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CRIME ORGANIZADO
Segundo depoimento, deputados cassados fariam parte de cúpula de quadrilha interestadual
Testemunha liga Hildebrando a Gerardo
ABNOR GONDIM
enviado especial a Belém
O Núcleo de Combate à Impunidade, criado há um mês pelo
Ministério da Justiça, identificou
uma testemunha no Maranhão
que está sendo apontada como o
primeiro elo confirmado das supostas ligações criminosas entre
os deputados cassados Hildebrando Pascoal (AC) e José Gerardo de Abreu (MA).
Ambos foram denunciados pela
CPI do Narcotráfico e estão presos sob a acusação de assassinatos
e de integrar a cúpula de uma suposta quadrilha interestadual envolvida com narcotráfico, roubo
de cargas, tráfico de armas e homicídios.
Eles negam as todas as acusações.
A testemunha afirmou em depoimento à Polícia Federal que
viajou em 1996, do Maranhão ao
Acre, com uma carreta roubada, a
mando de José Gerardo.
Segundo a testemunha, o objetivo era trocá-la por cocaína, com a
ajuda de auxiliares de Hildebrando. A droga viria de uma rota da
Bolívia.
"O depoimento dessa testemunha fecha o elo de ligação entre as
duas quadrilhas", afirmou o delegado Rodney Miranda, que não
quer revelar o nome da testemunha. Miranda disse que ela foi incluída no programa de proteção a
testemunhas e está em um esconderijo.
O Núcleo de Combate à Impunidade foi criado pelo governo
em resposta às denúncias sobre
grupos de crime organizado
atuando em vários Estados. Dele
participam ainda representantes
do Ministério Público Federal e
do próprio Ministério da Justiça.
O presidente da CPI do Narcotráfico, Magno Malta (PTB-ES),
que acompanhou diligências da
comissão em Belém, disse que o
cruzamento das contas bancárias
dos acusados poderá confirmar
as transações financeiras.
A testemunha disse à PF que a
troca da carreta por cocaína foi
efetivada pelo sargento Alex Fernandes, da Polícia Militar do
Acre, considerado o principal auxiliar da suposta quadrilha comandada por Hildebrando. Eles
estão presos em Brasília.
Na viagem de volta do Acre,
atestemunha disse ter levado em
um carro uma carga de cocaína
que teria sido deixada na garagem
da empresa de transporte de José
Gerardo em São Luís (MA). O ex-deputado estadual está preso no
Maranhão.
O procurador da República Roberto Santoro encaminhou o depoimento da testemunha ao juiz
federal do Acre Pedro Francisco
da Silva, responsável pela decretação da prisão de Hildebrando e
quase 40 supostos cúmplices.
Antes do surgimento dessa nova testemunha, as ligações entre
Hildebrando e José Gerardo estavam sustentadas apenas no depoimento do motorista Jorge Meres Alves de Almeida, a principal
testemunha da CPI.
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