São Paulo, terça, 12 de janeiro de 1999

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Fracassa idéia de negociar

FERNANDO RODRIGUES
da Sucursal de Brasília

O governador Itamar Franco fracassou ontem ao tentar renegociar a dívida externa do Estado. A tentativa foi feita durante a reunião de ontem com o secretário da Fazenda, Alexandre Dupeyrat, e com o representante do banco que liderou o lançamento dos bônus.
Segundo a Folha apurou, Itamar pensava em negociar uma dilatação de prazo ou parcelamento para o pagamento da dívida externa que vence no mês que vem. Foi informado de que isso seria impossível tecnicamente, pela natureza da dívida.
Nem Itamar nem seus assessores sabiam ao certo como era composta a dívida. Suspeitavam de algum favorecimento aos bancos envolvidos. As dúvidas foram dirimidas por Marcos Lederman, diretor do Crédit Agricole Indosuez.
Durante a reunião de ontem, Itamar ficou sabendo que a dívida mineira no exterior não é um tradicional empréstimo bancário, feito junto a um ou dois bancos. Trata-se de um bônus de investimento, que é colocado no mercado e revendido diversas vezes.
O governador mineiro e seu secretário da Fazenda foram informados de que a dívida externa de Minas Gerais, provavelmente, está na mão de cerca de 10 mil investidores. Seria impraticável convocar todos para uma renegociação.
A eventual renegociação da dívida externa, segundo a Folha apurou, era vista por Itamar Franco como uma possível saída política honrosa. Se conseguisse alguma coisa, o governador mineiro poderia alegar que obteve mais compreensão dos credores internacionais do que do governo brasileiro.
Como ficou evidente a inviabilidade de uma renegociação, Itamar e Dupeyrat querem evitar que o governo federal ganhe politicamente com o episódio -pagando a dívida externa mineira com um dinheiro já provisionado em Brasília.
Itamar também tinha dúvidas sobre a forma de lançamento dos bônus. Soube que o processo foi feito por meio de licitação pública e que a operação foi aprovada pela Assembléia de Minas e pelo Senado.
Participaram da operação, além do Crédit Agricole Indosuez, os bancos J.P.Morgan, ING, Bear & Sterns e Matrix.



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