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CONGRESSO
Estados pressionam por repasses de R$ 5,9 bi; votação deve ser na terça
Governo faz acordo, mas não consegue votar Orçamento
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mesmo após um dia inteiro de
negociações com os governadores e a oposição, o governo não
conseguiu aprovar ontem o Orçamento da União deste ano, que terá o maior atraso desde a promulgação da Constituição de 1988
-excluindo da conta o ano de
1994, atípico em razão do lançamento do Plano Real.
O Planalto só obteve um acordo
preliminar para votar o projeto na
próxima terça-feira, dia 18. Ainda
assim, esse prazo está condicionado à negociação de uma série de
pendências regionais. "Estou pessimista. O PSDB e o PFL já apresentaram mais de 50 questões
[depois do acordo]. Desse jeito,
passaremos o ano sem Orçamento, à base de medidas provisórias", disse o relator do projeto,
deputado Carlito Merrs (PT-SC).
Em encontro com trabalhadores rurais ontem à noite, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
disse que a oposição não aprova o
Orçamento para atingir o governo, que não consegue tocar a área
social como tinha previsto.
"Enquanto não se aprova o Orçamento, os nossos projetos sociais estão sendo prejudicados",
disse o presidente, segundo relato
feito à Folha por participantes.
Sob a pressão dos Estados, de
entidades empresariais e do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a área econômica finalmente concordou ontem
em elevar os repasses aos Estados
como compensação pelo fim do
ICMS sobre as exportações, principal entrave à aprovação.
Antes da concessão, o aliado Renan já havia culpado o governo
pelo atraso no Orçamento: "Isso é
uma coisa absurda, uma demonstração de insensibilidade".
As negociações começaram pela manhã, numa reunião entre
Renan, o secretário-executivo do
Ministério da Fazenda, Bernard
Appy, nove governadores -de
SP, RJ, MG, BA, MT, GO, PA e
CE- e os presidentes da CNI
(Confederação Nacional da Indústria), deputado Armando
Monteiro (PTB-PE), e da Fiesp
(Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf.
Os Estados querem assegurar
no Orçamento R$ 5,2 bilhões,
mesmo valor do ano passado, para cobrir as perdas que alegam ter
com a desoneração das exportações, instituída há dez anos pela
Lei Kandir. A área econômica do
governo argumenta que a arrecadação estadual continua em expansão contínua e só se comprometia a repassar R$ 3,4 bilhões.
Só houve entendimento no início da noite, numa reunião na Fazenda entre o ministro Guido
Mantega, Merrs, o líder do governo no Congresso, Fernando Bezerra (PTB-RN), e o governador
Lúcio Alcântara (PSDB-CE). Ficou acertado que o governo elevará para R$ 3,9 bilhões o repasse
assegurado aos Estados, por meio
de cortes nas despesas de custeio.
O R$ 1,3 bilhão restante ficará
condicionado a eventuais excessos de arrecadação. Será preciso,
para isso, cortar despesas previstas no Orçamento baseadas na
mesma fonte de recursos.
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