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Lula ataca "obsessão eleitoral" cercado por pré-candidatos
Presidente diz que certos políticos tratam pobre como "top model" só em dia de eleição
Evento em Tocantins é marcado por distribuição de 5.000 marmitas; petista diz que que adversários tentam enfraquecê-lo até 2010
LETÍCIA SANDER
ENVIADA A DIANÓPOLIS
Em um discurso cheio de "recados" à oposição, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem durante evento em
Dianópolis (TO) que, até a sua
chegada ao poder, os pobres no
Brasil foram utilizados como
"moeda eleitoral", tratados como "top model" apenas em dia
de eleição e depois esquecidos.
Lula também disse que não
privilegia aliados, enquanto alguns de seus adversários "só
pensam naquilo" - numa referência à sucessão presidencial.
Disse que seus adversários agiram para derrotar a CPMF para
que ele, com menos dinheiro
em caixa, ficasse enfraquecido
e não fizesse sucessor em 2010.
"É assim que funciona a cabeça de algumas pessoas no
Brasil. Só pensam naquilo, só
pensam naquilo, só pensam naquilo. Quanto ao Marcelo [Miranda, governador de Tocantins] e eu, nós temos de pensar
não é em 2010, é no agora".
O presidente falou em tom de
desafio ao negar qualquer tipo
de discriminação aos governadores de partidos adversários:
"Perguntem ao José Serra, do
PSDB, perguntem ao Aécio Neves, do PSDB, perguntem à governadora do estado do Rio
Grande do Sul, Yeda Crusius,
do PSDB (...)", afirmou, citando
mais nomes de oposicionistas.
E acrescentou que "não tem
importância que eles [a oposição] derrubaram a CPMF".
O presidente viajou para o interior de Tocantins para inauguração de uma barragem sobre o rio Manuel Alves e de parte de projeto de irrigação, obras
previstas no PAC (Plano de
Aceleração do Crescimento).
Cercado de prefeitos e políticos da região, ele discorreu sobre programas sociais e afirmou que tais investimentos no
setor causam "revolta" nos adversários.
"Quando eu criei o Bolsa Família, os de cima diziam assim:
isso é esmola, é assistencialismo." Em seguida, acrescentou:
"R$ 90 não vale nada para uma
pessoa que ganha R$ 20 mil por
mês e dá isso de gorjeta depois
que fica bêbado num bar, tomando cerveja. Agora, R$ 90 na
mão de uma mulher que tem
três ou quatro filhos..."
Lula disse que "não tem nada
mais barato no mundo do que a
gente governar para os pobres",
porque eles "querem muito
pouco, não pedem o absurdo".
"Por que eles não fizeram isso?", questionou, referindo-se
à oposição. "Vocês já perceberam que há um único dia em
que um bando de políticos trata
o pobre igual ao rico? Porque
na época da campanha, você
não vê político falando mal de
pobre. Político xinga banqueiro, político xinga empresário,
político xinga todo mundo. Mas
pobre é "meu queridinho" daqui e "meu queridinho" de lá.
Aí, depois que ganha as eleições... É o único dia em que o
pobre vira top model, vira a coisa mais importante, porque o
voto dele vale igual ao voto do
rico", afirmou.
"Só que depois das eleições,
alguns políticos só convidam os
ricos para as suas festas e os pobres ficam esquecidos até as
próximas eleições. É isso que
mudou, no Brasil".
Apesar da ênfase de que sua
preocupação é social, e não
eleitoral, Lula participou do
evento cercado de prefeitos que
disputarão a reeleição, entre
eles o de Dianópolis, José Salomão Jacobina Aires (PT).
O prefeito decretou feriado e
mobilizou ônibus da prefeitura
para levar os moradores até o
evento. Ao fim do ato, foram
distribuídas cerca de 5.000
marmitas com arroz, feijão tropeiro, carne seca e mandioca,
como o prefeito de Dianópolis
disse à Folha anteontem.
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