|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
JANIO DE FREITAS
Os privilegiados
As "reformas" de Luiz
Inácio Lula da Silva são as
privatizações de Fernando Henrique Cardoso. Nada resolvem
em troca do que agravam, para
muita gente e para o país.
As privatizações merecem hoje o consenso de que agravaram
as dificuldades econômicas da
população, com os brutais aumentos de preços e tarifas e com
o acréscimo que têm feito ao desemprego. A "reforma" previdenciária de Lula provoca aposentadorias antecipadas no nível mais qualificado do serviço
público, desestimula a restauração dos combalidos quadros
científicos e técnicos do Estado e
tudo o que consegue, com a redução de 11% em aposentadorias atuais, é economizar uma
importância que nada significa
no governo: estimada em R$ 1,1
bi, se chegar a tanto, que nada
mais é do que R$ 91,6 milhões
por mês. Ou seja, menos do que
o lucro de um único banco graúdo, um só, em 21 dias úteis. Muito, muito menos do que os mal
conhecidos gastos da Presidência da República com as verbas
de representação, as viagens
propagandísticas e as mordomias ilimitadas.
Para dar um toque a mais de
brasilidade nesta "reforma",
com a qual o governo Lula se
disse investindo contra "os privilegiados" do serviço público,
sua aprovação é feita por ninguém menos do que os maiores
privilegiados do país. Ninguém
ganha mais, relativamente, do
que os deputados federais. Votações? Só na quarta-feira, porque segunda, terça, quinta e sexta são dias também úteis só para o restante da população. Férias? Três meses, quer dizer, um
quarto do ano, antes idênticas
às férias escolares, agora maiores. Apartamento, auxílio moradia, contas de telefones, combustível, passagens aéreas semanais, assessores e "assessores"
em Brasília e nos respectivos Estados e - já que se fala de Previdência - a menor exigência
de tempo de serviço (?) para obter a mais sorridente aposentadoria. Sem contar as nomeações
para parentes e cabos-eleitorais,
que continuam sendo, também
no governo Lula, o argumento
convincente para obter apoio
parlamentar.
No Judiciário há corruptos, incompetentes, irresponsáveis,
preguiçosos, tal como no jornalismo, entre advogados e médicos, nas Forças Armadas, na
hierarquia das igrejas. Mas a regra geral não é essa no Judiciário nem no serviço público em
geral, a não ser na ótica preconceituosa e ondeira da imprensa
brasileira. O mesmo não se pode
dizer de bem uns dois terços da
Câmara, o que lhe daria a autoridade moral necessária para
falar de privilégios no Judiciário
e em qualquer outro setor do Estado.
Texto Anterior: Fundo fará repasses a cidades, afirma Aécio Próximo Texto: Fogo amigo: Itamar cobra de Lula mudanças de "rumo" Índice
|