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CONTAS PÚBLICAS
Para peemedebista, seus críticos querem "tirar casquinha"
Itamar não comenta medida, mas critica governadores
FÁBIA PRATES e
CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
da Agência Folha, em Belo Horizonte
O governador de Minas Gerais,
Itamar Franco (PMDB), não quis
comentar a retenção feita pelo governo federal de R$ 11,7 milhões de
repasses para o Estado, mas criticou os governadores contrários à
moratória que se reúnem hoje em
São Luís (MA).
Em reunião com com representantes de entidades sindicais do
funcionalismo público estadual,
no Palácio da Liberdade, Itamar
deu a entender que não vai recuar
da decisão e manteve o tom crítico
ao governo federal. "Não se iludam que nós não teremos essa paz
morna da submissão. (...) Não
adianta querer criticar, falar que é
calote, que é isso, que é aquilo. Nós
precisamos de um novo pacto federativo e de um Brasil mais fraterno e com mais justiça social".
Repetiu que não tem recursos
para pagar a União e que vai priorizar os compromissos sociais. "Numa linguagem simples, se eu estou
devendo R$ 100 ao agiota e, se eu
tenho um filho passando fome,
doente, eu vou pagar os R$ 100 ao
meu filho e digo ao agiota: eu não
tenho dinheiro agora, o senhor espera um pouquinho", comparou.
Itamar disse que os governadores que criticam sua decisão de
moratória querem "tirar casquinha" para depois conseguir renegociar as dívidas de seus Estados
"quebrados".
"Os senhores vão ver agora que
Minas vai se aquietar um pouco e
vamos ver no que vai dar a reunião
deles. Vamos ver se eles vão pedir a
renegociação ou não. Vamos ver se
os municípios não vão exigir deles
a renegociação".
Ontem à tarde, o secretário estadual da Fazenda, Alexandre Dupeyrat, e o vice-governador, Newton Cardoso, disseram que não haviam recebido nenhum comunicado oficial do governo federal sobre
o bloqueio do dinheiro.
Dupeyrat, no entanto, disse que
haveria "desdobramentos" e que a
questão seria tratada "entre chefes
de governo".
A Agência Folha apurou que a
procuradora-geral do Estado, Mizabel de Abreu Machado Derzi, está preparando uma peça jurídica
para justificar a moratória e contestar possíveis retaliações.
²
De frente
Itamar respondeu às críticas feitas pelo governador de São Paulo,
Mário Covas (PSDB), durante solenidade de posse anteontem.
"Ainda ontem (anteontem) se
disse que São Paulo nunca virou as
costas para o Brasil. Eu diria que
Minas sempre esteve de frente para
o Brasil".
Houve críticas também para o
governadores Almir Gabriel
(PSDB-PA), Roseana Sarney e Anthony Garotinho (PDT-RJ), que
criticam a moratória.
O governo de Minas anunciou
ontem cortes no custeio da máquina pública, com limitação no uso
de carros oficiais e de telefones celulares. O Estado vai fazer ainda
um cruzamento das folhas de pagamento dos órgãos da administração direta e indireta.
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