São Paulo, Sábado, 11 de Dezembro de 1999


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CRIME ORGANIZADO
Segundo depoimento, deputados cassados fariam parte de cúpula de quadrilha interestadual
Testemunha liga Hildebrando a Gerardo

ABNOR GONDIM
enviado especial a Belém

O Núcleo de Combate à Impunidade, criado há um mês pelo Ministério da Justiça, identificou uma testemunha no Maranhão que está sendo apontada como o primeiro elo confirmado das supostas ligações criminosas entre os deputados cassados Hildebrando Pascoal (AC) e José Gerardo de Abreu (MA).
Ambos foram denunciados pela CPI do Narcotráfico e estão presos sob a acusação de assassinatos e de integrar a cúpula de uma suposta quadrilha interestadual envolvida com narcotráfico, roubo de cargas, tráfico de armas e homicídios.
Eles negam as todas as acusações.
A testemunha afirmou em depoimento à Polícia Federal que viajou em 1996, do Maranhão ao Acre, com uma carreta roubada, a mando de José Gerardo.
Segundo a testemunha, o objetivo era trocá-la por cocaína, com a ajuda de auxiliares de Hildebrando. A droga viria de uma rota da Bolívia.
"O depoimento dessa testemunha fecha o elo de ligação entre as duas quadrilhas", afirmou o delegado Rodney Miranda, que não quer revelar o nome da testemunha. Miranda disse que ela foi incluída no programa de proteção a testemunhas e está em um esconderijo.
O Núcleo de Combate à Impunidade foi criado pelo governo em resposta às denúncias sobre grupos de crime organizado atuando em vários Estados. Dele participam ainda representantes do Ministério Público Federal e do próprio Ministério da Justiça.
O presidente da CPI do Narcotráfico, Magno Malta (PTB-ES), que acompanhou diligências da comissão em Belém, disse que o cruzamento das contas bancárias dos acusados poderá confirmar as transações financeiras.
A testemunha disse à PF que a troca da carreta por cocaína foi efetivada pelo sargento Alex Fernandes, da Polícia Militar do Acre, considerado o principal auxiliar da suposta quadrilha comandada por Hildebrando. Eles estão presos em Brasília.
Na viagem de volta do Acre, atestemunha disse ter levado em um carro uma carga de cocaína que teria sido deixada na garagem da empresa de transporte de José Gerardo em São Luís (MA). O ex-deputado estadual está preso no Maranhão.
O procurador da República Roberto Santoro encaminhou o depoimento da testemunha ao juiz federal do Acre Pedro Francisco da Silva, responsável pela decretação da prisão de Hildebrando e quase 40 supostos cúmplices.
Antes do surgimento dessa nova testemunha, as ligações entre Hildebrando e José Gerardo estavam sustentadas apenas no depoimento do motorista Jorge Meres Alves de Almeida, a principal testemunha da CPI.


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