|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Com as caras pintadas, 5.000 pessoas fazem o "enterro" do ex-presidente em Maceió
Estudantes realizam protesto contra Collor
RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS
Cerca de 5.000 estudantes secundaristas e universitários protestaram ontem pela manhã na
orla marítima de Maceió (AL)
contra a volta do ex-presidente
Fernando Collor de Mello, do
PRTB. Collor disputa o governo
do Estado com o apoio da Frente
Popular Trabalhista, que inclui
também PPS, PTB, PPB e PFL.
Com as caras pintadas, um caixão simbolizando o enterro de
Collor e portando faixas com frases do tipo "não melle seu voto",
"câncer de Collor mata" e "cadeia
nelle", os estudantes fizeram uma
caminhada e cruzaram, em frente
ao comitê de campanha do ex-presidente, com cerca de 300 estudantes pró-Collor, recrutados para fazer frente à manifestação. O
número dos participantes foi estimado pela Polícia Militar alagoana, que não registrou incidentes.
A manifestação contra o ex-presidente foi organizada por estudantes ligados a partidos de esquerda e entidades sociais que
criaram o "Movimento Carapintadas", que vem fazendo piquetes
e panfletagem anti-Collor em escolas e universidades de Alagoas.
Eles usam como mote um dos
símbolos do processo de impeachment que culminou com a
renúncia de Collor em 1992: os
protestos dos "carapintadas". O
hoje candidato do PRTB renunciou em meio a acusações de que
ele e seu ex-tesoureiro, Paulo César Farias, morto em 1996, comandavam um esquema de corrupção. Condenado pelo Senado
a oito anos de inelegibilidade por
crime de responsabilidade, ele recorreu da decisão ao Supremo
Tribunal Federal, que manteve a
condenação no dia 16 de dezembro de 1993. Em 12 de dezembro
de 1994, o STF o absolveu, por falta de provas, da acusação de crime comum (corrupção passiva).
No protesto de ontem, candidatos ligados à principal chapa de
oposição a Collor, a do governador Ronaldo Lessa (PSB), foram
vistos entre os manifestantes.
Collor não estava em Maceió e
não quis comentar a manifestação. Ele passou a manhã de ontem
visitando povoados de Arapiraca
(AL). Segundo seus assessores,
sua posição é a de que o movimento não tem legitimidade nem
seria espontâneo, já que integrantes das candidaturas adversárias
estariam por trás da articulação.
Na semana passada, estudantes
simpáticos a Collor acusaram a
campanha de Lessa de estar pagando R$ 30, transporte e alimentação para cada estudante que
participasse da manifestação. A
assessoria de Lessa negou.
Segundo pesquisas encomendadas pelos candidatos de Alagoas, Collor estaria liderando a
disputa. Ontem, ele faltou ao primeiro debate entre os candidatos,
realizado pela "TV Pajuçara", retransmissora do SBT no Estado.
Na ocasião, Lessa fez várias críticas a Collor, chamando o ex-presidente de "candidato fujão".
Essa será a primeira disputa
eleitoral de Collor desde 1992,
quando renunciou à Presidência
no dia 29 de dezembro. Na época,
o Senado o proibiu de exercer
funções públicas por oito anos.
Ele tentou disputar o Palácio do
Planalto em 1998, mas foi impedido pelo STF em 8 de setembro. O
mesmo ocorreu quando tentou
concorrer à Prefeitura de São
Paulo, em 2000. Mas, como nessa
eleição a decisão só saiu no dia 28
de setembro, não houve tempo de
retirar o nome de Collor das urnas
eletrônicas, já lacradas. Em 1º de
outubro, teve apenas 16.364 votos
(0,3%), os quais foram anulados.
Texto Anterior: Freire veta ACM em palanque de Ciro Próximo Texto: No Escurinho do Cinema: FHC vê "Cidade de Deus", mas não fala de eleição Índice
|