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REFORMA SOB PRESSÃO
Relator elogia proposta, rejeitada pelo líder do governo
Base de Lula se divide sobre partilha da CPMF com Estados
GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
O governo marcou para esta
quinta-feira a apresentação do relatório final da reforma tributária,
mas declarações desencontradas
ao longo do dia de ontem indicaram que sua base e os líderes no
Congresso ainda não definiram o
texto a ser votado nem o discurso
para defendê-lo.
Em reserva, governistas admitiram que falta uma orientação
mais clara do Planalto sobre o formato final do projeto -sabe-se
que haverá alterações no texto
original, mas não quais e por quê.
Em público, a confusão mais
evidente foi em relação à demanda dos governadores pela partilha
da CPMF, ou CMF, a contribuição
permanente incidente sobre os
débitos em conta corrente instituída pela reforma.
O líder do governo na Câmara,
Aldo Rebelo (PC do B-SP), foi enfático ao rejeitar a proposta. "O
governo não considera em nenhuma hipótese a partilha da
CPMF." Já o relator da comissão
especial da Câmara que analisa o
projeto, Virgílio Guimarães (PT-MG), fez elogios à alternativa sugerida na última sexta pelos governadores -repassar aos Estados a arrecadação futura do tributo que superar os R$ 24 bilhões
previstos para este ano.
"É uma proposta patriótica,
porque concilia a repartição de receitas e o equilíbrio fiscal."
Informado de que o governo
havia rejeitado a divisão da
CPMF, afirmou: "Sou a favor da
partilha e do equilíbrio fiscal. Se
não der para compatibilizar as
duas, fico com o equilíbrio fiscal".
O relator tratou a data de apresentação do texto final com muito
menos convicção que o líder do
governo. "Gostaria que fosse na
quinta, mas não quero ficar falando em datas."
A conclusão dos trabalhos da
comissão vem sendo sucessivamente adiada nas últimas semanas, por motivos que unem a falta
de um consenso em torno do projeto e a necessidade de priorizar a
reforma da Previdência.
Não por acaso, os governistas
preferem não se aventurar a dizer
como ficará a versão definitiva do
relatório de Guimarães, que ontem falou em alterar pontos centrais do projeto original enviado
ao Congresso pelo Planalto.
Exemplos: mudar gradualmente a repartição das receitas do
ICMS, de forma a privilegiar os
Estados onde os produtos são
consumidos; alterar a tributação
do petróleo e da energia elétrica,
beneficiando, também com prazo
de transição, os Estados produtores; e adiar o fim dos benefícios
para a atração de empresas.
Todas essas propostas, que dividem governadores das diversas
regiões, constavam do primeiro
relatório preliminar divulgado
por Guimarães. Na segunda versão, foram todas retiradas, o que
tornou o texto mais condizente
com o espírito do projeto original
-evitar polêmicas que atrasem a
tramitação do projeto.
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