São Paulo, terça, 12 de janeiro de 1999

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CONTAS PÚBLICAS
Para peemedebista, seus críticos querem "tirar casquinha"
Itamar não comenta medida, mas critica governadores

FÁBIA PRATES e
CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

O governador de Minas Gerais, Itamar Franco (PMDB), não quis comentar a retenção feita pelo governo federal de R$ 11,7 milhões de repasses para o Estado, mas criticou os governadores contrários à moratória que se reúnem hoje em São Luís (MA).
Em reunião com com representantes de entidades sindicais do funcionalismo público estadual, no Palácio da Liberdade, Itamar deu a entender que não vai recuar da decisão e manteve o tom crítico ao governo federal. "Não se iludam que nós não teremos essa paz morna da submissão. (...) Não adianta querer criticar, falar que é calote, que é isso, que é aquilo. Nós precisamos de um novo pacto federativo e de um Brasil mais fraterno e com mais justiça social".
Repetiu que não tem recursos para pagar a União e que vai priorizar os compromissos sociais. "Numa linguagem simples, se eu estou devendo R$ 100 ao agiota e, se eu tenho um filho passando fome, doente, eu vou pagar os R$ 100 ao meu filho e digo ao agiota: eu não tenho dinheiro agora, o senhor espera um pouquinho", comparou.
Itamar disse que os governadores que criticam sua decisão de moratória querem "tirar casquinha" para depois conseguir renegociar as dívidas de seus Estados "quebrados".
"Os senhores vão ver agora que Minas vai se aquietar um pouco e vamos ver no que vai dar a reunião deles. Vamos ver se eles vão pedir a renegociação ou não. Vamos ver se os municípios não vão exigir deles a renegociação".
Ontem à tarde, o secretário estadual da Fazenda, Alexandre Dupeyrat, e o vice-governador, Newton Cardoso, disseram que não haviam recebido nenhum comunicado oficial do governo federal sobre o bloqueio do dinheiro.
Dupeyrat, no entanto, disse que haveria "desdobramentos" e que a questão seria tratada "entre chefes de governo".
A Agência Folha apurou que a procuradora-geral do Estado, Mizabel de Abreu Machado Derzi, está preparando uma peça jurídica para justificar a moratória e contestar possíveis retaliações.
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De frente
Itamar respondeu às críticas feitas pelo governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), durante solenidade de posse anteontem.
"Ainda ontem (anteontem) se disse que São Paulo nunca virou as costas para o Brasil. Eu diria que Minas sempre esteve de frente para o Brasil".
Houve críticas também para o governadores Almir Gabriel (PSDB-PA), Roseana Sarney e Anthony Garotinho (PDT-RJ), que criticam a moratória.
O governo de Minas anunciou ontem cortes no custeio da máquina pública, com limitação no uso de carros oficiais e de telefones celulares. O Estado vai fazer ainda um cruzamento das folhas de pagamento dos órgãos da administração direta e indireta.



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