São Paulo, segunda-feira, 12 de agosto de 2002

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Com as caras pintadas, 5.000 pessoas fazem o "enterro" do ex-presidente em Maceió

Estudantes realizam protesto contra Collor

RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS

Cerca de 5.000 estudantes secundaristas e universitários protestaram ontem pela manhã na orla marítima de Maceió (AL) contra a volta do ex-presidente Fernando Collor de Mello, do PRTB. Collor disputa o governo do Estado com o apoio da Frente Popular Trabalhista, que inclui também PPS, PTB, PPB e PFL.
Com as caras pintadas, um caixão simbolizando o enterro de Collor e portando faixas com frases do tipo "não melle seu voto", "câncer de Collor mata" e "cadeia nelle", os estudantes fizeram uma caminhada e cruzaram, em frente ao comitê de campanha do ex-presidente, com cerca de 300 estudantes pró-Collor, recrutados para fazer frente à manifestação. O número dos participantes foi estimado pela Polícia Militar alagoana, que não registrou incidentes.
A manifestação contra o ex-presidente foi organizada por estudantes ligados a partidos de esquerda e entidades sociais que criaram o "Movimento Carapintadas", que vem fazendo piquetes e panfletagem anti-Collor em escolas e universidades de Alagoas.
Eles usam como mote um dos símbolos do processo de impeachment que culminou com a renúncia de Collor em 1992: os protestos dos "carapintadas". O hoje candidato do PRTB renunciou em meio a acusações de que ele e seu ex-tesoureiro, Paulo César Farias, morto em 1996, comandavam um esquema de corrupção. Condenado pelo Senado a oito anos de inelegibilidade por crime de responsabilidade, ele recorreu da decisão ao Supremo Tribunal Federal, que manteve a condenação no dia 16 de dezembro de 1993. Em 12 de dezembro de 1994, o STF o absolveu, por falta de provas, da acusação de crime comum (corrupção passiva).
No protesto de ontem, candidatos ligados à principal chapa de oposição a Collor, a do governador Ronaldo Lessa (PSB), foram vistos entre os manifestantes.
Collor não estava em Maceió e não quis comentar a manifestação. Ele passou a manhã de ontem visitando povoados de Arapiraca (AL). Segundo seus assessores, sua posição é a de que o movimento não tem legitimidade nem seria espontâneo, já que integrantes das candidaturas adversárias estariam por trás da articulação.
Na semana passada, estudantes simpáticos a Collor acusaram a campanha de Lessa de estar pagando R$ 30, transporte e alimentação para cada estudante que participasse da manifestação. A assessoria de Lessa negou.
Segundo pesquisas encomendadas pelos candidatos de Alagoas, Collor estaria liderando a disputa. Ontem, ele faltou ao primeiro debate entre os candidatos, realizado pela "TV Pajuçara", retransmissora do SBT no Estado. Na ocasião, Lessa fez várias críticas a Collor, chamando o ex-presidente de "candidato fujão".
Essa será a primeira disputa eleitoral de Collor desde 1992, quando renunciou à Presidência no dia 29 de dezembro. Na época, o Senado o proibiu de exercer funções públicas por oito anos.
Ele tentou disputar o Palácio do Planalto em 1998, mas foi impedido pelo STF em 8 de setembro. O mesmo ocorreu quando tentou concorrer à Prefeitura de São Paulo, em 2000. Mas, como nessa eleição a decisão só saiu no dia 28 de setembro, não houve tempo de retirar o nome de Collor das urnas eletrônicas, já lacradas. Em 1º de outubro, teve apenas 16.364 votos (0,3%), os quais foram anulados.


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