertão baiano. Segundo um policial que participou da operação de busca, papéis da Tigre tinham o timbre com o nome de Augusto Farias. Com várias empresas em nome dos irmãos Farias, o deputado guardou documentos particulares justamente numa firma na qual, legalmente, a família não tem participação. "Se juntar a mentira com a não-declaração da Tigre no nome de Augusto Farias, a casa cai, é motivo de cassação", disse o deputado Padre Roque (PT-PR). Na opinião do deputado Lino Rossi (PSDB-MT), "quem dá as ordens é o dono. E quem dá as ordens na Tigre é Augusto Farias". Outra descoberta da CPI foi a existência da empresa Normandia Veículos Ltda., em nome de Augusto Farias (90%) e sua irmã Eleuza (10%). A PF desconhece atividades da firma, aberta em 1995 em Maceió. "Investigaremos para saber se é fantasma", disse o deputado Róbson Tuma (PFL-SP). A CPI voltará a Alagoas em fevereiro, quando deverá ser aprovada a proposta da comissão para cassar Augusto Farias. Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Deputado nega ser dono de empresa Índice |
|