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Usineiros apóiam com "moeda de troca visível'
da Reportagem Local
Nesta eleição, os usineiros do
Centro-Sul decidiram adotar o
que chamam de "moeda de troca
visível". Pretendem arregimentar
políticos que considerem sérios,
cujas campanhas serão financiadas dentro de um "jogo aberto".
Desde dezembro último, candidatos à eleição e à reeleição têm
procurado fazer contatos com dirigentes de usinas. Todo mundo
quer dinheiro, e campanha de deputado federal é cara, como admite o presidente de uma grande usina de açúcar e álcool.
A idéia desses empresários é estimular o que chamam de "contrapartida social", levando os parlamentares a "vestir a camisa do setor".
Os usineiros entendem que é
preciso superar a imagem negativa
da atividade e conquistar parlamentares que se identifiquem com
as preocupações da nova geração
empresarial do setor, como a preservação do meio ambiente e a
melhoria da qualidade de vida.
Nas negociações sobre apoio às
eleições, o empresário quer saber
o que o parlamentar vai dar em
troca. Na hora da bola dividida, o
deputado tem que defender o setor, e deve impor ao governo uma
"moeda de troca", no dizer de um
usineiro paulista.
Como exemplo, cita que o parlamentar pode trocar o voto na reforma da previdência pelo apoio à
tese da mistura do álcool ao diesel.
Na entressafra
Os empresários desse segmento
estão trabalhando de forma organizada. É feito um trabalho de
acompanhamento contínuo do
desempenho do parlamentar.
As usinas também costumam
alimentar suas bases por meio de
ajudas diretas aos prefeitos, nos
municípios onde têm influência.
As usinas constroem creches,
doam máquinas e ambulâncias
para as prefeituras. Na época das
eleições, apresentam aos prefeitos
os deputados que vão apoiar, convidando-os a subir juntos no mesmo palanque. É a chamada "dobradinha". Muitas vezes o palanque é montado nas próprias usinas, que contam com um eleitorado considerável.
Esse processo é chamado pelos
usineiros de "conquista mútua" e
funciona principalmente com deputados da mesma base, ou seja,
ligados a regiões produtoras de cana-de-açúcar.
Segundo um usineiro paulista,
uma vez feita a contribuição a um
candidato, o setor não pode deixar
de dar dinheiro na eleição seguinte. Caso contrário, como diz, o
parlamentar vira uma "pedra no
sapato".
Nas eleições de 94, a Copersucar
foi a maior contribuinte do setor
(R$ 2,7 milhões, em bônus), mantendo uma posição tradicional,
pois era a que tinha mais fôlego
num setor em crise.
Calcula-se que a Copersucar respondeu por 60% a 70% da contribuição total do setor sucroalcooleiro na última eleição presidencial. A Refinaria Piedade (da Copersucar) doou R$ 1 milhão, em
bônus, para a campanha de FHC,
que também recebeu apoio de usineiros alagoanos.
(FV)
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