São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 2008

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Paulinho decide se afastar da presidência do PDT-SP

Reinaldo Nogueira assume cargo; deputado também deixa Executiva Nacional do partido

Vieira da Cunha, presidente interino, diz estar satisfeito porque atitude do colega "preserva a sigla", que foi "sempre marcada pela ética"


ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Suspeito de participação em desvios de empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o deputado Paulo Pereira da Silva (SP), o Paulinho da Força, pediu ontem afastamento da presidência do Diretório Estadual do PDT paulista. Ele também se licenciou do cargo que detém na Executiva Nacional pedetista.
A decisão foi anunciada pelo presidente interino do PDT, deputado Vieira da Cunha (RS). "Nós já esperávamos esse afastamento, sobretudo depois que o Supremo Tribunal Federal abriu inquérito contra o deputado Paulinho", disse. "Não significa que seja culpado. Esperamos que ele prove sua inocência e retorne às suas funções."
Vieira da Cunha afirmou ter ficado satisfeito com a decisão tomada por Paulinho. "Não diria que é um alívio, mas nós estamos satisfeitos. É uma atitude que preserva a nossa sigla. É muito ruim para o PDT conviver com essas manchetes [a respeito do caso BNDES]. Nosso partido sempre foi marcado pela ética", disse ele.
O STF autorizou a abertura de inquérito contra o congressista em 29 de maio. A medida baseou-se nas investigações da Polícia Federal que revelaram esquema de corrupção envolvendo sindicalistas, advogados e prefeituras. No inquérito da PF sobre o caso, o nome de Paulinho foi citado 75 vezes. O Conselho de Ética da Câmara também abriu processo por quebra de decoro contra ele.
Paulinho tem negado participação no esquema do BNDES. Afirma ser vítima de perseguição política. Na carta que entregou para pedir seu afastamento, Paulinho afirma ser alvo de "uma implacável, insidiosa e perversa campanha de desmoralização pública baseada em denúncias falsas".
Ainda na carta, o congressista se comparou ao ex-presidente Getúlio Vargas, que se suicidou em 1954 depois de uma crise envolvendo seu governo. "Nos anos 50, os conservadores, os inimigos do povo e dos trabalhadores tentaram manchar a honra do grande Getúlio Vargas, levando-o ao suicídio."
O atual secretário-geral do PDT em São Paulo, deputado federal Reinaldo Nogueira, vai substituir Paulinho na presidência do partido. Ele disse que o deputado continuará a ser ouvido sobre as decisões em relação às eleições municipais.
Na capital paulista, o PDT se divide entre apoiar o candidato do bloquinho (PDT-PSB-PC do B), deputado Aldo Rebelo (PC do B), ou defender o nome da ex-prefeita Marta Suplicy (PT). "Tem uma porção do partido que quer apoiar Marta", afirmou Reinaldo.
O presidente Vieira da Cunha disse também que há a possibilidade de o partido ter um candidato próprio. Ele afirmou ainda que o nome de Paulinho não está descartado.
O advogado do congressista, Leônidas Scholz, disse ontem que pretende impugnar, na Câmara, o relatório da PF de 89 páginas que tratou da suposta participação do deputado nos fatos investigados pela Operação Santa Tereza. Segundo ele, a PF não tinha atribuição legal para investigar Paulinho.


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