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São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 2003

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REFORMA SOB PRESSÃO

Relator elogia proposta, rejeitada pelo líder do governo

Base de Lula se divide sobre partilha da CPMF com Estados

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

O governo marcou para esta quinta-feira a apresentação do relatório final da reforma tributária, mas declarações desencontradas ao longo do dia de ontem indicaram que sua base e os líderes no Congresso ainda não definiram o texto a ser votado nem o discurso para defendê-lo.
Em reserva, governistas admitiram que falta uma orientação mais clara do Planalto sobre o formato final do projeto -sabe-se que haverá alterações no texto original, mas não quais e por quê.
Em público, a confusão mais evidente foi em relação à demanda dos governadores pela partilha da CPMF, ou CMF, a contribuição permanente incidente sobre os débitos em conta corrente instituída pela reforma.
O líder do governo na Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), foi enfático ao rejeitar a proposta. "O governo não considera em nenhuma hipótese a partilha da CPMF." Já o relator da comissão especial da Câmara que analisa o projeto, Virgílio Guimarães (PT-MG), fez elogios à alternativa sugerida na última sexta pelos governadores -repassar aos Estados a arrecadação futura do tributo que superar os R$ 24 bilhões previstos para este ano.
"É uma proposta patriótica, porque concilia a repartição de receitas e o equilíbrio fiscal."
Informado de que o governo havia rejeitado a divisão da CPMF, afirmou: "Sou a favor da partilha e do equilíbrio fiscal. Se não der para compatibilizar as duas, fico com o equilíbrio fiscal".
O relator tratou a data de apresentação do texto final com muito menos convicção que o líder do governo. "Gostaria que fosse na quinta, mas não quero ficar falando em datas."
A conclusão dos trabalhos da comissão vem sendo sucessivamente adiada nas últimas semanas, por motivos que unem a falta de um consenso em torno do projeto e a necessidade de priorizar a reforma da Previdência.
Não por acaso, os governistas preferem não se aventurar a dizer como ficará a versão definitiva do relatório de Guimarães, que ontem falou em alterar pontos centrais do projeto original enviado ao Congresso pelo Planalto.
Exemplos: mudar gradualmente a repartição das receitas do ICMS, de forma a privilegiar os Estados onde os produtos são consumidos; alterar a tributação do petróleo e da energia elétrica, beneficiando, também com prazo de transição, os Estados produtores; e adiar o fim dos benefícios para a atração de empresas.
Todas essas propostas, que dividem governadores das diversas regiões, constavam do primeiro relatório preliminar divulgado por Guimarães. Na segunda versão, foram todas retiradas, o que tornou o texto mais condizente com o espírito do projeto original -evitar polêmicas que atrasem a tramitação do projeto.


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