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Oficiais entram em apartamento para arrolar bens que foram de ACM
Pedido foi feito por filha de ACM que está em litígio com demais herdeiros
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Dois oficiais de Justiça fizeram ontem pela manhã um arrolamento de bens e obras de
arte que integram uma coleção
deixada pelo senador Antonio
Carlos Magalhães (1927-2007).
Acompanhado de policiais
militares, eles recorreram a
dois chaveiros para conseguir
ingressar na cobertura, no centro de Salvador -não havia
ninguém no apartamento.
O pedido de arrolamento foi
feito à Justiça por Teresa Mata
Pires, filha do senador. Uma
das herdeiras de ACM, Teresa
está em litígio com familiares
desde o início do inventário.
Na última quarta, ela pediu
avaliação dos bens. Dois dias
depois, a juíza Fabiana Andréa
Pellegrino, concedeu a liminar.
Em seu despacho, a juíza, que
é casada com o deputado federal Nelson Pellegrino (PT-BA),
concedeu um prazo de 48 horas
para a viúva de ACM, Arlette
Magalhães, 77, prestar as informações requeridas pela filha.
Anteontem, oficiais tentaram
citar a viúva do senador, mas
ela não estava em casa.
Ontem, a juíza autorizou a
entrada dos oficiais. "A velocidade percorrida pela ação foi
espantosa", disse Genaro Oliveira, advogado dos outros herdeiros e da viúva. Ele reconhece
que nem todas as obras de arte
do senador -obras sacras dos
séculos 17 e 18- foram relacionadas no inventário. "Essas
obras requerem um trabalho
muito grande, mas é claro que
serão relacionadas."
Segundo Oliveira, funcionários e três carros da OAS -empresa que tem o marido de Teresa, César Mata Pires, como
um dos sócios- foram postos à
disposição dos oficiais e dos policiais. "O motorista do empreiteiro, inclusive, comprou sanduíches para todos eles", disse.
À noite, o advogado distribuiu uma nota pública sobre o
fato, dizendo que a família "repele o ato brutal e violento".
A Folha telefonou para a
construtora OAS e para a casa
de Teresa. Uma empregada disse que ela não estava e a OAS
informou que somente Mata
Pires poderia se pronunciar -o
empresário não estava na construtora. A juíza Fabiana Andréa também foi procurada,
mas ninguém atendeu às ligações na 14ª Vara de Família.
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