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BNDES
Maleta de militar pode ter feito grampo
Perícia da PF derruba versão de coronel
MÁRIO MAGALHÃES
da Sucursal do Rio
A tecnologia das seis maletas de
escuta telefônica apreendidas no
dia 7 de dezembro com um filho do
tenente-coronel da reserva da Aeronáutica Eudo Santos Costa é
compatível com a técnica que provavelmente foi empregada no
grampo no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
A Folha teve acesso aos primeiros resultados da perícia pedida
pelos delegados Eduardo da Matta
e Roberto Prel no inquérito da Polícia Federal instaurado no Rio depois da apreensão das maletas e de
cerca de 2.000 fitas cassete.
A tecnologia e o objetivo das maletas são diferentes do que Eudo
Costa descreveu. Elas servem para
escuta à distância de telefones fixos, e não para captar conversas de
celular e mensagens de pagers.
Nos grampos realizados com esse método, um aparelho radiotransmissor é instalado na caixa
telefônica na qual estão ligados os
fios de um telefone fixo.
À distância, as maletas recebem
o som, permitindo a gravação das
conversas.
A vantagem é que nenhuma fita
precisa ser buscada e trocada na
caixa telefônica -basta colocar
uma nova na maleta.
A PF acredita que o grampo na
sede do BNDES, no centro do Rio,
tenha sido feito com essa técnica.
Os receptores, que podem ter sido
maletas iguais às do coronel Costa,
teriam ficado num escritório de
um prédio lateral, particular. O
edifício em frente pertence à Petrobrás.
A perícia da PF derruba a versão
do coronel Costa, dono da empresa de segurança eletrônica Air
Phoenix.
Ele afirmou que as maletas serviam para interceptar "cola eletrônica" no vestibular -mensagens
por celular e pagers. Os testes mostraram que isso não é possível.
O coronel Eudo Costa também
depôs em outro inquérito, o que
apura a escuta no BNDES que resultou na queda do presidente do
banco, André Lara Resende, e do
ministro Luiz Carlos Mendonça de
Barros (Comunicações).
Apesar de a tecnologia das maletas da Air Phoenix ser compatível
com a usada na escuta no BNDES,
as fitas não devem servir para esclarecer se o coronel Costa participou do grampo que derrubou
Mendonça de Barros.
A perícia não vai transcrever as
fitas porque a Delegacia de Combate ao Crime Organizado e Inquéritos Especiais não fez esse pedido no questionário padrão. Para
saber quais foram os números interceptados e se mais de um telefone foi grampeado, o material será
enviado para o Instituto Nacional
de Criminalística, em Brasília.
²
Segurança polêmica
Para a Procuradoria da República no Rio, a "falta de segurança"
no armazenamento das fitas ameaça a investigação do grampo no
BNDES, caso as gravações feitas
pela Air Phoenix tenham relação
com a escuta no banco.
As fitas e as maletas estão numa
sala do setor de criminalística, no
terceiro andar da sede da PF no
Rio. "Quando vi como estavam as
fitas fiquei intranquila, a sala não é
um lugar seguro", disse a procuradora Silvana Batini, que acompanha o caso do BNDES com o procurador Artur Gueiros.
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