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GOVERNO
FHC deve aguardar o fim do recesso parlamentar para apresentar medida que cria concessões fiscais
MP sobre a Ford só deve sair em agosto
ELIANE CANTANHÊDE
Diretora da Sucursal de Brasília
FLÁVIA DE LEON
da Sucursal de Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso deverá editar somente em agosto uma nova medida provisória determinando concessões fiscais para a instalação de
uma fábrica da Ford na Bahia.
O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA),
não aceitará que o projeto de instalação da montadora em seu Estado seja reduzido.
A Constituição estabelece prazo
de 15 dias úteis para que o presidente se manifeste sobre um projeto aprovado pelo Congresso.
FHC tem, portanto, até o dia 21
de julho para vetar ou sancionar a
lei que prorrogou o prazo do regime automotivo especial para o
Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
O presidente deverá vetar parte
da lei aprovada pelo Congresso,
mas já anunciou que editará uma
MP para garantir incentivos fiscais para a montadora.
A justificativa para que a MP só
seja emitida em agosto é que, se
fosse editada agora, o Congresso
teria de ser convocado extraordinariamente, pois está em recesso
até o mês que vem.
A convocação extraordinária
geraria mais gastos para o governo, que teria de pagar ajuda de
custo aos parlamentares.
Oficial
Para ACM, não interessa qual a
forma que o governo federal adotará para manter a montadora no
Estado, desde que o investimento
não seja arranhado.
A Folha apurou que o senador
aguarda uma manifestação oficial
do presidente sobre a instalação
da Ford na Bahia para revogar a
lei do silêncio auto-imposta por
ACM desde a semana passada.
A decisão de manter a montadora na base eleitoral do maior
aliado do governo no Congresso
foi anunciada na sexta pelo líder
do governo no Congresso, deputado Arthur Virgílio (PSDB-AM).
Na ocasião, Virgílio também
afirmou que a solução para o caso
é apenas "técnica": dependeria de
uma análise, pelo governo, dos
possíveis efeitos no país e nos
acordos com o Mercosul e com a
Organização Mundial do Comércio (leia texto nesta página).
Para ACM, o anúncio feito na
semana passada foi insuficiente:
ele quer ouvir a notícia de FHC.
O pacto do silêncio em vigor na
Bahia fez com que nenhum evento público com a participação de
integrantes da equipe do senador
pefelista fosse marcado para o
fim-de-semana passado.
Mudanças
Segundo a Folha apurou, só
agora o governo percebeu que a
lei aprovada na última semana
antes do recesso parlamentar ampliou os benefícios do próprio regime automotivo para o Norte,
Nordeste e Centro-Oeste.
Ela acabou com a exigência de
performance em exportação e
com o índice de nacionalização
dos produtos, segundo o qual
uma porcentagem dos componentes precisa ser fabricada no
Brasil.
O Ministério da Fazenda estima
que a Ford deixará de recolher R$
700 milhões de impostos federais
por ano quando sua fábrica estiver em pleno funcionamento.
Os cálculos foram feitos com
base nos incentivos oferecidos pela lei que criou regime especial para as montadoras que se instalassem no Norte, Nordeste e Centro-Oeste, cujo prazo foi prorrogado
de dezembro de 1997 para dezembro deste ano a fim de favorecer a
instalação da Ford na Bahia.
Um dos argumentos de ACM e
sua equipe é que a renúncia fiscal
custará R$ 400 milhões, valor próximo dos incentivos concedidos a
montadoras que se instalaram em
Estados do Sul e do Sudeste.
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