São Paulo, segunda-feira, 12 de agosto de 2002

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Ex-senador diz que não houve veto à sua presença e que não compareceu ao comício por vontade própria

CAMPANHA

Freire veta ACM em palanque de Ciro

LUCIO VAZ
ENVIADO ESPECIAL A PETROLINA (PE)

O presidente nacional do PPS, senador Roberto Freire (PE), vetou a participação do ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) no comício do candidato a presidente da Frente Trabalhista, Ciro Gomes (PPS-PTB-PDT), em Petrolina, anteontem à noite.
Também foi cancelada uma caminhada que Ciro faria em Juazeiro (BA), localizada no outro lado do rio São Francisco.
Freire, que no início resistiu ao apoio do PFL a Ciro, afirmou que o veto foi uma resposta à "agressão" de ACM ao PPS da Bahia durante a visita do candidato ao Estado a convite dos pefelistas. Na oportunidade, o ex-senador disse que o PPS local chegaria em uma Kombi ao hotel onde estava Ciro.
"Ele não queira se intrometer no nosso palanque. É evidente que seria intromissão. Eu não me intrometi no [palanque" dele", disse Freire antes do comício.
O presidente do PPS afirmou reconhecer que o processo de adesão de setores do PFL tem importância eleitoral para Ciro, mas acrescentou que em alguns Estados, como a Bahia, essas adesões exigem um processo de acomodação política complexo.
"Ele [ACM" tem que saber que vai apoiar Ciro no seu palanque e nós, do PPS, vamos apoiá-lo no nosso", completou.
Ontem, ACM negou o veto. "Nunca houve veto. Nem eu aceito veto. Não é minha terra, por isso não fui." Segundo ACM, ele mesmo cancelou a caminhada em Juazeiro. "Não quis que ele [Ciro" fosse a Juazeiro para não atrapalhar a festa de Petrolina."
O prefeito de Petrolina, Fernando Bezerra Coelho (PPS), que organizou o comício para Ciro, disse que foi procurado pelo deputado Jorge Curi (PFL-BA) para fazer uma carreata em Juazeiro. Mas eles concluíram que não haveria tempo, porque Ciro chegaria às 18h, para fazer um comício às 21h. Ficou acertado, então, que haveria apenas uma caminhada, suspensa depois.
O comício de Petrolina foi uma festa pluripartidária. No palanque, Coelho pediu votos para Ciro, para candidatos do PPS e para o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), que apóia o tucano José Serra, mas abriu o palanque do partido no Estado. Compareceram ao evento três prefeitos pertencentes ao PMDB, um filiado ao PFL e um do PSB.

Ataque
Após o comício, Ciro acusou o publicitário Duda Mendonça, que coordena a propaganda do petista Luiz Inácio Lula da Silva, de ter tentado montar um ato de entidades do movimento negro contra a sua candidatura.
A denúncia foi feita a Ciro pelo líder do Centro de Estudos e Pesquisas Mário Gusmão, de Salvador, Zulu Araújo, 50, um militante do PPS. Ele diz ter sido procurado por assessores do publicitário interessados em organizar um ato de repúdio às declarações feitas por Ciro em palestra na Universidade de Brasília (UnB) ocorrida na última semana.
Na UnB, Ciro impediu que um estudante negro usasse o microfone para contestar uma resposta sua sobre a política de reserva de cotas em entidades de ensino superior. O candidato argumentou que ele não poderia usar o microfone apenas porque era negro, já que nenhuma outra pessoa tivera essa oportunidade.
Após ouvir a denúncia de Araújo, Ciro atacou o publicitário: "Foi uma molecagem do Duda Mendonça, tentando instrumentalizar uma coisa que é muito séria, muito grave, muito respeitável, como é a questão do negro no Brasil, para fins de futrica eleitoral. Comigo ele levará na canela".
Duda disse ontem que não conhece representantes do movimento negro da Bahia nem Araújo. "Acho que o candidato Ciro Gomes, antes de sair por aí agredindo as pessoas, deveria procurar primeiro ter certeza de suas acusações", afirmou o publicitário por meio de sua assessoria. Duda disse ainda que tomou conhecimento do caso ocorrido na UnB pelos jornais.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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