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Centro estudará narcotráfico
do Conselho Editorial
A Cúpula do Chile deve lançar uma nova iniciativa para o
combate ao tráfico de drogas, o
que inclui um centro de estudos na Cidade do Panamá.
Mas não serão meros estudos
acadêmicos: os serviços de inteligência norte-americanos
darão todo o apoio à iniciativa,
aliás uma proposta dos EUA.
A idéia parte de um princípio
que se está tornando consensual no mundo: não foi só a
economia que se globalizou,
mas também o crime organizado, cujo filão mais rentável é
exatamente o narcotráfico.
O combate precisa de esforços que transcendam as fronteiras dos Estados. O narcotráfico "é a ameaça número 1 à
segurança das Américas", diz
Thomas McLarty, representante do presidente Bill Clinton
para as Américas.
O governo brasileiro, que
apóia a iniciativa norte-americana, aplica o raciocínio à violência e à criminalidade nas
grandes cidades do país, em especial no Rio de Janeiro.
Desde antes da posse, o presidente Fernando Henrique
Cardoso vem dizendo que a
violência não começa nem termina nas fronteiras do Rio.
Tem origem no narcotráfico,
um negócio multinacional que
começa nas plantações de coca
na Bolívia e no Peru e termina
nos centros consumidores.
O alcance da iniciativa vai depender da superação das resistências que a maioria dos governos latino-americanos
apresenta. Acham que se trata
de abrir espaço para ampliar a
ingerência norte-americana
em assuntos internos. Por isso,
o esboço do texto pronto para
ser assinado no Chile pelos 34
chefes de Estado/governo da
Alca (Área de Livre Comércio
das Américas) é cauteloso.
Há uma segunda resistência
ao projeto, decorrente do local
em que os EUA sugerem para
instalar o centro. São as dependências da Escola das Américas, um centro de treinamento
para militares latino-americanos que se transformou em escola de torturas e formação de
agentes para o autoritarismo
que marcou a América Latina
nos anos 70 e 80.
O combate à pobreza na
América Latina, que afeta 150
milhões de pessoas, será outro
foco central da Cúpula.
A ênfase será posta na ampliação da disponibilidade de
crédito para micro, pequenas e
médias empresas.
Mas incluirá o polêmico tema da reforma agrária e da entrega de títulos de propriedade
da terra a quem a ocupa.
Sven Sandstrom, funcionário
do Banco Mundial, lembra
que, além dos 150 milhões que
vivem na pobreza, há um contingente semelhante que está
pouco acima da linha de pobreza. São, por isso, "extremamente vulneráveis a qualquer
choque econômico que afete
seu emprego e sua renda".
A educação ganhará ênfase
na Cúpula, por ser tida como o
principal instrumento para
combater a pobreza.
A Cúpula anterior (Miami,
94) já havia incluído entre as
metas a matrícula no primário
de todas as crianças da região
até o ano 2010. E elevar para
75% a porcentagem de alunos
que ingressam no secundário.
(CLÓVIS ROSSI)
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