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SÃO PAULO
Governador teve encontro com mulher de Pitta no Palácio dos Bandeirantes, afirma ex-prefeito
Maluf acusa Covas de influenciar Nicéa
da Reportagem Local
Paulo Maluf (PPB) acusa o governador Mário Covas (PSDB) de
orientar Nicéa Pitta a fazer denúncias contra ele e o prefeito
Celso Pitta (PTN).
""Soube hoje (ontem) que ela esteve com Mário Covas há dez
dias. Ele recomendou que ela fosse ao Ministério Público e que
procurasse uma TV de grande audiência para fazer a denúncia",
afirmou Maluf.
O ex-prefeito descarta processar a primeira-dama da capital:
""Qualquer psiquiatra veria que
ela está sob tratamento médico".
Numa estratégia clara de esquecê-la e polemizar com Covas, o
pepebista diz que, se o governador endossar as acusações, processará o tucano.
Maluf deu a entrevista à Folha
por telefone, de Campos do Jordão. Seguem os principais trechos:
(KENNEDY ALENCAR)
Folha - Na nota divulgada pelo
sr., há a insinuação de que o governador Mário Covas teria instruído Nicéa Pitta a fazer as acusações. O sr. tem prova disso?
Paulo Maluf - Soube que ela esteve com Mário Covas há dez
dias. Ele recomendou que ela fosse ao Ministério Público e que
procurasse uma TV de grande audiência para fazer a denúncia.
Folha - Onde foi o encontro?
Maluf - Quem me contou disse
que a viu entrar na ala residencial
do Palácio dos Bandeirantes. E está evidente, pois ela foi até mal
instrumentalizada. A única pessoa que defendeu foi o Covas, que
quer encobrir os escândalos do filho, Mário Covas Neto, de codinome "Zuzinha". O "Zuzinha"
está envolvido em irregularidades
na Tejofran, empresa do padrinho de casamento dele, e na companhia de habitação do Estado.
Folha - O sr. processará Nicéa?
Maluf - Em primeiro lugar, teria
constrangimento de processar
uma mulher. Mas teria constrangimento maior de processar uma
mulher que qualquer psiquiatra
veria que está sob tratamento médico. Se o Covas assinar em baixo,
vou levá-lo aos tribunais.
Folha - Que razão Nicéa teria
para acusar o próprio marido?
Maluf - Em briga da marido e
mulher, ninguém mete a colher.
Folha - Ela diz que o Pitta herdou do sr. um esquema de compra de vereadores...
Maluf - Como você pode dar
credibilidade a alguém que faz
uma denúncia após oito anos,
sendo que o marido dela participou da minha administração? Por
que não falou antes ou, em 97,
quando disse que soube de tudo?
Folha - Por ordem de Covas ou
não, ela o acusa de corrupção.
Maluf - É tudo mentira. Nunca
esperei um inquérito para demitir. Se uma acusação era publicada num dia, o sujeito já estava no
olho da rua na hora seguinte.
Folha - Nicéa e Pitta o traíram?
Maluf - Ele não traiu a mim.
Não foi eleito para ser leal a mim,
mas aos eleitores. Se o Datafolha,
ao final do mandato, mostrar que
ele não foi um bom prefeito, a
traição terá sido aos eleitores.
Folha - Mas a traição será também ao sr., que o elegeu.
Maluf - Quando o elegi, quis demonstrar que São Paulo é uma
terra maravilhosa e sem preconceito. Elegeu alguém sem prestígio eleitoral, carioca e afro.
Folha - O sr. reatou com Pitta?
Maluf - Estou rompido definitivamente. E a causa do rompimento foi ela (Nicéa), quando disse
que votou no Covas (para governador de São Paulo, em 1998).
Folha - Que culpa o Pitta tem
de a mulher ter votado no Covas
para governador?
Maluf - Foi uma falta de gratidão ilimitada. Se o voto era secreto, até na traição ela podia se calar.
Mas, quando disse que votou no
Covas, de duas, uma: quis me machucar ou prestar vassalagem.
Folha - As acusações da Nicéa
reforçam uma eventual candidatura do sr. a prefeito?
Maluf - Reforçam o medo que o
Covas tem da minha candidatura.
Folha - O sr. será candidato?
Maluf - Isso não está em debate
hoje. Está o medo do Covas, que
explica ele ter ido ontem (anteontem), em mangas de camisa, de
suspensório brega e roupa amarrotada, visitar uma favela. É o medo de o candidato dele (o vice-governador Geraldo Alckmin) não
decolar dos 2% nas pesquisas.
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