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Para presidente do partido, municípios dependem dos Estados
CAMPANHA
Prefeitos do PL rejeitam apoio à candidatura de Lula
FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS
A maioria dos prefeitos do PL
eleitos em 2000 em coligação com
o PT apóia adversários de Lula na
disputa pela Presidência ou evita
declarar voto no petista.
A aliança política heterodoxa
firmada neste ano pelos dois partidos no plano nacional tem antecedentes em 28 municípios brasileiros, dos quais 17 são administrados pelo PL em coligações que
incluem o PT e 11 por petistas que
se elegeram aliados ao PL.
Embora pacífica na maioria dos
casos (ver texto nesta página), a
convivência entre os dois partidos
nas administrações municipais
não foi suficiente para engajar na
campanha de Lula os prefeitos do
PL eleitos em coligação com o PT.
Nas últimas duas semanas, a reportagem da Agência Folha conversou com os 28 prefeitos ou
seus auxiliares diretos e constatou
que, apesar da aliança nacional, os
administradores municipais do
PL que em 2000 se aliaram ao PT
garantem presença no palanque
de Lula somente em Malta (PB) e
Córrego Danta (MG).
Em oito cidades -Jutaí (AM),
Barreirinha (AM), Borba (AM),
Ibiracatu (MG), Jampruca (MG),
Nova Olinda (TO), Igarapé-Açu
(PA) e Remígio (PB)-, os prefeitos do PL se dizem indefinidos em
relação ao candidato que apoiarão para a Presidência.
Em duas -Moema e São Tiago,
ambas em Minas-, se declararam neutros, isto é, não se engajarão em nenhuma campanha. Os
prefeitos de Santa Cruz da Esperança (SP), Peruíbe (SP) e Siriri
(SE) apoiarão Ciro Gomes (PPS).
O de Ipiguá (SP), José Serra
(PSDB). Em Bicas (MG), o prefeito do PL afirmou que escolherá
entre Ciro e Serra. Os 11 prefeitos
petistas eleitos em coligação com
o PL mantêm a fidelidade partidária -todos estão com Lula.
Dependência
O presidente nacional do PL,
deputado federal Valdemar Costa
Neto, minimiza a importância
dos prefeitos em uma eleição nacional e atribui as defecções à dependência dos governadores (ver
texto nesta página).
Dentre esse grupo de prefeitos
do PL, o mais emblemático caso
de dependência é o do prefeito de
Ipiguá (SP), Valter Sanches Feliciano, eleito por uma coligação de
cinco partidos (PL-PT-PFL-PSDB-PMDB).
Para não desagradar os diferentes aliados, o prefeito dividiu seu
grupo político em duas alas: uma
trabalhará para Lula e Maluf (candidato a governador do PPB
apoiado pelo PL em São Paulo) e
outra para Serra e Geraldo Alckmin, que disputa a reeleição.
"Eu vou dar uma força para o
Serra e os meus três vereadores
para o Lula. Meu partido coligou
com o PT, mas tenho compromisso com o doutor Geraldo. Assinei
R$ 1,5 milhão em convênios com
o Estado", declarou.
Em pelo menos um caso, a relação clientelista entre prefeitos e
governadores também proporcionará apoio a Lula entre prefeitos do PL. "Aqui na Paraíba, estamos muito ligados ao governo do
Estado, e o governo vota com Lula", disse o prefeito de Malta, Antonio Fernandes Neto (PL), em
referência à adesão do governador Roberto Paulino (PMDB) à
campanha do petista.
"A verticalização trouxe desconforto para todo lado", queixa-se o prefeito de Barreirinha (AM),
Gilvan Geraldo de Aquino Seixas
(PL), que mantém um petista na
Secretaria do Meio Ambiente,
mas se diz indefinido quanto ao
candidato à Presidência.
Na avaliação do secretário nacional de Assuntos Institucionais
do PT, Vicente Trevas, responsável por acompanhar o trabalho
das administrações municipais, a
reação dos prefeitos ao assédio de
governadores e de deputados que
disputam reeleição é um "comportamento de sobrevivência".
Para ele, haverá uma tendência
de aglutinação em torno da candidatura Lula no segundo turno,
quando já terão ocorrido as eleições proporcionais.
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