São Paulo, quinta, 12 de março de 1998

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SUCESSÃO
Miguel Arraes, líder do partido, afirma que após convenção do PMDB ficou mais fácil decidir quem apoiar
PSB deve apoiar a candidatura de Lula

FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife


A executiva nacional do PSB pode oficializar ainda hoje, em Brasília, o apoio ao pré-candidato do PT à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o presidente nacional do partido e governador de Pernambuco, Miguel Arraes, a decisão sobre os rumos do PSB nas eleições "ficou mais fácil, porque ninguém pode querer um candidato que não existe".
As opções, disse Arraes, "já eram poucas e ficaram ainda mais reduzidas depois da convenção do PMDB", que decidiu apoiar a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso.
O governador descartou a possibilidade de o PSB lançar candidato próprio à Presidência, alegando que falta estrutura ao partido para conduzir a campanha no país.
Arraes também não acredita numa coligação envolvendo Lula e o pré-candidato do PPS, Ciro Gomes, e não deseja aliar-se ao ex-ministro tucano, por ele não ter optado pelo PSB.
Lula não é o candidato preferido de Arraes, que defendia a escolha de um nome com maior trânsito nos partidos de centro-esquerda.
A posição de Arraes não é unânime no partido. O deputado federal José Pinotti afirmou que pretende discutir na reunião de hoje a possibilidade de lançar a candidatura da ex-prefeita Luiza Erundina.
O deputado estadual paulista Pedro Dallari, que trocou o PT pelo PSB, é reticente quanto à possibilidade de o partido decidir pelo apoio a Lula hoje. "Até o PT adiou a decisão oficial sobre seu candidato. Acho que o PSB deveria refletir mais um pouco", afirmou.
A opinião não é compartilhada com outro deputado estadual paulista do PSB, César Callegari: "Acho que a decisão de apoiar Lula vai ser tomada hoje. É a tendência da maioria da Executiva". Para ele, fechar o apoio é necessário para agilizar as coligações estaduais.

Reeleição
O apoio a Lula, hoje, ocorreria pela falta de opções e da necessidade de o PSB obter o apoio do PT em alguns Estados. "Os nomes precisariam vir depois dos critérios", afirmou Arraes. "O critério de união é o melhor. Não se pode desunir a esquerda, arrebentar a esquerda", disse ele a uma rádio.
Arraes comparou a candidatura de Lula à de Getúlio Vargas, "que surpreendeu ao se eleger com quase 50% do eleitorado, depois de ser derrubado". Ele reafirmou ser contra a reeleição, mas não descartou a possibilidade de tentar um novo mandato no governo -o quarto em sua carreira.


Colaborou a Reportagem Local


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