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São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 2003

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Reforma é "meia-sola" e aumentará carga tributária, afirma Bornhausen

Sergio Lima - 18.jun.2002/Folha Imagem
Senador Jorge Bornhausen, presidente nacional do PFL, sai de uma reunião da executiva do partido


DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O líder do PFL na Câmara, deputado José Carlos Aleluia (BA), disse que governadores e prefeitos "vão se transformar em pedintes" se o governo conseguir aprovar o projeto de reforma tributária sem alterações. A proposta, segundo ele, daria ao governo federal a chance de centralizar o controle sobre as alíquotas dos impostos estaduais.
"O governo quer tirar o poder dos Estados de tributar", afirmou Aleluia, que participou ontem de uma reunião nacional do partido, em Curitiba (PR), para preparar a legenda às eleições municipais do próximo ano.
O presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), classificou a proposta de reforma tributária de "meia-sola".
"Ela [proposta] só vai aumentar a carga tributária", afirmou, durante entrevista. Bornhausen deu um exemplo citando a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).
Ele acredita que a alíquota não será reduzida, a partir do ano que vem, de 0,38% para 0,08%, conforme aprovado pelo Congresso no final de 2002. Segundo o senador, o próprio texto da reforma indica essa tendência.
"Ao apresentar na reforma tributária a CPMF como CMF [Contribuição sobre Movimentação Financeira], fixando a alíquota-teto em 0,38%, o governo dá uma demonstração inequívoca de que irá manter o 0,38%", afirmou Bornhausen.
Para Aleluia, a aprovação da reforma tributária que o governo deseja deve elevar a carga tributária de 38% para 41% do PIB (Produto Interno Bruto -indicador que mede tudo o que é produzido no país).

ICMS
Pelo projeto de reforma tributária, o governo propõe também a fixação de cinco alíquotas para o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Hoje, a responsabilidade de definir o percentual cabe aos Estados. Mas, pela proposta, essa tarefa passaria ao Confaz (Conselho de Política Fazendária), formado pelos secretários estaduais da Fazenda.
Bornhausen defende que o foro adequado para definir as alíquotas seja o Senado.
"No Confaz, um secretário da Fazenda vai dizer que o óleo diesel em seu Estado é tributado em 12%. Chega outro secretário e revela que o produto tem alíquota de 17%. É claro que diante dessas diferenças tudo será nivelado por cima e o contribuinte será penalizado. Por isso, acho que o Senado tem condições melhores de definir as alíquotas que serão aplicadas", afirmou.
O senador disse ainda que o PFL está defendendo que a CMF seja abatida no Imposto de Renda.
"A cada final de ano, os bancos forneceriam para cada correntista a quantia de CMF descontada, e os valores poderiam ser abatidos na declaração do IR", declarou o senador.
Bornhausen afirmou que a proposta penaliza automaticamente aqueles não pagam imposto de renda e poderia ser mais um instrumento para que a Receita Federal cruze dados a fim de buscar sonegadores.


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