São Paulo, segunda-feira, 12 de agosto de 2002

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Para presidente do partido, municípios dependem dos Estados

CAMPANHA

Prefeitos do PL rejeitam apoio à candidatura de Lula

FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

A maioria dos prefeitos do PL eleitos em 2000 em coligação com o PT apóia adversários de Lula na disputa pela Presidência ou evita declarar voto no petista.
A aliança política heterodoxa firmada neste ano pelos dois partidos no plano nacional tem antecedentes em 28 municípios brasileiros, dos quais 17 são administrados pelo PL em coligações que incluem o PT e 11 por petistas que se elegeram aliados ao PL.
Embora pacífica na maioria dos casos (ver texto nesta página), a convivência entre os dois partidos nas administrações municipais não foi suficiente para engajar na campanha de Lula os prefeitos do PL eleitos em coligação com o PT.
Nas últimas duas semanas, a reportagem da Agência Folha conversou com os 28 prefeitos ou seus auxiliares diretos e constatou que, apesar da aliança nacional, os administradores municipais do PL que em 2000 se aliaram ao PT garantem presença no palanque de Lula somente em Malta (PB) e Córrego Danta (MG).
Em oito cidades -Jutaí (AM), Barreirinha (AM), Borba (AM), Ibiracatu (MG), Jampruca (MG), Nova Olinda (TO), Igarapé-Açu (PA) e Remígio (PB)-, os prefeitos do PL se dizem indefinidos em relação ao candidato que apoiarão para a Presidência.
Em duas -Moema e São Tiago, ambas em Minas-, se declararam neutros, isto é, não se engajarão em nenhuma campanha. Os prefeitos de Santa Cruz da Esperança (SP), Peruíbe (SP) e Siriri (SE) apoiarão Ciro Gomes (PPS). O de Ipiguá (SP), José Serra (PSDB). Em Bicas (MG), o prefeito do PL afirmou que escolherá entre Ciro e Serra. Os 11 prefeitos petistas eleitos em coligação com o PL mantêm a fidelidade partidária -todos estão com Lula.

Dependência
O presidente nacional do PL, deputado federal Valdemar Costa Neto, minimiza a importância dos prefeitos em uma eleição nacional e atribui as defecções à dependência dos governadores (ver texto nesta página).
Dentre esse grupo de prefeitos do PL, o mais emblemático caso de dependência é o do prefeito de Ipiguá (SP), Valter Sanches Feliciano, eleito por uma coligação de cinco partidos (PL-PT-PFL-PSDB-PMDB).
Para não desagradar os diferentes aliados, o prefeito dividiu seu grupo político em duas alas: uma trabalhará para Lula e Maluf (candidato a governador do PPB apoiado pelo PL em São Paulo) e outra para Serra e Geraldo Alckmin, que disputa a reeleição.
"Eu vou dar uma força para o Serra e os meus três vereadores para o Lula. Meu partido coligou com o PT, mas tenho compromisso com o doutor Geraldo. Assinei R$ 1,5 milhão em convênios com o Estado", declarou.
Em pelo menos um caso, a relação clientelista entre prefeitos e governadores também proporcionará apoio a Lula entre prefeitos do PL. "Aqui na Paraíba, estamos muito ligados ao governo do Estado, e o governo vota com Lula", disse o prefeito de Malta, Antonio Fernandes Neto (PL), em referência à adesão do governador Roberto Paulino (PMDB) à campanha do petista.
"A verticalização trouxe desconforto para todo lado", queixa-se o prefeito de Barreirinha (AM), Gilvan Geraldo de Aquino Seixas (PL), que mantém um petista na Secretaria do Meio Ambiente, mas se diz indefinido quanto ao candidato à Presidência.
Na avaliação do secretário nacional de Assuntos Institucionais do PT, Vicente Trevas, responsável por acompanhar o trabalho das administrações municipais, a reação dos prefeitos ao assédio de governadores e de deputados que disputam reeleição é um "comportamento de sobrevivência".
Para ele, haverá uma tendência de aglutinação em torno da candidatura Lula no segundo turno, quando já terão ocorrido as eleições proporcionais.


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